Capitulo 1_ Como virei Pinky

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Então...
Já sabem que meus cabelos não são rosa. Eu só pintei dessa cor porque a cabeleireira errou a tonalidade do meu castanho médio, tentou consertar, quase queimou ele todinho...Mas esta tudo bem. Rosa. Sendo que minha cor favorita é Turquesa🙄
Mas sabe que até me achei diferente e infelizmente o pessoal da escola também.
-Virou unicórnio, é? Filhote de smurf!- Essa é a Claudia, se acha a garota mais legal (é clichê eu sei, mas existe até hoje nas escolas, pode pesquisar).
-Ah que bonitinha toda menininha de rosinha.- Minha colega tagarela, patricinha Natali.
-Parece um pavê de morango cheio de glicose.- Meu colega nerd Kauê. As vezes parece um irmão para mim.
-Quem é você a Peppa Pig ou a Mother Shark?- A nova namorada da Claudia, acho que o nome dela é Fabiola ou algo com Fabi.
Não sou tão dramática em dizer que só eu era alvo de chacota na escola. Tinha a garota nova a Caroliny que é fã de Avril Lavigne e se veste como ela no começo de carreira em Complicated.
A Alini que tem cabelos cor de amora lindos, mas adivinha ela é gordinha então bullying nela também.
O Kauê sofre? Não. Acreditem, ele se salva por ser bom em esportes e dar respostas para os populares nas provas. Outro aluno é o Felipe o típico "esquisito" da sala que fica de canto com um capuz na cabeça mesmo em dia de calor.
E eu...Bem, sou aquela mais quietinha da sala. Faço minha lição sem ficar neorotica, curto studygrams interessantes, quero ir ao Lolapalooza esse ano, adoro praticar esportes e diferente do que pensam adoro me maquiar e me vestir bem para sair sábado a noite, por exemplo. Mas me traçam como calminha, inocente e querendo ou não a cor rosa do meu cabelo também demarca bem isso em mim.
Com medo de uma alopécia ou queda de meus cabelos ondulados, optei por não mudar de cor ainda e ir fortalecendo ele com as receitas loucas da minha mãe. Que dão certo,viu na capa? Acho que vou cortar um pouco inclusive.
Voltando a escola, infelizmente ainda estou no primeiro colegial. Moro em São Paulo hoje em dia, pois vim do Rio Grande do Sul com 11 anos (pais separados e espero que voltem pelo menos a serem amigos. Adultos brigando é um pé no...Desculpem a expressão garotos que leem minha historia).
Meu nome real é meio comum e apenas o Kauê sabe e nem arrisca a me chamar dele se não eu vou arrebentar o aparelho fofo da boca dele. Sim. Sou uma dessas.
Sabe que eu quero tanto sair do primeiro ano e nem sei o que vou fazer depois de acabar a escola? Di-le-mei.
-Não sei o que fazer! - É. Eu falei do nada na sala. E todo mundo começou a tirar uma com a minha cara.
-Senhorita Frasleben, há algo errado?-A professora Daiana parou de escrever na lousa e me fitou com cara de castigo.
-Eu...Queria cantar, sabe...Euuu nãão sei o que fazer agora nããão...-Inventei na hora e sala toda me achou ridícula. Eu sei que sou. Talvez seja porque sou tímida e ou eu caio na vergonha de me calar ficando nervosa saindo da sala como covarde ou invento alguma brincadeira boba para ter o que falar depois. Segunda alternativa sempre. Correr só piora.
-Precisa examinar seus desvios de atenção. Voltamos a cópia nesse instante.
Suspirei aliviada. Olhei para o lado presenciando Caroliny meio que cantando baixinho a minha musica inventada enquanto escrevia em uma folha no final do caderno.
Fiquei rosa de vergonha ou vermelha de raiva. Caramba! Zoada até pela menina nova? Ansiava para aquele dia simplesmente acabar.
               Tinha intervalo ainda.
Aluno de escola pública são bem ironicos também. Tem merenda, "ninguém" come para não ser merendeiro e o mesmo que fala isso esta na fila pronto para pegar nuggets de frango🙃🤔É por isso e outras que digo: Não vou trabalhar com pessoas, nunca.
Como os meus colegas mais chegados ficam longe de mim em seus mundos semi populares-Natali fica com seu namorado o intervalo inteiro, ficar de vela não é um bom trabalho-, normalmente eu fico sozinha com meu caderno,lapiseira,refil e borracha na quadra de esportes que vira um espaço de adolescentes andarilhos e grupinhos diversos.
Notei pela primeira vez o Felipe lá de cabeça baixa sozinho e apagando coisas de seu caderno. Me arrisquei e me aproximei.
Cara! Ele desenha muito!Putz, ele notou que eu estava vendo.
-Oi Felipe.
-Oi.
-Bonito seu desenho.
-Sketch.
-Ah. Então, bonita sua sketch.
-Uhm.
-Gosta de animes, então?
-Gosto.
-Felipe...Meu Deus. Tchau.-Me zanguei.
-Tchau.
Por isso quero me mudar para um mundo só meu...Se bem que a Alice também fez, mas uma Rainha queria cortar a cabeça de meio mundo naquele lugar...Fantasiei. você vai se acostumar logo, eu juro.
Sentei na arquibancada sozinha, abri meu caderno e fitei aquela folhas em branco como nuvens cheias de linhas azuis e estrelas nas pontas. Caderno personalizado,ok? Ok.
