Capítulo 1

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- Paradas, soltem tudo, é a polícia! - o barulho daquela porta se batendo contra a parede me trouxe a realidade, foi empurrada com uma brutalidade tão tremenda que fez com que estremecesse até mesmo a maca aonde a cliente se encontrava deitada.

Minhas pernas tremiam, minha visão estava turva e eu só conseguia encarar a direção da porta enquanto eles entravam todos armados e devidamente uniformizados de polícia da civil. Aquilo parecia um pesadelo, na real parecia cena de filme e um misto de sensações se passavam em minha cabeça enquanto eu os encarava com o olhar frio e sem sentimentos.
Meu celular não parava de vibrar em meu bolso, eu havia dito a Rayane que estava com o pressentimento ruim, sabia que algo aconteceria, e com toda certeza ela está estranhando meu sumiço repentino.

Fecho meus olhos buscando manter a calma e então os abro novamente, viro lentamente meu rosto em direção a Juliana a vendo pálida e trêmula também, nossa troca de olhares só dizia uma coisa "ferrou! Rodamos, perdemos, estamos presas"
Não demorou muito e os policiais trouxeram Dayse até a sala, eu apenas a fitava sem conseguir dizer nada enquanto elas eram massacradas durante todas as perguntas que eram feitas.

- E tu menina? Qual teu nome? Quanto tu ganha aqui por cada procedimento desse?. - saí do meu transe ao ouvir as palavras do delegado direcionadas a mim, a dureza carregada em sua voz misturada com o deboche me fizeram estremecer. - responde porra!.

- A..Ana Clara.- foi tudo que consegui dizer, estava trêmula e muito assustada para conseguir falar qualquer coisa.

- Ela não recebe nada, ela é só uma menina, é a primeira vez ela aqui, ela não tem culpa. - Juliana falou de forma assustada e medonha, podia ouvir o rastro de choro em sua voz, eu nunca a vi chorar e aquilo seria com certeza uma coisa muito triste.

Apenas a fitei como quem a agradecesse em mente, não que ela estivesse mentindo por completo, eu realmente não sabia de nada que se passava ali, mas já havia ajudado outras vezes, e claro que eu tinha participação nos lucros, ninguém trabalha de graça.

Não demorou muito e o delegado pediu que Juliana finalizasse o procedimento na frente deles, as policiais femininas até então esquecidas por nós ficaram responsáveis por fazer a guarda enquanto Juliana finalizava o procedimento. Mais que rápido me prontifiquei em encher as seringas para que ela pudesse assim finalizar, um dos delegados que aparentemente era mais tranquilo que o primeiro pediu para que eu mantesse a calma e me retirasse da sala e foi o que fiz, ou ao menos tentei.
Ao passar pela porta uma das policiais femininas uma loira me olhou com desdém e então estendeu sua mão em minha direção.

- pode me entregar seu celular. - ela disse é eu apenas concordei o retirando do bolso e colocando sobre a mão da mesma que debochou em seguida.

- Esteticistas que atendem em casa e ainda tem cachorro, isso aqui parece um açougue. - a fitei com raiva, minha vontade era de pular no pescoço dela.

- Não! Os cachorros não entravam aqui, elas tem o local aonde ficam quando o procedimento está a ser realizado, tudo sempre foi bem limpo. - quando vi já tinha falado, e ela rapidamente me fuzilou com o olhar em resposta, com toda certeza ela me fuzilaria com sua arma se tivesse permissão! Ridícula.

Reviro os olhos e então saio da sala com destino a cozinha, aonde Dayse se encontrava completamente descontraída conversando com os policiais, a fitei e pude ver medo em seu olhar, mesmo com a máscara de destemida, eu a conhecia bem o suficiente para saber que seu olhar nunca mais seria o mesmo. A verdade nua e crua, é que nossas vidas nunca mais serão as mesmas depois do dia de hoje.

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⏰ Última atualização: Mar 24, 2020 ⏰

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