Capítulo Único

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Presentinho de natal dedicado às minhas lindas a Nathymakis e sabrinavilanova, que me fizeram considerar esse shipp tão fofo e maravilhoso. Dedico esse presente também a AliceHAlamo, por ter me inspirado principalmente depois de ler "Sua Garota" escrita por ela. 

Então, obrigada por serem as mulheres da minha vida e sempre me motivarem direta ou indiretamente com suas histórias. Vocês são incríveis e merecem o mundo, minhas rainhas. 

Feliz natal! 

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Ochaco abria tranquilamente a porta da cabine do banheiro, sem se dar conta da desgraça que a esperava. Um balde posto em cima da cabine fora colocado de forma a cair assim que a pessoa dentro abrisse a porta para sair, e a jovem Uraraka não havia percebido. 

O banho foi inevitável, surpreendendo a garota e irritando-a em demasia. Rosnou levemente, encarando suas "amigas" que haviam preparado aquela emboscada. Formavam um grupo de cinco e estavam na porta principal do local, impedindo a entrada de qualquer um que pudesse vir ajudá-la. Era a sua semana então — seria também a última, pois estava farta.  

Sem pensar e rápida como um raio, Ochaco avançou para cima da líder, agarrando-lhe o pescoço com vontade. Nenhuma das outras ousou se mexer, não quando sabiam que a baixinha invocada era capaz de imobilizar até mesmo um bronco como Bakugou – Uraraka havia feito essa pequena demonstração ainda no fundamental secundário, quando o garotinho explosivo meteu-se a besta com uma das suas "amigas", fazendo-a chorar com suas palavras desprovidas de sentimento humano. 

Sabendo disso, as outras apenas observaram a cena, imobilizadas pelo medo. Ochaco não ia machucar a líder, pois não se igualaria ao nível baixo dela e de suas seguidoras. Mas estava cansada, e precisava aproveitar aquela oportunidade para dizer umas verdades. 

— Essa foi a última vez que fez isso comigo. – rosnou, decidida – Foda-se se depois disso não puder ficar no grupo idiota de vocês, foda-se se vão falar mal de mim e me difamar, simplesmente fodam-se. Aguentei tempo demais achando que iam mudar, que eu ia conseguir trazer algo de bom pra vocês, já que salvei cada uma aqui quando era a vez de vocês. Ninguém nunca fez isso por mim, ninguém estendeu a mão para mim, vocês são umas covardes que só sabem pedir socorro sem saber oferecer. E além de tudo, só agem em grupo. Não preciso disso, dessa amizade falsa. Antes só do que mal acompanhada, não sou o prego que vocês vão martelar quando bem entenderem. Fodam-se os padrões dessa merda e foda-se esse ditado.

Dito isso, Ochaco soltou  a líder do grupo e saiu empurrando as outras com o ombro a fim de abrir passagem. Já era hora de ir embora — ataques com água sempre aconteciam nesse horário, para que os professores não pudessem perceber. Atravessando o pátio, Uraraka ignorou os olhares curiosos e seguiu para a saída, os passos pesados fazendo barulho enquanto andava.

No Japão, era assim que funcionava; um grupo de amigas escolhiam alguém do próprio bando para maltratar durante uma semana, como se estivessem lidando com um rato. Nada de agressões físicas pesadas para não correrem riscos de tomar advertências, porém as agressões psicológicas e verbais compensavam qualquer surra. Baldes de água na porta, empurrões na intenção de derrubar, xingamentos ofensivos e tratamentos que ignoravam a existência da pessoa eram muito comuns. E se alguma das outras ousasse interferir, então seria a próxima a ser agredida. 

Por esse motivo na maioria das vezes Uraraka acabava sendo o alvo; sempre interferia na punição das amigas. Achava aquele comportamento delas errado, mas era tão comum em sua cultura que não podia recorrer a outros para resolver o problema (até porque os outros sequer se importavam com aquilo). Sendo assim se dispôs a aguentar, ansiando que após sofrer várias vezes no lugar das colegas, acabasse por fazer uma pequena revolução nas suas mentes. 

"Prego que se sobressaí leva martelada" (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora