A Estranha Melodia

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-Emma P.O.V-
Dias viraram meses que viraram anos. Acordei mais uma vez entre meus irmãos de 2, 3, 4 anos e os de 6, 7, 11 e 12. Ainda não fui mandada em uma remessa, eu iria fazer 18 anos em breve e com isso a possibilidade da minha remessa não saia da cabeça como um gato que caça ratos.
Dei "bom-dia" à todos indo encontrar "Mama", como sempre ela sorriu ao me ver.

Deve ainda se lembrar de quando fugimos aos 11 anos.

Ela havia mandando primeiro o Norman para a remessa, depois a Gilda, o Don e agora só faltava o Ray e eu.

-Bom dia Mama!

-Bom dia Emma, peguei isto para você em comemoração ao seu aniversário de 18.

Uma roupa de "Mama" foi entregue em minhas mãos. Estava quente, recém passada, boca e limpa.

-Obrigada, usarei assim que puder.

Os flashbacks voltam mais uma vez e nos vejo mais novos ali naquele refeitório sorrindo felizes sem preocupações. Conny, Gilda, Don, Norman.

-Você usará hoje Emma, sua remessa foi confirmada. Te levarei ao portão ao anoitecer.

"Mama" Isabella sorri.

-Mama! Emma! Café da manhã já está pronto!

Ouço de Phill ao som do badalar do sono dourado que ele carregava consigo, Phill cresceu rápido.
Vou ao banheiro trocando de roupa, mexo nos bolsos sentindo algo médio e gelado, puxo, o rastreador...abro vendo vários pontos em uma concentração.

Deve ser o refeitório.

Fecho e o guardo no bolso saindo logo em seguida indo para a área de refeições, entro de volta no refeitório e todos me olham espantados.

"Mama" se levanta batendo palmas para todos se calarem.

-Crianças, sua irmã Emma não será mais considerada uma irmã, de agora em diante será uma Mama como eu. Ela se despedirá hoje à noite para sempre, parece que foi "convocada" em outro orfanato.

Formou-se um choro infantil com a enorme multidão dos meus irmãos virem ao meu encontro em um abraço apertado e caloroso. Abracei de apertado de volta, e pela primeira vez chorei novamente de dor, saudade, assim como eu havia chorado quando soube que Norman iria morrer...e agora, eu também iria morrer...

[...]

-Por que trouxe uma mala? O lugar para onde você vai não necessita de coisas assim

Apertei mais a alça da mala em meus dedos. Olho para o céu aquarelado.

-Eu sei, mas vai que necessite?

Sorri, alguns passos depois já estávamos frente ao portão aberto. Engoli seco, a água dos encanamentos ainda pingava como antigamente o frio era perceptível.

-Espere aqui, eles já há vão chegar

"Mama" diz antes de se aproximar de volta do portão voltando pelo caminho que levava ao orfanato. Fiquei então ali naquele confim macabro.

-Certo certo, já estou indo.

Uma voz masculina soa em meio a passos rápidos, uma porta de madeira revestida de ferro se abre relevando ninguém menos que um homem alto, albino de cabelos braços meio dourados. Era mesmo ele?

-N-Norman?

-Oh, olá Emma

Parecia um choque de realidade, ele não havia morrido então por que não voltou para casa?
Norman pigarreou e eu engoli seco juntando certa raiva acumulada.

-O que você tá fazendo aqui?

Dizemos juntos em pingos de raiva. Deixei a mala do meu lado e ele mudou o lado da prancheta marrom que carregava. Eu queria abraçá-lo, dizer que sentia saudades mas parecia que isso não se importava mais. Ele não parecia ser o mesmo Norman de sempre.

-Pelo que "Mama" Isabella me informou você virou uma "Mama" certo? Venha, te levarei ao seu "novo aposento"

Norman se virou indo corredor adentro por aquela mesma porta, o sigo olhando ao redor percebendo várias cápsulas com rostos conhecidos e desconhecidos mergulhadas em um líquido com rosas. Algumas ainda estavam vazias.

-Por que não voltaste?

Perguntei parando o ritmo dos passos, involuntariamente ele também parou. Se virou sorrindo como quem quisesse gargalhar.

-Não é óbvio Emma? Agora, eu trabalho para eles.

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⏰ Última atualização: Jan 02, 2020 ⏰

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