Prólogo

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Tarde de inverno, ruas cheias de pessoas atordoadas e eu. Não é uma combinação muito boa, mas é necessária, infelizmente. A calçada parecia um formigueiro, algumas pessoas até se agrediam verbalmente para passarem mais rápido, é repugnante. No meio dessa bagunça toda, tem uma pessoa não muito preocupada com presentes e enfeites de natal, na verdade, sua única preocupação é pagar a conta atrasada.
Tornar-se adulto parecia legal, antes de realmente me tornar um.
- Mamãe, papai. Compre aquela boneca pra mim por favor!.
Frases como essa são minha única fonte de felicidade por ser mais velho, tudo uma grande decepção.
Paciência hoje é uma dádiva, mas como não tenho e nem vou ter, a única coisa que me resta é atropelar todos como um louco.
Começo a andar mais rápido, e com isso, acabo esbarrando em algumas pessoas, mas uma em especial chamou a minha atenção. Uma mulher quase que transparente de tão branca, seus lábios eram cor coral e os olhos cor de mel. Seu cabelo, ou melhor, seu cotoco de cabelo era lindo, uma cor acobreada com mechas louras, uma deusa. A encarei por alguns segundos, quase por um minuto, e ela me encarou de volta. Um olhar fuzilante, como se quisesse me torturar, foi tenso.
-Hey Jonh! Uma voz aveludada gritou -Quanto tempo, você mudou tanto, já não tem aqueles olhos azuis e nem o cabelo claro, o que aconteceu?
Era Jannet, minha prima de segundo grau, uma bela moça negra de cabelos enrolados.
-Oi Jannet, realmente muito tempo mesmo, nem sei o que aconteceu para meu cabelo e meus olhos escurecerem, talvez seja a idade.
-Não duvido que seja isso.
Ela solta um riso melodioso. - Bom, que tal comermos alguma coisa?
Tirei os olhos de Jannet e procurei esperançoso pela moça do olhar mortal, mas minhas esperanças logo se quebraram em milhões de pedaços ao não ve-la ali.
-Desculpe prima, talvez alguma outra hora. Tenho que pagar algumas contas atrasadas.
Eu realmente fiquei frustrado ao não ver a deusa acobreada, queria ir pra casa o mais rápido possível.
-Sem problemas, eu posso acompanha-lo
-Tudo bem.
Respondi em um tom meio seco.

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Algumas horas se passaram e Jannet ainda estava comigo, eu também já havia me consolado com a perda da bela ruiva.
-Jonh, vou dormir na sua casa hoje
-Anh? Não tem colchão pra você lá em casa.
-Não tem problema nenhum.
Que diabos essa menina tá pensando? A reencontrei hoje e ela já quer dormir lá em casa, não tem espaço e eu também não tenho paciência.
-Tenho uma surpresa pra você, primo.
Estou com um péssimo pressentimento, mas se eu falar algo agora vou acabar gritando e isso não seria legal.
-Vou poder dormir na sua casa?
Jannet insistia, e a minha única opção foi falar
-Tudo bem, pode dormir lá.
Ela soltou um grito de entusiasmo, aposto que se eu olhasse em seus olhos, eles estariam  brilhando.

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