Prólogo

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É mais uma manhã de primavera do fim de mês para aguentar essa dor perturbadora. Me espreguiço na cama de ferro, e a dor que sinto começa como algo latente e se propaga de forma arrebatadora. E queima. Mata. Consome. Surge de repente.

Pode ser o resultado de alguma infecção intestinal, ou algo relacionado. Mas não posso ficar doente no meu terceiro dia de férias. Logo agora terei de ficar assim?

Me levanto e sento na beira da cama. A dor atravessa meu corpo como um raio de lava, me corroendo. Levanto-me abruptamente, cambaleando pelo sono ainda instalado em mim; vou ao banheiro do quarto e encaro-me no espelho reluzente da luz matinal, tudo está bem claro. Meu rosto está oleoso, porém não há indícios de espinhas ou cravos, ainda bem.

Minhas olheiras estão evidentes, claro, já havia cerca de 2 meses que sentia à dor, porém ela só começou a se manifestar — durante o período noturno —, por volta de 3 semanas antecedentes à hoje, deixando-me incapacitada de ter um sono agradável. Estou um pouco curvada na frente da pia apoiada nela, curvar-se ajuda a dispersar um pouco a dor.

"Dane-se dor, tenho que ficar ótima e tudo começa pelo meu pensamento positivo!"

Estou repetindo isso mentalmente já tem alguns dias, quem sabe ela passa. Não deve ser nada de grave, ou algo que possa tirar o meu sossêgo de verdade. Me recuso a ficar doente com seja lá o que for.

Lavo o rosto, completando minha higiene pessoal da manhã. Continuo com meu camisão de flanela, como um vestido. Da mesma forma que me acordei sentindo a dor, ela desapareceu. Estou melhor agora. Me arrasto para o andar de baixo, atravessando o corredor monótono com porta-retratos espalhados, a escadaria limpa e a sala silenciosa e vazia. Chego por fim a cozinha.

Meu irmão, Lee DaeHwi, está sentado comendo seu Corn Flakes enquanto lê quadrinhos, DaeHwi tem coleções dos mais variados. Ele adora isso, tendo um bom gosto. Além de ser favorecido pelo universo com uma distribuição de beleza completamente injusta, somos gêmeos mas o garoto é alto, tem um corpo delineadamente musculoso, cabelos tingidos de loiro — sendo ainda sedosos e bonitos —, dono de uma beleza clássica, sem contar seus olhos reluzentes e rosto bem marcado, deixando-o tão divergente em meio a multidão.

Agora eu, humm... Por onde posso começar? Baixa, magra, agora com cabelos desidratados e com eles ainda bagunçados. Não é ruim, porém acredito que isso seja uma injustiça seletiva do universo.

— Oi, DaeHwi. — Disparei ao meu irmão, que ergueo seus olhos dos quadrinhos me alcançando.

— Oi — Disse ele, sem muita emoção em ver sua irmã favorita. É isso que ganhamos. Ele volta suas pupilas escuras aos quadrinhos; sendo bem sincera, ele é um dos pouquíssimos garotos que eu conheci na vida que lê quadrinhos, sem contar que lê jornal. Acredito que Dae seja muito certinho, no meu ponto de vista ele não tira tantas vantagens em ser um dos melhores do time de basquete, do time de futebol americano, em ser líder de turma, e também sendo um dos melhores jogadores de hóquei, isso só trás vantagens a mim que posso irritá-lo chamando de 'Senhor Certinho'.

— Onde está mamãe e Christopher? — Minha mãe atualmente é casada com um americano, vulgo Christopher que hoje é nosso padrasto há três longos anos — Sendo ele tão certinho quanto DaeHwan. Depois de anos sendo uma solteirona minha mãe foi capturada pelo 'fiasco desgraçado', que muitos estão habituados a chamar de 'Amor'.

— Chris já está no trabalho e mamãe está se vestindo. É melhor comer algo antes que ela desça e comece a pegar no seu pé.

— Okay, okay... — Virei, dando-lhe minha costa. Vou rumo ao armário amadeirado ficando rente a ele na ponta dos pés, somente assim podendo alcançar uma caixa de cereal; meto minha mão dentro da caixa frágil e agarro somente um único floco delicadamente, o trazendo a minha boca, comendo-o a seco.

Dei alguns passos suaves, semelhantes a uma bailarina enquanto ia rumo à geladeira. — Eu sou uma... — Pensei ligeiramente. — Eu sou... Uma fada do sexo! — Cantarolei, atraindo a atenção do Senhor Certinho alí enquanto marcava bem meus passos pelo chão. Até que minhas aulas chatas de balé serviram para algo insignificante hoje, não é mesmo?

— Não, você não é uma fada, muito menos do Sexo. — Ele ri suavemente, cheio de graça e leveza, como pode tão bonito? Aish... — Por que não vai vestir uma roupa?

— Ué, e isso não é roupa? — Digo com serenidade, estico minha mão até a geladeira, onde devo puxar, e observo meu reflexo vendo meu camisão de dormir cobrindo praticamente todo meu corpo. Por fim abro o objeto grande a minha frente e pego uma Diet Coke. Uma batida na porta se manifestou no ambiente, pude observar pelo reflexo da grande geladeira perfeitamente quem era. — Oi, JungKook! Pode entrar.

Jeon Jungkook entrou, tirando seu grande óculos escuro do rosto. Olhando bem pra ele agora, posso sentir uma pequena pontadinha, não sei onde e muito menos porque, mas sempre acontece.

Não importa quantos anos pudessem se passar, eu sempre me sentiria refém ao ver JungKook, sentindo uma palpitação aguda e intercalada entre dor e doçura. Não só por sua beleza vagarosa e ameaçadora, que sempre quando pode lembra-me de uma descida pela escuridão, chocando-me contra a realidade de existir um ser como tal a minha frente.


Espero que tenham
gostado hihi e
Beijinhos doce no BumBum
de cada um <3

Shadows World (Imagine Jeon JungKook)Onde histórias criam vida. Descubra agora