Capítulo único

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O céu noturno cobria a pequena paróquia em que um rapaz, de estatura mediana, ostentando lindos olhos rubros e um cabelo negro como o próprio véu acima dele estava à porta

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O céu noturno cobria a pequena paróquia em que um rapaz, de estatura mediana, ostentando lindos olhos rubros e um cabelo negro como o próprio véu acima dele estava à porta. Esse garoto, era eu... Uma paróquia não só modesta em tamanho como em estrutura, com suas paredes brancas de concreto recém pintadas — inclusive, eu mesmo ajudei a deixá-las daquela cor uma semana antes — e o simples teto de madeira. A missa em que eu ajudei, ainda como um diácono, acabara há não muito tempo, fazendo minha querida capela ficar completamente vazia.

Os bancos com estofado azul, a cerâmica bege refletindo as luzes, o altar de madeira acompanhado das poltronas de mármore do outro lado da capela... Por pouco as lágrimas não corriam por meu rosto sabendo que teria que me despedir de tudo aquilo.

— Prontinho... — falou meu grande amigo e mentor, o padre Joaquim. Um homem já com idade para ser meu pai, barbudo e barrigudinho usando roupas tão casuais que mal se podia identificá-lo como um padre. — Essa era a sua última mala lá dentro, não é, Jonas?

— Era sim. Me desculpa te fazer me ajudar assim, padre.

— Que nada. É um prazer ajudar o meu diácono. Finalmente você vai ser ordenado como um padre... Foi uma honra tê-lo comigo.

— Pois é, já faz um ano que eu estou aqui... Nem parece, não é?

— É... — Por mais alguns minutos, o padre me acompanhou em admirar a pequena capela em que eu servi. Até que, num pulo, ele começar a andar lá para dentro. — Oh! Eu acabei de lembrar de uma coisa que eu quero te dar como presente meu de despedida.

— Huh?

— Só me espera aqui, Jonas.

— Ok então...

E, entrando por uma das portas de dentro da paróquia, ele sumiu de vista. Minha mente viajava imaginando o que poderia ser o tal presente. Um crucifixo novo? Uma roupa? Eram tantas as opções que eu estava ficando louco!

Mas, perdido em pensamentos, sequer percebi uma moça — definitivamente paroquiana, pois já havia a visto em algumas missas — se aproximar em prantos de mim.

— Senhor, senhor! — gritava ela, com a voz falha de soluçar. — P-Por favor, onde está o padre?

— Você está bem, senhorita? — perguntei, já me levantando para ajudá-la. — Ele foi buscar algo na paróquia, não sei se ele vai demorar-

A mulher, por volta de seus 30 anos, nem me deixou respirar. Agarrou uma das minhas mãos e começou a me arrastar.

— V-Você também é um sacerdote da igreja, então, por favor, me ajude.

— C-Claro, eu farei o que eu puder.

Ela me levou pela rua até a sua casa, que não ficava muito longe dali. Chegamos ao destino em poucos minutos. O portão de ferro, muito comum naquela cidade, estava arreganhado, assim como a porta do que seria a cozinha dela. Nós não perdemos tempo em adentrar a casa, e foi onde eu ví do que se tratava.

Réquiem Rubro (Oneshot)Where stories live. Discover now