Stay With Me

um

TOM JACOBS

O inverno é a estação que mais me cativa. Não sei dizer ao certo o porquê. Muitas das vezes acredito que seja porque quando a estação está próxima tudo muda.

O clima, obviamente. As pessoas, as emoções. E o pior de tudo:

As tragédias tendem a vim.

No inverno as coisas não costumam ser boas para um Jacobs, só que dessa vez parece que vai ser diferente.

Tem que ser.

Não é possível que todas as vezes que o clima estiver frio algo vá acontecer.

Que tolice da minha parte. É claro que algo tinha que acontecer. Sempre acontece e não é agora que isso vai mudar.

Ajeito a gola da minha camisa e olho ao redor. Minha atenção para especificamente nela. Os cabelos dourados estão presos e posso quase jurar que consigo sentir o cheiro do seu cabelo mais uma vez.

Desvio meu olhar para o relógio um pouco acima do quadro, os ponteiros dos minutos estão para chegar ao momento em que vamos poder sair dessa sala.

Fecho meus olhos e começo a contar mentalmente.

Um.

Dois.

Três.

Quatro.

Cinco.

O som do sino preenche a sala, por isso o professor fala mais alto, fazendo sua voz se ressaltar por cima de todo o barulho dos alunos que conversam alto. Ele diz algo sobre um trabalho e nos deseja uma boa semana, nos liberando em seguida.

Levanto do meu lugar e então olho na direção da loira, a observo jogar um cachecol preto em volta do seu pescoço e em seguida levantar e sair da sala em passos apressados.

Junto as minhas coisas e saio rápido da sala ignorando algumas das pessoas que me cumprimentam.

Tento passar pela multidão de adolescentes que começa a se aglomerar pelo corredor. Meus olhos procuram pelo cabelo dourado, mas não o encontra.

Quando consigo passar pela multidão, consigo vê-la indo em direção ao campo. A sigo e fico por alguns segundos apenas a observando tirar algumas peças de roupa da bolsa.

Franzo o cenho e quando estou a um passo de ir até ela. Uma mulher em um casaco preto desgastado aparece e fica um tempo conversando com a loira.

Jessy entrega as mudas de roupa para a mulher e também lhe dá alguns dólares.

Não consigo evitar o pequeno sorriso que se forma em meus lábios.

A loira é mais do que um rostinho bonito.

Ele sempre teve razão.

As pessoas são mais do que demonstram ser. Se julgarmos alguém apenas pelo o que achamos e não tentarmos conhecer de verdade, nunca vamos saber o seu verdadeiro eu.

As duas conversam mais algumas coisa, e depois de dois minutos a mulher vai embora.

Com passos cautelosos caminho em direção a garota. Ela está com a atenção voltada para a bolsa, agora vazia.

— Steve — chamo. Ela se vira rápido e me encara com uma expressão assustada. Não contenho o sorriso e ela arregala mais ainda os olhos.

— Tom — ela murmura. A expressão assustada ainda está em seu rosto.

Jessy olha ao redor voltando a me encarar depois de coçar a nuca bagunçando assim o penteado.

— O que faz aqui? — ela pergunta com a voz baixa.