The Cause is Park Jimin

197 31 42
                                    

Algumas coisas têm tendência a mudar e outras não, o tempo entra como um fator de ajustes e de calmaria, paciência e experiência. Talvez, por isso devemos respeitar os mais velhos e tratá-los bem, afinal temos muito o que aprender com eles. Analisar um ser humano com experiências o suficiente para ensinar e cuidar de um que não tem nada e que precisa de proteção é um assunto delicado e complexo se formos parar para pensar, não é? Você não acha? Jimin e eu vivemos entrando nesse tipo de assunto, e é tão bom ver o mundo com seus olhos...

Enfim, que iniciemos esse clichê logo. Bom, tudo começou no Ensino Médio, quando o meu mundo estava praticamente desabando. Foi um período muito difícil para mim, pois eram mudanças tão intensas não só em mim, na minha personalidade, no meu ser, mas ao meu redor. Entrar para o Ensino Médio é um caminho de construção intensa para a vida lá fora, para a vida adulta.

Mas, como sou eu, 'né, acabei me perdendo nesse caminho.

Os dias eram monótonos, eu ia para a escola por ir, olhava aquela gente abraçada pela falsidade e pensava se, futuramente, eles estariam em algum lugar comigo. Que nem todos ali, teriam um futuro de sucesso; seria apenas uma vida comum dentre muitas outras. Não que isso seja ruim, não que a minha própria vida não seja comum também, mas as pessoas pensam diferente e nem todos pensam nisso. Mas tudo bem, retornando ao Jeon do passado, as recuperações vieram com tudo e, sinceramente, eu não queria fazer as provas, não queria entregar trabalhos e apresentá-los, não queria fazer mais nada que envolvesse o termo escola e Ensino Médio. Porém, um ser humaninho cuja personalidade era solidária e bondosa ㅡ e ainda é ㅡ, apareceu sem mais nem menos na minha vida. Ele literalmente quebrou todos os tijolos do meu muro e arrombou a porta trancada a sete chaves. É, esse aí é o Park, o insuportável que via felicidade em tudo no meio daquela tempestade que me cercava pelas salas de aula.

ㅡ Sabe, Jungkook-ah, claramente você gosta de preto, mas não seria melhor, sei lá, usar pelo menos uma regata? Ah, e preta! ㅡ Encarei o loiro, respirando fundo enquanto pensava porque ele insistia tanto em manter contato comigo desde o dia em que nos esbarramos e o meu leite de banana foi 'pro saco.

ㅡ Sabe, Jimin-ah... ㅡ Usei o mesmo tom de voz e jeito de chamar, apoiando a cabeça na mão e o cotovelo na mesa, olhando para si e prosseguindo a minha fala: ㅡ Se isso tudo for pelo leite de banana que, literalmente, foi parar no lixo, 'tá tudo bem. Não precisa forçar a barra por algo que aconteceu no passado, já foi. Então, não precisa fazer tudo... tudo isso ㅡ dei ênfase no "isso" ㅡ, por mim, ok?

Até hoje, eu analiso muito bem essa cena. Acho que eu fui um pouco arrogante, entretanto, na época, eu senti como se ele estivesse falando comigo por obrigação, apenas por causa do incidente do leite de banana. Eu era um pouco babaca, talvez muito, nessa época. Talvez, ainda seja, não sei.

A verdade é que, de alguma forma, após o incidente de termos nos esbarrado naquele dia, Jimin me percebeu na multidão dos estudantes. Poderia ter sido qualquer um, mas naquela época, ele quis enxergar somente a mim e a coisas boas. E, sei lá, é estranho como as relações entre as pessoas se desenvolvem ao longo de um determinado período de tempo, sendo para mais íntimo ou não.

Eu acabei me acostumando com o jeitinho otimista do Park com o tempo. Todos os dias, ele vinha todo tagarela nos intervalos, já que somos de salas e anos diferentes, contando sobre suas aventuras e experiências vividas e as que quer viver ainda. O tom de voz animado e feliz, cheio de esperança no meio daquele caos que a gente chama de escola e que destrói algumas vidas, como a minha, por exemplo que estava sendo destruída, mas foi impedida por um loirinho extravagante do terceiro ano.

No meio daquele ano, eu já havia aceitado como Park Jimin era e que ele não sairia do meu pé um segundo sequer, só quando se formasse. Aulas eram cabuladas para ficarmos juntos fazendo absolutamente nada, apenas ouvindo tudo o que ele tinha a dizer e, principalmente, seus puxões de orelha por eu estar matando aula para ficar com ele.

EuphoriaOnde histórias criam vida. Descubra agora