Te Hara Tuarua

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Avareza é o apego excessivo e descontrolado pelos bens materiais e pelo dinheiro, priorizando-os e deixando Deus em segundo plano. É considerado o pecado mais tolo por se firmar em possibilidades. Na concepção cristã, a avareza é considerada um dos sete pecados capitais, pois o avarento prefere os bens materiais ao convívio com Deus. Neste sentido, o pecado da avareza conduz à idolatria, que significa tratar algo, que não é Deus, como se fosse Deus.

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Na Jaemin

- Nono? - Chamei meu marido, mas ouvi apenas gritos do segundo andar. Ele estava novamente trazendo seu trabalho para dentro de casa, o que eu já tinha pedido para o mesmo não fazer.

Eu não tenho nenhum problema com o trabalho de Jeno, ele gostava do que fazia, o grande problema é que ele fazia de modo sujo.

Lee Jeno, mais conhecido apenas como Jeno, é o CEO de uma das maiores empresas de cosméticos da Coreia, tendo parceria com várias marcas de roupas e agências de modelos. A empresa foi herdada de seu pai, um homem admirável que possuía um grande coração. Meu sogro fundou aquela empresa com sangue, suor e lágrima, sempre sendo justo e honesto. Infelizmente o Lee mais velho acabou falecendo tem 2 anos, desde então Jeno ficou responsável pela empresa.

Na época, eu e Jeno tínhamos 3 meses de casados, e obviamente eu o apoiei totalmente em sua jornada como CEO. Isso até eu descobrir que o mesmo estava desviando dinheiro das empresas que tinha parceira, e que também estava deixando de pagar corretamente seus funcionários. Ele conseguia escapar porque não trabalhava sozinho, e com um pouco de manipulação, suborno e algumas mortes, todas as pistas que o entregavam sumiam em um passe de mágica. Esse era o motivo de todas as nossas brigas.

Soltei um suspiro longo e me sentei no sofá o esperando sair do escritório. Fechei os olhos e massageei minhas têmporas, sentindo que logo uma enxaqueca iria começar.

- Amor? - Ouvi a voz do meu marido no começo das escadas - Chegou cedo do trabalho - Falou vindo em minha direção.

O mesmo parou atrás do sofá e colocou suas mãos em meus ombros, se curvou com a intenção de deixar um selar em minha bochecha, mas eu me esquivei antes. Tirei suas mãos de meus ombros e me levantei saindo da sala e indo para cozinha. Ouvi seu suspiro longo e seus passos me seguindo.

- O que foi dessa vez, Jaemin? - Exclamou parando na entrada da cozinha e se apoiando no balcão.

- Você me ama? - Perguntei me virando e olhando no fundo dos seus olhos.

- Que pergunta é essa? É lógico que amo - Se aproximou estendendo seus braços para me abraçar - Que foi, bebê? Você tá se sentindo inseguro hoje?

- Sai Jeno, eu estou falando sério - Afastei seus braços e o encarei sério - Você me ama?

- Eu também estou falando sério, Jaemin, eu te amo.

- Se você me ama mesmo, abdique seu cargo como CEO - Ao ouvir minhas palavras, o semblante de Jeno mudou completamente, ficou mais sombrio.

- Como é que é?

- Abdique seu cargo como CEO.

- Eu não vou fazer isso, Jaemin - Ri em escárnio e neguei com a cabeça.

- É claro que não, você da mais importância para essa merda de dinheiro sujo.

- Dinheiro sujo que bota comida na mesa e te dá do bom e do melhor - Falou enfurecido.

- Eu não pedi em nenhum momento pra você me dar essas coisas caras. E se você faz tanta questão, eu devolvo tudo.

- Eu não quero que você devolva, eu quero que você pare de implicar tanto com o meu trabalho. Eu só trabalho naquela empresa porque quero te dar tudo o que você merece, quero te levar a todos os lugares que você quer conhecer.

- Eu não quero conhecer lugar nenhum se for com esse dinheiro sujo de merda - Gritei e o empurrei.

- O que tem de tão errado assim, hein? É só dinheiro, dinheiro como de qualquer pessoa - Gritou de volta.

- Não é só dinheiro, Jeno. É dinheiro roubado de outras pessoas, é dinheiro tirado a força de pessoas que trabalharam arduamente para ganhar. É dinheiro sujo de sangue, sangue das pessoas que se recusaram a fazer o que você quer. Não é apenas dinheiro, são vidas que foram tiradas por você - O tom da minha voz foi aumentando a cada palavra dita por mim.

- Como você sabe disso? - Sussurrou com a voz carregada de ódio e com o olhar sombrio, eu nunca tinha visto esse lado do meu marido.

- Não é culpa minha que você continua trazendo assuntos do trabalho para dentro de casa, mesmo após eu dizer que não era pra fazer - Falei erguendo meu nariz e o olhando com superioridade.

- Desde quando você sabe? - Ele se aproximou e me prensou entre o seu corpo e a pia, assim deixando seus dois braços apoiados no móvel, cada um de um lado o meu corpo.

- Faz alguns meses - Sussurrei.

- E por que não chamou a polícia?

- Porque eu pensei que você mudaria, eu pensei que pudesse te convencer a fazer o certo, como o seu pai.

A cada frase dita, eu me sentia cada vez mais impotente, eu me sentia pequeno, eu me sentia intimidado. Eu estava com medo, medo do Jeno.

- Você tem razão - Ele sorriu docemente para mim - Eu vou ser igual ao meu pai, eu vou mudar.

- O que? - Murmurei confuso.

- Eu vou mudar, meu amor. Você confia em mim, não é?

- C-confio - Sussurrei incerto.

- Jaemin, você confia em mim? - Ele falou com uma voz mais autoritária.

- Eu confio em você, Jeno - Falei mais alto.

- Então se você confia no seu marido, você não irá chamar a polícia, não é? - Falou acariciando meu rosto.

- N-não, eu não irei chamar a polícia. Eu confio em você - Vi meu marido dar um sorriso e se afastar de mim.

Me virei de costas para si, fechei meus olhos e suspirei em alivio. Quando abri meus olhos novamente, vi que algo estava faltando.
Parecia que o tempo estava em câmera lenta, minha respiração ficou mais pesada e minha mãos começaram a tremer. O medo que havia deixado meu corpo por alguns segundos, havia voltado dez vezes mais forte. Meus olhos começaram a ficar marejados e meu corpo ficou petrificado. A cada batida acelerada do meu coração, minha mente ficava mais nublada e apenas uma frase aparecia. Eu tentava mover meus lábios e falar aquela frase, mas eu não conseguia, eu não conseguia fazer ou dizer nada, eu apenas olhava fixamente para o lugar vazio na pia que eu tinha certeza que estava sendo ocupado por algo antes. Eu tinha que falar aquela frase, pode ser tola em comparado a situação que eu me encontrava, mas eu tinha que tentar.

Ao sentir a lamina da faca em meu pescoço, eu prendi minha respiração e as lágrimas finalmente escorreram pelo meu rosto. Senti sua respiração bater contra a minha orelha e seu tórax em contato firme contra as minhas costas. E a frase ficou presa em minha garganta.

Por favor, não me mate.

- Sabe, Jaemin - Sussurrou contra o meu ouvido - Você sempre foi um péssimo mentiroso.

Eu deveria ter chamado a polícia quando tive chance. Eu não deveria ter confiado em Jeno, ao ponto de achar que ele um dia mudaria. Eu não deveria ter amado demais, enquanto ele amava de menos.

Agora é tarde.

Kaiapo - NominOnde histórias criam vida. Descubra agora