Mudanças

O dia amanhece cinza em Nova York. A fumaça das fábricas paira no ar e logo cedo é possível ouvir o trânsito, cada vez mais caótico. Cortinas abertas, roupas no chão. Ainda parecia noite no pequeno apartamento de Leonard, que se localizava na Cranberry Street.

Meio sonolento, ainda cambaleando, Leonard se levanta e o local se transforma em um espetáculo mecânico. Um aspirador barulhento surge da cozinha e começa a sugar a poeira. A cafeteira automática já serve o café assim que detecta a presença do dono e enquanto toma seu expresso, a geladeira inteligente prepara a lista de compras.

Já trocado e limpo, Leonard para enfrente ao espelho e observa o reflexo. O homem que o olha parece cansado, tedioso. E mesmo com seus 52 anos de idade, ainda conserva uma boa aparência.

Às 09:00, pega sua caixa de ferramentas e sai. Como seu trabalho ficava a apenas três quadras de onde morava, ele sempre ia caminhando. Durante o trajeto passa ao lado de uma pizzaria e se lembra com saudades do tempo em que trabalhava como garçom.

Leonard chega a LOOB, uma  grande empresa que cria Inteligência Artificial para redes Fast Food. Ele e mais dois homens que aparentam ter uns 60 anos eram os únicos humanos no local. Todos os funcionários haviam sido substituídos por robôs e computadores.

Os que não puderam acompanhar o progresso, terminaram assim. Sentados no chão com suas ferramentas, os três consertavam as peças de Androids quebrados. Cada aperto com a chave vinha acompanhado de saudades do passado.