Marcos

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Nathan

Segurei Kate com mais firmeza pela cintura assim que os seguranças do Marcos nos interceptaram à entrada do prédio. Eles não falaram nada de imediato, só nos encararam como se estivessem decidindo o quanto iriam dificultar nossa entrada.

– Senhor Miller, vamos precisar revistar. – disse um deles, com sotaque carregado e expressão neutra.

Assenti, sem discutir. Levantei os braços calmamente, deixando-os fazer o procedimento padrão. Eu sabia o jogo.

Mas aí um dos homens desviou o olhar para Kate e deu um passo à frente.

– Ela também.

Automaticamente, dei um passo à frente e bloqueei o caminho, o corpo tenso.

– Nela, não. – falei com firmeza, o olhar gelado.

– São ordens. – insistiu, tentando parecer mais bravo do que realmente era.

– E as minhas ordens são mais importantes. – rosnei, cada palavra carregada de ameaça. – Se alguém encostar nela, eu quebro os dedos um por um.

O clima ficou pesado. O segurança hesitou, os olhos alternando entre mim e ela, claramente pesando os riscos.

Antes que a situação escalasse, Alfredo interveio, se colocando entre nós com um meio sorriso conciliador.

– Deixa passar. Confia. – disse, dando dois tapinhas no ombro do segurança como se fossem velhos amigos.

Os caras se entreolharam e, finalmente, recuaram.

– Vão lá. Mas cuidado com o que carregam. – disse um deles com um olhar de desconfiança.

– Sempre. – respondi, puxando Kate com mais firmeza enquanto passávamos.

– Onde ele tá? – perguntei assim que estávamos mais distantes.

– Lá no topo. A cobertura é onde tá rolando a festa. – disse Alfredo, apontando para a escadaria enorme.

Olhei para cima, sem acreditar.

– Tá de zoeira que eu vou subir isso tudo?

– Não, senhor mimimi. Pode ir preparando essas suas perninhas de bandido mimado. – Alfredo respondeu, rindo da própria piada.

Virei com calma e dei um tapa na cabeça dele. Ele reclamou baixo, esfregando o local.

– Cala a boca, idiota. – murmurei, já de saco cheio.

– Kate? – chamei, olhando para o lado.

– Hum? – respondeu, sem emoção.

– Tá tudo bem?

Ela assentiu com um sorriso fraco, mas seus olhos... eles diziam outra coisa. Estavam distantes. Preocupados. Quietos demais.

– Tem certeza?

– Tenho. Só tô cansada. – respondeu, forçando leveza.

Mas eu conhecia Kate bem demais pra engolir aquela resposta. Não insisti — por ora.

Subimos os andares em silêncio. A música já se fazia ouvir antes mesmo de chegarmos ao topo. Quando entramos, fomos engolidos por um cenário digno de filme: luzes vermelhas, cheiro de bebida e perfume barato no ar, gente dançando, rindo alto, e uma energia que só uma festa brasileira poderia oferecer. Intensa, viva... perigosa.

Segurei na mão da Kate e fui conduzindo ela pelo meio da multidão, atento a cada rosto, cada olhar. Alfredo veio logo atrás, sempre com o ar de quem tá mais à vontade do que deveria.

Nas Mãos do Destino [Versão Atualizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora