The Grace of Love

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Não era o habitual para Lily entrar naquele trem com um sentimento tão agridoce.
Não que nunca houvesse um pequeno fisgar no coração – ela sentia muita falta dos pais, ela não era uma monstra.
Contudo, apesar de todo seu amor pela escola, era preciso admitir que muito da alegria que a invadia enquanto estava em Hogwarts vinha de sua melhor amiga, Mary Macdonald. O grande problema era que Mary, um ano mais velha que Lily, não estava no trem junto com ela.
Então assim que ela avistou trem, ela suspirou. Desde a primeira ida a Hogwarts ela se sentava com Mary numa cabine.
Agora ela supôs que fosse pegar uma cabine qualquer, e esperar ela ser preenchida por pessoas aleatórias, enquanto Lily ia para a reunião dos Monitores.
Nesse verão ela tivera a excelente surpresa de receber, junto à sua carta, o distintivo de Monitora-Chefe, cargo que ela almejara desde muito cedo na escola. Imediatamente ela ligara para Mary – como nascidas-trouxas, a comunicação entre as duas era mais rápida do que com os demais colegas.
Mary ficara tão feliz quanto Lily, e lamentara a distância que as separaria naquele ano letivo.
Com um suspiro, ela voltou à realidade, e sua realidade no momento era: ela precisava achar uma cabine. O trem ainda não estava tão cheio, então ela conseguiu colocar suas coisas onde habitualmente sentava, e foi para o carro dos Monitores.
Ela já sabia que o Monitor-Chefe era James Potter (e não Remus Lupin, como ela imaginara), mas ainda assim foi um pouco surpreendente vê-lo entrar no compartimento com o distintivo.
-Oh, olá, Evans – Ele cumprimentou, as mãos nos bolsos.
-Oi, Potter – Ela disse, um sorriso pequeno em seu rosto – Como foi de verão? – Ela perguntou educadamente. Ele arregalou os olhos levemente, mas sorriu.
-Bom. Bem, houve uma pequena surpresa – Ele disse com um riso nervoso e gesticulando para a cabine que eles ocupavam – mas fora isso, dentro do esperado.
-Uma surpresa boa?
-Bem... eu acho que sim? Meus pais acham, e é incrível que Dumbledore tenha confiado em mim para isso, mas honestamente? Estou morto de medo que eu vá fazer tudo errado – Ele confessou. Lily não conseguiu impedir um grande sorriso tomar seu rosto.
-Você não vai fazer tudo errado, Potter – Ela confortou – Eu estou aqui, certo?
Ele soltou um riso, mais divertido dessa vez.
-Obrigado, eu acho. Sei que você esperava que Remus assumisse, mas...
-Está tudo tranquilo, não se preocupe – Ela garantiu, e observou o cenho dele relaxar – Só... bem... sem corpo mole, certo?
-Claro, com certeza – Ele afirmou.
-Então pronto. Vamos planejar essa reunião.
Tomando o exemplo de James e falando com a maior honestidade possível, Lily se surpreendeu com o garoto. Ela realmente esperava que fosse Remus – contava com isso, na verdade – mas o amigo lhe enviara uma carta dizendo que não seria ele pois havia conversado com Dumbledore sobre.
Ela definitivamente não esperava que o distintivo caísse na mão de outro Maroto, principalmente um não tão responsável quanto Remus.
Mas há muito ela aprendera que era melhor aceitar algumas coisas com bastante paciência ao invés de brigar muito – como a festa de Natal no Salão Comunal que eles fizeram no ano anterior e prometeram repetir nesse ano.
Os outros monitores também não esperavam Potter ocupando a posição, mas foram mais graciosos que Lily fora quando descobriu (Petunia até hoje ficava com raiva ao se lembrar do borrão com a maquiagem pelo susto do grito de Lily).
Após a reunião, Lily seguiu falando com ele sobre algumas pendências, enquanto seguiam para a cabine em que ela estava.
–... então hoje à noite depois do jantar a gente... oh. – Ela se interrompeu.
Pensando no grande plano, esse foi o momento que a primeira Graça atingiu os dois – não que eles fizessem a menor ideia. Se a Graça pudesse ser medida, nesse momento ela deixaria de ter valor nulo e passaria até mesmo a ter uma raiz quadrada (mesmo que uma dízima infernal).
A primeira Graça a atingi-los foi cabine em que Lily havia deixado sua mala estar ocupada; abarrotada, na verdade, por pessoas que ela não sabia quem eram.
-O que houve? – Potter perguntou franzindo o cenho.
-Eu, er, estava aí – Lily replicou após limpar a garganta.
-Mas... eles são segundanistas da Lufa-Lufa... – Ele comentou.
-Bem, esse é o problema, não é?
-Hum. Não. Vamos pegar sua mala. Sempre tem dois lugares sobrando na nossa cabine.
Lily só conseguiu compreender perfeitamente o que estava acontecendo quando James entrou na cabine e tirou os pertences dela do bagageiro.
-Potter, não há a menor necessidade disso – Ela disse assim que entendeu.
-Claro que há. Eu sei que você tem ressalvas com a gente, mas prometo que será divertido. E Aluado estará lá, qualquer coisa vocês ficam conversando sobre livros ou algo assim...
E simples assim, Lily sorriu e seguiu o colega.
Realmente fora extremamente divertido, e ela nem precisou recorrer tanto a Remus e livros. Sirius e Peter ergueram as sobrancelhas em surpresa logo que ela chegou, mas o estranhamento ficou restringido a esse momento.
Depois do almoço Lily e Potter tiveram de patrulhar o trem separadamente, e depois retornaram para a cabine para descobrir que Peter havia comido todos os doces restantes. Potter exerceu todo o seu poder de drama, auxiliado por Sirius, enquanto o pobre Peter tentava se defender.
Realmente, fora extremamente divertido.

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