Olmo e Papoula | Trolls

Give it Up

       Ainda hoje, lembrar do momento em que eu e Poppy cantamos naquela panela, faz meu coração pular um batimento. Meu rosto se tinge de escarlate e tudo que penso é a voz de minha amada se misturando com a minha. 

        Todavia, isso já faz tempo. Muita coisa aconteceu desde então. Descobrimos uma espécie prima dos bergens, um travesseiro escolheu a mim e Poppy, salvei Poppy quando ela se pôs em perigo para me fazer um bolo da minha infância, minha gema floresceu… E cantamos. Muito. Quando nossas vozes sooam juntas, fazem nossos corpos serem dominados pela melodia, aqual percorre nossos corações trazendo uma sensação mágica. Alegria? Excitação? Paz? Poder? Amor? Denominar esse sentimento me parece errado; uma palavra terrena é incapaz de expressar. Só sei, que assim que se inicia, não posso parar esse sentimento.

        Quando ela entra em meu campo de visão comigo despreparado, a surpresa se parece com um tiro que atinge meu ventre e acorda instintos arcaicos. Ela é tão linda e amável, quero tomá-la em meus braços, marcá-la e declarar que é minha. Ah! O amor cresce dentro de meu peito a cada dia, e no entanto…

        "… Como sua Rainha, e sua amiga".

        Poppy parece me ver apenas como amigo. True Colors… Suponho que ela estivesse apenas cantando a música. Ela se apropriou do meu coração, mas não parece nem perceber, nem se importar. Toda oportunidade, Dia do Abraço, festas que exigem par… Eu me esforço ao máximo para estar perto dela, para poder demonstrar meu amor e saber se sou correspondido. E nunca consigo uma resposta. E isso… Está me corroendo. Eu já me declarei novamente dezenas de vezes. E ela responde que também me ama e segue o dia como se nada tivesse acontecido. Bem, de fato, Poppy diz "eu amo" para muitas coisas. Cupcakes, feriados, glitter, enfeites e… Para absolutamente todos seus amigos. Ela parece simplesmente não entender!

        Eu estava plenamente disposto a permanecer calmo e esperar que nossa história se desenrolasse em seu devido tempo, não importando quão doloroso isso seja. Aí Eles chegaram; um atrás do outro. Creek e Arsher. Não tem existência mais asquerosa do que Creek, e ele não desistiu de Poppy. E parece mais incontrolável agora que ela é Rainha. Se esforça para conseguir tempos a sós com ela e para tocá-la "acidentalmente". E o pior é que Poppy não é boa em suspeitar das intenções de alguém, o que me força a estar sempre alerta com esse meditador. Mas Arsher… Ele redescobriu o significado de "lar" quando Poppy o acolheu como troll honorário. Está aprendendo como ser feliz sem destruir a alegria dos outros. De tempo em tempo faz besteira e Poppy sempre está lá para o ensinar a ser um troll melhor. E ele aprecia a amizade com a Rainha com todo seu ser.

        Eu e Arsher… Somos iguais. E Poppy nos vê da mesma forma. Ela diz que somos melhores amigos… E pelo que ouvi, fez uma canção pra ele sobre serem melhores amigos. Suponho que na minha vida… Só fui especial para a Vovó. O resto dos trolls… Vão sempre olhar pra mim e ver algum ser incivilizado que nunca será… Nunca será escolhido.

        Eu não suportaria ver Poppy com outro troll. Acho que voltaria a me isolar. Ah! O que estou dizendo? Não posso desistir de ser feliz! Teria, então, de me mudar. Mas… Será mesmo que eu seria feliz longe de Poppy? Tenho certeza de que isso não é saudável… Eu não deveria depender dela. Deveria desapegar, passar pra próxima. Talvez aquela troll rosa-bebê com cabelos vinho, a Sépala Neon*. Já percebi seus olhares apeixonados sobre mim. Ela é, tenho que admitir, muito linda. Fofa, simultaneamente sexy. Também se saiu bem no show de talentos da Vila e ajuda os trolls. Mas… Eu amo a Poppy. Argh! Por quê eu tive de me apaixonar?!

  — BRANCH! BRANCH! BRANCH! — A voz de Poppy me trouxe de volta à realidade. Olhei para o relógio no criado mudo. 23h?! Eu estava sentado na cama, com a toalha envolta na cintura e a escova no colo, olhando pro nada faziam mais de 40 minutos!