Pearl

II

Moro somente com a minha mãe, meus pais são divorciados . Eu estava fazendo mais uma de minhas tarefas diárias. Me cansei de tantas tralhas inúteis no meu quarto, só me davam mais trabalho para arruma-lo.
Começo a mexer em uma das caixinhas que costumo guardar coisas que nunca olharei na vida, mas como eu estava fazendo uma limpeza profunda, resolvi vasculhar .
Encontro algumas cartas de Ton, que ele havia me entregado no ensino médio, eu nunca as joguei fora, eu gostava de guardar essas lembranças.
Junto com as cartas haviam algumas anotações em alguns papéis de agenda , me surpreendi com oque eu vi.

"Você é a minha teoria, o meu Big Bang"

Ok, talvez eu fosse um pouco nerd e bem constrangedora no ensino médio.
Mas logo abaixo, haviam mensagens não só minhas, mas também de Ton.

"Eu amo você, e você sempre será o meu amor"

Claro, bem típico de adolescentes apaixonados do ensino médio, mas tive sensações estranhas, como se aquilo havia mexido comigo.
Peguei o celular para mandar uma mensagem para Ton, eu queria que ele soubesse oque eu encontrei.

- Ei, menino. Não sabe oque eu encontrei! - A mensagem não chegou, droga! Me lembrei que ele havia me avisado que ficaria sem rede social. E agora? Eu poderia chamá-lo no Facebook, mas eu estava com preguiça , e também, não queria tocar neste assunto, eu não queria demonstrar que estava incomodada.

Minha única opção foi rasgar os papéis e colocá-los no lixo.
Passou-se algumas horas quando finalmente terminei a minha faxina, entro em minha rede social e me deparo com um status do Ton, ele estava postando que retornou . Minha mensagem ainda não havia chegado para ele, e nem chegaria. Achei muita coincidência do destino, então, resolvi mandar outra.

- Ei, garoto? - Foi apenas um teste para saber se a mensagem iria, e foi. Logo vejo que ele estava digitando

- Olá, guria! Quanto tempo, não? -
- Sim, muito tempo! Não sabe oque eu encontrei. - Respondo entusiasmada , mas um pouco preocupada. Eu não sabia qual seria a reação dele quando eu dissesse OQUE eu encontrei, afinal, já havia anos, e eu não tratei ele bem da última vez que conversamos.

- O quê? - Ele retruca
- Uma conversa de nós dois em papéis de agenda.
- Jura? Me mostre.
- Infelizmente eu joguei fora, te mandei mensagem mais cedo, mas lembrei que você estava sem rede social, não sabia que voltaria hoje mesmo. - A essa altura o caminhão de lixo já havia levado tudo, não havia como eu mostrar a ele nossa conversa.

- Poxa! Mas tudo bem, eu me lembro dessas nossas conversas na sua agenda!

Confesso que fiquei um tanto surpresa ao ler aquilo, e já que ele havia reagido bem, resolvi contar sobre as cartas também .

- É um pouco estranho eu dizer isso, mas também encontrei as cartas que você me entregou no ensino médio. - Neste momento senti vibrações estranhas, eu não queria ter dito aquilo mas já era tarde demais para voltar atrás.

Observo então ele digitando, mas logo para. Em seguida, volta a digitar novamente, percebo que ele está escrevendo e apagando.

- Nossa, sério... Por que guardou elas por tanto tempo? - Ele responde.

Não foi bem a resposta que eu esperava, mas eu não poderia exigir outra coisa.

- Não sei.
- Eu já teria jogado fora!

Ao ler isso, eu fiquei sem reação, meu entusiasmo acabou e senti algo que eu não sentia há muito tempo, decepção. Criei uma expectativa de que ele reagiria bem mas claro que não, afinal, quem guardaria uma carta de um amor do ensino médio que nem sequer deu certo? Eu sou completamente louca.
Penso em ficar Offline, quando vejo que ele está digitando outra mensagem.

- Haha! Eu estou curioso agora, leia as cartas, se for muito vergonhoso, não me manda .

Eu já havia lido, pra falar a verdade. Eu deveria achar estúpido tudo oque ele escreveu, mas ao contrário, achei super fofo.

- Não tem nada de vergonhoso! Irei te mandar fotos. - Envio a resposta para ele e vou depressa pegar as cartas, fotografei cada uma e enviei para ele .