Capítulo 2

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Nota da autora: Obrigada pelos favoritos no último capítulo, aproveitem esse final. Boa leitura 💜


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— Então, nervosinho, qual a sua lembrança mais preciosa? — perguntou-me Yoongi, seis perguntas mais tarde, quando estávamos os dois dividindo um café no aeroporto, em nossa primeira escala rumo à Coreia.

Iríamos ficar quase 2 horas no aeroporto, esperando o próximo voo, o qual iria de Los Angeles até Taiwan, por isso aproveitamos para comer algo, pois o próximo percurso seria o mais longo de todos, e seriam longas 14 horas e 30 minutos dentro do avião após essa parada.

Agora era quase meia noite, e faltavam poucos minutos para o dia 25 de dezembro.

— Acho que foi quando eu me assumi para os meus pais.

Atento, Yoongi escutava a minha resposta, dando pequenos goles em seu café. Decidimos passar esse tempo juntos já que estávamos indo para o mesmo lugar e seria uma boa forma de distração, para passar o tempo. Ao menos as suas perguntas estavam me tirando do tédio.

— Eles não ficaram muito felizes de início, quando eu falei que era bi, mas teve um dia que a minha mãe foi ao meu quarto, quando eu ainda estava dormindo. — Eu olhava para os meus pés, revivendo aquela memória em meus pensamentos. — Eu acordei escutando o choro dela e nesse dia ela me pediu perdão por ter demorado tanto a entender. A gente se abraçou e eu chorei também. O meu pai estava ouvindo tudo e acabou entrando no quarto também, foi uma loucura — comentei, sorrindo, e meus olhos arderam um pouco. Eu sempre me emocionava quando lembrava disso.

Limpei uma lágrima no canto dos olhos antes de sorrir grande para Yoongi.

— Desculpa, eu fiquei um pouco emotivo. É que faz tempo que eu não vejo nem meu pai nem a minha mãe. Eu sinto falta deles.

— Tudo bem. Não precisa se desculpar, eu imagino — comentou, sorrindo também. — Na verdade, foi bonito ouvir isso.

— Besta. — Bati de leve em seus ombros, ganhando uma risada sua. — Mas e você, Yoongi? Qual a sua lembrança mais preciosa?

— Acho que tem a ver com os meus pais também.

— Sério?

— Sim. Quando eu decidi que queria ser escritor, eles não me apoiaram muito. Eu saí de casa muito cedo por isso. Eles queriam que eu tivesse estudado e entrasse em alguma universidade, porque o sonho deles ao sair da Coreia era que eu tivesse mais oportunidade nos Estados Unidos, mas eu nunca quis o que eles sonharam para mim. Só que aí, quando eles viram que era isso que eu queria pra minha vida, eles aceitaram. Eu lembro até hoje que o meu pai apareceu de surpresa no lançamento do meu primeiro livro. Eu chorei, foi ridículo, você precisava ter visto — falou, rindo, mas não consegui rir junto.

Na minha cabeça apenas se passava o quanto ele deve ter sido forte para ter aguentado firme e não ter desistido do seu sonho.

— Eu imagino. Deve ter ficado com os olhos inchados, parecendo um tomatinho de tão vermelho que ficou — provoquei, já que a intenção de Yoongi não era deixar o clima pesado com a sua revelação.

Trocando um olhar rápido comigo, ele pegou em seu celular de novo.

— Essa é mais difícil. Qual é a sua lembrança mais terrível?

— Hum... Acho que eu não tenho nenhuma lembrança realmente terrível. Nunca tive problemas de relacionamento com meus pais e nem nada trágico me aconteceu — respondi. — A pior coisa que me aconteceu, no máximo, foi quando quase reprovei um ano no colégio e a minha mãe escondeu o meu celular de mim por três meses.

36 perguntas e 1 eu te amo? | YoonminOnde histórias criam vida. Descubra agora