Tinha muita coisa na minha cabeça para escrever, mas não achava nada de bom.
Até que alguém veio na minha frente.
-Oi, Pinky não é?
- Sim. Isso é ohoi.-Até gaguejar eu fiz. Ninguém fora os que já conheço me cumprimentam tão saudosos daquela forma. Era a Alini com uma média marmita de isopor nas mãos. Percebi que ela usava a blusa de sua antiga escola escondida por um pedaço de seu cardigã rosa de verão.
- Eu estou dando a cara a tapa por aí amiga, comecei a pouco tempo a fazer doces para festas. Prove. -Ela abriu a marmita me apresentando cupcakes, brigadeiros, beijinhos e trufas de vários sabores.
Meus olhos brilharam como glitter na noite de carnaval. Gulosa peguei o maior cupcake Turquesa.
-Esse é de chocolate ao rum e o chantilly com corante turquesa.
- Mais cupcake.- Disse com a cara suja de chocolate.
Alini deu risada e me deu mais um de chocolate ao rum turquesa. Dessa vez comi com calma.
- Pode se sentar se quiser Alini.
- Ainda vai dar para nos falarmos mais, mas tem um bando de mortos de confetti loucos para provar esses docinhos. Me passa seu Whatsapp?
-Sim.
Trocados os contatos, ela se despediu e voltou a borboletear os corredores. Achei a Alini bem legal logo de começo.
Peraí...borboletear...Interessante.
Enfim, me senti meio vazia e muitas duvidas me vinham na cabeça. Queria trabalhar, queria escrever, queria ir para casa. Não era um bom dia para escrever qualquer coisa.
Andei pelo corredor querendo achar inspiração.
-Oh Cabelo rosa. Tá parecendo aqueles bichinho do SBT lá. Do Bom dia e companhia. -O cara que baba o caminho inteiro da Claudia é o Bruno. Ele, sem preconceitos, tem tudo contra si. É baixinho, manca de uma perna e mesmo assim não dispensa comentário dos outros e a risada dele irrita qualquer um. Parece uma hiena com dor de estomago.
-Pinky!
Virei pronta para ouvir mais do meu cabelo. Mas era o Kauê que zoa uma vez de mim depois para. Hehe.
-Diga.
-Um amigo meu sabe de alguns lugares legais para trabalhar.
-Bá! Mas quais? - Continuamos a andar enquanto conversávamos. Acho bem fofo fazer isso, mas não com o Kauê óbvio.
- Bom ele é da equipe de jornalismo escolar e amanhã ele vai colocar um anuncio no mural da escola. Além de mais informações.
- Quem é esse amigo? Achava que você dizia: "O povo do jornalismo nem gosta de se enturmar como o pessoal da educação física que chega e conversa."
- Ah, ele chegou a pouco tempo na escola, também adora pegar uns flagras de meio mundo e publicar no gazeta. Acho melhor você tomar cuidado.
- Mas hein?
- Maioria das vezes você paga os King Kong na sala ou no pátio.
- Affs. Não posso conversar, não posso ser engraçada, não posso ser quieta,grrrr! -Empurrando ele para o lado, sai caminhando nervosa e sozinha pelo corredor.
Eu sou guiada pelas emoções, me enerva fácil, choro fácil e rio fácil.
Acho até engraçado de ficar nervosa de repente,depois eu e o Kauê rimos demais desse fato.
Finalmente o sinal tocou, fazendo os alunos partirem em disparada, eu não fico para tras.
Precisava ir ao shopping sozinha ou sei lá. Ao invés disso decidi ir andando para o parque próximo.
O ano estava apenas começando e já queria férias de novo.
De repente uma mensagem motivacional de vida escolar no Instagram, foi o studygram do @_partiu_estudar me deixando sorrir vagamente como se meu primeiro de 11 meses e 366 dias estivesse completo (ano bissexto). 
No parque, decidi tirar uma nova foto com meu cabelo rosa e coloquei em meus perfis.
Eu queria mais vencer meus medos aquele ano ou meu nome não é "Pinky"  Frasleben.
Brinquei no balanço, comi algodão doce azul, fiz caminhada e até curti o sol se pôr.
Com surpresa vi o carro da minha mãe no portão do parque na hora da saída.
-Eu vim o caminho todo tentando chamar sua atenção, filha. Estava nervosa?- Valentina, minha mãe, é uma mulher bem moderna. Usava suas roupas de escritório na empresa de Fashion & Talents.
-Estou melhorzinha agora.
-Vem. Vamos para casa. Preciso terminar um relatório da F&T hoje e vou fazer purê com peixe hoje.
-Filé de merluza?
-Filé de merluza.
Minha mãe se esforça para ser melhor a cada dia desde quando ficamos apenas  as duas aqui em São Paulo.
Em casa tomei meu banho, me troquei e fui brincar com meu gato Algodão doce.
Foi tudo bem normal daí em diante.
Jantar calado...
Enfim.
Mais tarde fui dormir, ainda pensando no meu caderno aberto.
Cheio de possibilidades, mas nada em mente. O que faltava para mim?
Eu não tinha trabalho.
A imaginação estava parada.
Meus colegas viviam de zoação comigo (eu tinha que aceitar).
Meus dias precisavam de algo melhor.
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As mais tímidas das artistas_PinkyOnde histórias criam vida. Descubra agora