Conto Um - Centro Das Atenções

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Conto Um - Centro das atenções

A música tocava alto demais. Nunca gostei de som alto, de festas, de dançar, de bagunça, de barulho, de sair, mas, aquela noite, a cada segundo que passava valia mais a pena. Eu já não ligava mais pro cheiro de álcool que exalava de alguns dos meus colegas, a música eletrônica não me dava mais dor de cabeça. Eu não tinha mais vontade de sair correndo. Eu só a via de longe, dançando como se não houvesse amanhã, como se não houvesse ninguém por perto, só ela e a música.

Eu amava como ela não se importava. Amava como ela não aceitava um "não", como aquele que eu disse quando ela tentou me convencer de ir a festa, obviamente não funcionou, agora eu estava lá, gravando cada passo que ela dava, cada vez que ela tirava os fios de cabelo que caiam no seu rosto, cada risada lançada na minha direção e todas as vezes que cansava de dançar, pegava um drink, respirava fundo e me beijava antes de voltar para a pista de dança. Refiz todos esses momentos milhões de vezes na minha mente quando aquela noite acabou.

O que eu temia finalmente aconteceu, ela quis me puxar para a pista de dança. Certo dia eu havia dito que nada me fazia dançar, ela disse que duvidava e escolheu aquela noite para mostrar que estava certa. Eu amava quando ela fazia questão de provar algo que falou. Eu não tinha como dizer não, ela não aceitava um não. Era difícil recusar aqueles olhos castanhos, que mesmo já exaustos de tanto dançar, beber, suar e conter resíduos de maquiagem borrada, chamava-me atenção mais do que qualquer outra coisa naquela noite.

Ainda daria pra resistir se eu só a olhasse de longe, porém, quando ela chegava perto e eu sentia seu perfume e via seu vestido e batom vermelho, ficava difícil. Por que não? Por que não sentir o corpo dela perto do meu enquanto as luzes piscavam e alguma música que eu não conhecia tocava bastante alto?
Nós não ligávamos para o que as pessoas iriam falar. Eu não tinha tempo para me arrepender ou lamentar por nunca ter feito uma aula de dança e estar completamente sem ritmo ao lado dela, naquela noite, ela que era o centro das atenções. Da minha atenção. De toda a minha atenção. Ficaria na pista de dança com ela até que todos fossem embora, não nos importávamos. Não precisávamos ser comuns, só precisávamos nos arriscar. Poderíamos juntos esquecer todos os problemas. Eu poderia até esquecer o meu nome enquanto ela entrelaçava os seus braços no meu pescoço e eu os meus em sua cintura. O DJ deciciu trocar o eletrônico por uma música romântica e dançávamos lentamente. E eu não me importava com que as pessoas diziam, nos apaixonávamos enquanto a música tocava alto. Naquela noite cometeríamos nossos melhores erros, não havia ninguém nos impedindo, não nos importávamos com o que diziam.

Ela era os únicos lábios que eu queria naquela noite, o único cheiro que eu queria que chegasse ao meu olfato, as únicas mãos que eu queria segurar, a única cintura que eu puxaria para perto, o único sorriso que eu queria ouvir, ver. Só a queria como centro da minha atenção naquela noite.

Inspirado em Life Of The Party de Shawn Mendes.

Uma Pausa Pro RomanceOnde histórias criam vida. Descubra agora