CLÁSSICO BAILE DE NATAL

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🎄1857 🎄

A mãe lhe importunava com regras de etiqueta, como comportar-se em um baile, mas ela já sabia como uma dama da alta sociedade deveria se portar e não ligava nem um pouco para essas baboseiras. Na concepção de Dominique, tudo não passava de um leilão, como se todas as moças solteiras não passassem de prêmios, onde homens - a maioria deles autoritários - escolheriam suas esposas pela quantia de um farto dote. E assim essas mulheres viveriam o restos de suas vidas entulhando armários com toalhas bordadas e procriando até produzirem herdeiros homens, e o ciclo continuaria. 

É claro que ela não podia compartilhar seus pensamentos com as outras pessoas, uma dama jamais discutiria isso com alguém e por mais que fosse um dos maiores desejos dela, a mãe não permitiria tal ato. Na verdade, a Duquesa Catarina nem imagina que a filha tenha conhecimentos sobre assuntos impróprios. E não importava muito, afinal, ela não falava muito sobre isso com Dominique, "aquele assunto" só seria discutido no dia anterior do casamento da menina. 

Dominique era muito nova para casar, ora, ela tinha 17 anos! Alem disso, casar era o ultimo item da sua lista de prioridades.

🎄✨🌌

Ela vestia um vestido azul pastel com bordados em dourado. Era o mais bonito dos vestidos e para sua infelicidade, o mais desconfortável. Mal conseguia relaxar a postura, pois o espartilho a mantinha com as costas retas e os ombros tensos. Era véspera de Natal e Dominique encontrava-se em uma conversa tediosa com a Senhora Vegas e Theodor no tradicional baile da família Albuquerque. A mulher falava da vida de suas filhas, que sua caçula havia casado-se com um Conde rico na temporada passada, até ousou fazer um comentário "discreto" que Dominique já estava na hora de arranjar um marido, e de relance olhou para o garoto ao seu lado. Ela apenas fingiu demência e sorrio docemente. 

- Adoraríamos passar mais tempo conversando com a senhora, mas infelizmente a senhorita Dominique não esta sentindo-se bem, acho melhor leva-la para tomar um ar fresco. 

Sem que pudesse despedir-se da Senhora Vegas, Theodor a conduziu para fora. Em parte ela ficou aliviada por não precisar conversar com as pessoas - seu rosto estava dolorido de tanto forçar sorrisos - por outro lado, estava sozinha com Theodor. Ela ainda lembrava que há quatro anos atrás, o garoto tentara agarra-la sob um visco de natal. 

Fora uma experiencia traumatizante e vergonhosa para ela. Quando conseguira se desvencilhar do libertinozinho - já que na época era um projeto de homem - Dominique acertou-lhe uma joelhada bem naquele lugar. E por algum fator que não sabia explicar, acabou acertando não o menino, mas o finado S.r Albuquerque, avô de Theodor. Fora realmente um Natal e tanto. 

Não percebeu que encarava Theodor até que ele estivesse bem perto e aproximando a mão de seu rosto com os olhos fixos...no seu cabelo? 

- Não mexa-se. Ele falou baixinho. 

Era apenas uma aranha. APENAS UMA ARANHA? A menina sentiu aquele tanto de patas andar pelo seu cabelo e entrou em desespero,
sacudindo-se e gritando enquanto Theodor gargalhava de sua situação. Ele segurava a aranha nas mãos com a mesma naturalidade que Dominique segurava um filhote de gatinho. 

- O que? Ela perguntou confusa e processando o que estava acontecendo. 

- Desculpe se Samanta a assustou, senhorita Dominique. Ela adora passar a noite no jardim. 

Ótimo, além de libertino desde os catorze anos, ele também era maluco. 

- Eu não sou maluco, muitas pessoas possuem aranhas de estimação e sobre ser libertino, já lhe disse que eu era um adolescente... acalorado e acabei entendendo a situação erroneamente. Quantas vezes terei de pedir perdão? 

- Seis vezes. 

Ele apenas encarou a menina perplexo, pensou por alguns segundos e ja estava desculpando-se quando ela o interrompeu. Respirou fundo e resolveu encerrar aquela situação. Era Natal, tempo de amor, nascimento de cristo, união e etc. 

- Bem, acredito que sejam águas passadas. Podemos recomeçar a nossa amizade de uma forma melhor, não podemos? 

Ela estendeu a mão como se estivesse firmando um acordo. Ele apertou com firmeza e ela também. E todas as estrelas no céu incendiaram com o começo de algo que nem mesmo eles entendiam.

🥀belaisa

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