Pelas coisas que perdemos na vegetação rasteira

1

O primeiro filme que Kara Danvers viu foi silencioso. É claro que, naquela época, seu nome era Kara Zellman, e era muito diferente da mulher que ela finalmente cresceu. Sua mãe leva a um teatro de arte para ver um filme em que uma mulher dança ao lado de Saturno e uma bala pousa na face da lua. Isso se desenrola na frente dela como o sonho de febre de outra pessoa. Sua mãe adora, e ela está encantada com o amor de sua mãe, como a maioria das meninas de 6 anos, e depois que ela toma um milk-shake de chocolate tão frio que faz sua cabeça doer.

Por um longo tempo depois disso, Kara às vezes parece que sua vida é um filme que ela está assistindo de fora do corpo. Aqui está o quarto de sua infância, feito de móveis de carvalho personalizados e um mural pintado em uma parede oposta. Aqui está sua mãe erguendo-a acima da cabeça quando bebê, seus gritos de alegria, seu pai cozinhando um queijo grelhado na cozinha, pensando no que assistirão na TV naquela noite. A câmera aproxima o rosto dele. Ele parece um pouco velho para a idade dele, mas calmo e feliz. A audiência sabe pelo seu sorriso contente que ele ama sua esposa e filha.

Sua barraca, seu quarto na casa do grupo, o sofá no apartamento de Clark. Ele a coloca na cama em lençóis com Ariel de A Pequena Sereia, embora ela tenha 14 anos e beija sua testa. Ela é grande demais para esse tipo de coisa, mas deixa tudo acontecer da mesma maneira. Ele apaga todas as luzes da sala e, embora ela precise de uma luz noturna, precise de uma no último ano e meio, ela não diz nada. Desta vez, em vez de ficar acordada até de manhã, ela é capaz de segui-lo através da câmera da sala de estar até o corredor até o próprio quarto. O tiro é da parte de trás da cabeça, dos ombros robustos, da ampla inclinação do corpo. Ele fica sentado na cama por um longo tempo, as mãos cruzadas nos joelhos, olhando para o ventilador de teto.

O filme de Kara não tem palavras, mas ela tem certeza de que o público entenderá o que tudo isso significa, talvez até melhor que ela. Eles verão o rosto de Eliza, as unhas curtas e sujas de Alex, seu quarto, seu quarto final, com sua cama muito grande e piso de madeira velha. É o tipo de filme gravado em cenas longas e lânguidas; a câmera passará sobre a pele manchada de fúria do antebraço, sobre o estômago de Alex enquanto ela corre gritando para o oceano com Vicky Donahue, sobre o caixão de Jeremiah, uma extensão dos olhos da platéia, suas mãos. Quando ela e Alex se abraçam, eles suspiram com indulgência, quando ela sai para o primeiro semestre da faculdade, pressionam os lenços nos olhos úmidos.

"Você está bem, Kara?" Partida de seu devaneio, Kara sacode a cabeça para cima e para fora do vidro da janela do passageiro. Ela pode dizer que eles foram da Califórnia para o Oregon pela mudança de cenário; as árvores são mais densas, mais agourentas. Alex não tirou os olhos da estrada, o que é o melhor. Está longo e vazio pela frente.

"Eu estou bem." Kara se estica como se tivesse acabado de acordar de um longo sono. As sobrancelhas de Alex se contraem e depois relaxam.

- Você geralmente é mais atencioso em nossas viagens de carro. O que está pensando? Kara está calada. "Você vai me fazer adivinhar?" Ela pressiona a testa de volta no vidro da janela. “Ok, uh. Você está preocupado com o jornal.

"Não. Quero dizer, mais ou menos. Eu realmente quero impressionar o professor Grant.

“Eu não me estressaria muito com isso - você disse que ela gostou das suas coisas quando você fez a aula dela no semestre passado. E, quero dizer, você é incrível. Lembra quando éramos crianças e você escreveu todas essas histórias para o jornal sem saída e as distribuiu pelos vizinhos?

“Não éramos crianças, eu tinha 16 anos. E fiz isso porque não tinha nenhum amigo para sair. E isso é obviamente diferente - você sabe quantos calouros têm a chance de conseguir seu próprio ritmo no jornal do campus?