CAPÍTULO 1

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Há poucos dias, meu pai disse que eu teria que me casar com um de seus sócios, tudo via contrato. Eu não teria que fazer nada que eu não quisesse fazer. Era apenas fachada. Iriamos morar juntos, dormir em quartos separados e cada um viveria sua vida. Eu já o havia visto de longe. Nunca trocamos uma única palavra. 

Há uns 10 anos, ele havia se casado, ela era uma bela mulher, do tipo que estava sempre sorrindo, falando com todo mundo e sempre sendo o centro das atenções. Na época eu tinha apenas 20 anos e não prestava muito a atenção nas pessoas ao meu redor e essas são as poucas coisas das quais me lembro. 

Há cinco anos, ambos sofreram um acidente de carro, onde morreu ela e o filho de apenas dois anos, foi onde ele ficou acabado e quase falido. A esposa estava esperando seu segundo filho. Imagino a dor que ele sentiu. Hoje ele anda com dificuldade em uma das penas. Mas é um homem comum, como qualquer outro. 

Me lembro que ele é alto, cabelos curtos, sem barba, pele morena, olhos castanhos e covinhas quando sorri. 

O casamento que papai pro prós a ele, foi por ele estar falindo, assim, unir as empresas e ambos virarem sócios. Ele não me tocaria, e jamais me forcaria a nada. Seriamos como colegas de quarto dividindo uma casa. 

Nesse momento, estou à frente ao espelho, passando meu batom, esperando papai me chamar para fazermos o melhor casamento de quintal. E ai, ai sim, começaríamos o circo. 

Papai bate na porta, me levanto e ele diz o quanto estou bonita. 

Tenho 32 anos, e jamais pensei que aceitaria esse papel de casa-me numa farsa. Não que eu sonhasse em casar-me com o príncipe encantado. Sempre tive dedo podre para homens. Todos sempre se faziam de bons moços, e no final, eu sempre era a tola apaixonada e enganada. Homens e suas mentiras. 

A arrumação do lado de fora estava linda. Evitei olhar para as pessoas ao meu redor. Evitei olhar até para ele. Ele ao contrário de mim, encarava-me de cima abaixo. Daria tudo para ouvir seus pensamentos. 

Seu terno parecia ser de cetim, bem leve, bem feito e negro. Seu sapato reluzia na luz do sol. Estava bem arrumado. 

Seus ombros eram largas, seu cabelo bem arrumado, rosto sério, não havia sorriso por nenhum segundo. Ele não era bonito para os homens de cinema, ele tinha uma beleza comum, mas não era algo para mim ficar pensando, afinal, era tudo fachada, jamais o amararia, ou jamais receberia o seu amor. 

Sempre fui muito sonhadora com essa coisa de amor e sempre acabo de dando mau. Então é bom, eu me acostumar e continuar afirmando a mim mesma de que isto aqui, não é real. 

Então. Segurei a mão dele. Olhei em seus olhos castanhos e disse sim. 

Então, já estava feito. Estava casada. 


APRENDENDO A TE AMARWhere stories live. Discover now