Um filme confuso de ficção científica passava na televisão de apenas 21 polegadas — a condição de estudante não permitia luxos — e há muito tempo Zoro desistira de tentar entendê-lo. Talvez fosse culpa dos péssimos efeitos ou do enredo tão sem pé nem cabeça que tornava tudo cansativo, mas ele apenas sentia a sonolência aumentar à medida que o filme avançava.
E ele não podia dormir de jeito nenhum!
Uma piscada mais prolongada o fez perceber do quão perto estava de adormecer ali largado no sofá e, tentando evitar isso a todo custo, começou a zapear pelos canais procurando algo que chamasse a atenção. Havia começado a assistir um outro filme, dessa vez com atores relativamente conhecidos, quando ouviu o som de algo quebrando-se em algum lugar do apartamento. Alarmado, ele saltou sobre sofá e após verificar o próprio quarto, correu para o aposento seguinte torcendo para que nada tivesse acontecido ali.
Porém, para seu completo azar, encontrou o seu sobrinho de oito anos encarando assustado os muitos pedaços de um objeto indefinido no chão. Devia ter sido alguma espécie de estatueta de argila, só que agora estava em cacos. Deu um tapa estalado na própria testa, o que acabou por chamar a atenção da criança presente no cômodo.
— Não foi eu, tio! O enfeite feio caiu sozinho, juro! — o menino de cabelos negros o encarava de olhos arregalados. Era super óbvio que ele era o responsável por aquela bagunça, mas o tom dele até que foi um tanto convincente.
Zoro suspirou cansado, mas não se exaltou ou brigou com o garoto. Parte da culpa era sua, afinal. Nada daquilo teria acontecido caso tivesse prestado mais atenção no meliante mirim que inconvenientemente era seu sobrinho. Se bem que não era fácil acompanhar o ritmo enérgico dele. Parecia até que a energia daquele pequeno corpo de 8 anos era infindável. Resmungou, maldizendo a hora que cedera a chantagem emocional do seu irmão mais velho.
Acontecera naquela ensolarada manhã de sábado. Zoro fora acordado a plenas nove horas da madrugada pelo som estridente da campainha que não parava de tocar. No entanto, não demorou muito para que o barulho cessasse, fazendo o jovem de pele bronzeada supor que seu companheiro de apartamento — vulgo Sanji Kuroashi — havia atendido a porta. Voltou a fechar os olhos tendo em mente o objetivo de dormir a maior quantidade de horas de sono que não lhe era permitido ter na semana por causa da faculdade.
Uma pena que em questão de segundos seu plano foi por água abaixo ao ter a porta do seu quarto aberta de súbito e logo depois um peso ser jogado em cima de sua barriga. Ao abrir os olhos deparou-se com um ninho de fios negros diante o rosto.
— Bom dia, tio Zoro! — o pequeno ser levantou a cabeça revelando uma expressão animada demais para àquela hora da manhã.
— Luffy? O que faz aqui? — indagou sonolento. Seu raciocínio era sempre mais lerdo quando acabava de acordar, por isso estava demorando a relacionar a presença do garoto a campainha que tocara há pouco.
— Eu o trouxe para passar um tempo com seu desaparecido tio. — uma voz masculina informou em tom de riso.
Zoro mirou a entrada do quarto, avistando um homem alto de cabelos ruivos encostado no umbral da porta. Sentou-se afastando os lençóis depois que Luffy saíra de cima de si e estreitou o olhar para seu irmão. Era muito raro receber uma visita dele e geralmente quando tinha era porque algum favor ele iria pedir.
— E o que você faz aqui, Shanks? O que quer dessa vez?
O ruivo levantou as mãos como se dissesse que era o inocente ali.
— Não precisa ser tão incisivo, irmãozinho. Quem vê pensa que só apareço quando preciso de você...
Zoro arqueou uma sobrancelha, abrindo bem a boca em um bocejo. Depois virou o rosto procurando o garoto que estava silencioso demais para o seu gosto e o encontrou mexendo em sua guitarra junto ao apoio na parede. Oh, sua preciosa guitarra. Levantou-se num pulo para tirá-lo de perto dela.
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Pantsu
FanfictionZoro nunca imaginou que seu sobrinho seria o causador da mudança no relacionamento que mantinha com o seu tão querido companheiro de moradia. E quem diria, hein? Calcinhas! Zoro/Sanji Imagem da capa pertence a dreamxxdream (tumblr)