Capítulo 1- O Médico

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Charles Hillstone, ou Dr. Hill, como preferia ser chamado, está no trem indo para sua casa na rua Baker, 252. Ele lembra o porquê de ter se mudado para lá: era apaixonado pelos livros de Sir Arthur Conan Doyle e se mudou para a mesma casa que Sherlock Holmes morava nos livros.

Um estalo no trem e o barulho do vapor o tiram de seus pensamentos e, em meio a toda agitação, Charles vê um homem que lhe chama a atenção. Era loiro, de olhos azuis e usava um sobretudo preto.
- Parece um alemão, não é!?- diz uma mulher do lado dele. - Se for nós devíamos matá-lo agora!
Charles a ignora completamente e continua olhando o rapaz que não parecia ter mais de 23 anos. O trem para duas estações antes da que o Dr. Hill desceria e o rapaz desce. Em um impulso Charles desce do trem e caminha atrás do suposto alemão. O rapaz chega a um prédio, mas antes de entrar Charles se apressa e fala:
- Ei! Você pode abrir pra mim? Esqueci minha chave...
O rapaz assente com a cabeça e abre a porta de acesso para o apartamento. Os dois sobem as escadas juntos e param no sexto andar.
- Você não é mudo, é!? - pergunta Charles.
O rapaz o ignora e entra em seu apartamento. Charles age em um impulso e acerta a cabeça do rapaz com um pequeno abajur que estava numa mesa perto da porta. O rapaz cai no chão desmaiado e Hillstone puxa o corpo para dentro do apartamento fechando a porta.
O apartamento estava repleto de bandeiras nazistas e havia, também, algumas armas.
Pouco tempo se passa até que o rapaz acorde.
- Nazista, não é!?- diz Charles - Sabe, estamos em guerra contra eles... e eu mesmo posso matar você. Mas nossos ideais não são diferentes, eu também sou superior aos out...
- Superior!? - debocha o rapaz - Você não tem sangue ariano! Você é um lixo! Escória!
Hillstone apenas pega uma pequena faca e faz um corte na bochecha esquerda do rapaz que estava amarrado numa cadeira.
- Você vai me matar mesmo, seu imundo? - zomba o rapaz.
- Muito bem, "Fritz", eu não vou matar você. Até porque você já está morto. Eu só vou cortar a sua carne fora.
- Seu idiota! Meu nome não é Fritz!.
- Então me fale qual o seu nome.
- Tom.
- Que original...- disse enquanto procurava um bisturi na sua maleta - Aqui está! - disse puxando o bisturi para perto.
- Ei, ei, ei... nã...
Antes que o rapaz pudesse gritar, Charles já havia enfiado o bisturi na boca dele e cortado a língua que sangrava bastante.
- É melhor não se mexer, Tom. - disse em um tom acolhedor. - Você acredita em Deus, Tom?
O rapaz, trêmulo, balança a cabeça em afirmação.
- Então você vai encontrar ele em breve.
Charles abre a camisa de Tom com o bisturi e pega uma agulha com linha. Faz um corte horizontal no abdômen, não muito profundo, mas de forma que lhe dava acesso aos órgãos internos da barriga. Nesse momento um pequeno rato aparece na mesa do apartamento.
- Tive uma ótima idéia... - diz Charles.

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