Prologo

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Estava tão ansiosa para aquela viagem, seria a primeira vez que faria um cruzeiro sozinha. Havia economizado o verão inteiro com o emprego que eu conseguira com um amigo meu de garçonete em um restaurante. Subi o pier e dei meu primeiro passo para dentro daquele grande navio. O Rosa branca era novo e considerado um dos mais seguros da atualidade. Minha mãe fez uma pesquisa bem funda sobre ele e sempre dizia "Yvina, tome cuidado", "Yvina não esquece de levar tudo", "Não vá pular no mar heim minha filha"

Entrei pelo portão principal e vi o grande salão encantada com o tamanho. Era tudo dourado e grandioso que desejei morar ali pra sempre. O apito ecoou e a embarcação saiu pra alto mar. Estava balançando demais e me senti um pouco enjoada, então resolvi ir para o quarto arrumar minhas coisas.

Depois de algum tempo eu fui até a parte de fora da navio para ver a água que estava bastante agitada, mas de uma beleza tão imponente que era de se admirar. O barulho da agua batendo na parede do barco soava como uma musica e um apelo desesperador, como se o mar estivesse pronto para nos devorar. Eu estava prestes a entrar novamente quando um rapaz alto e moreno parou ao meu lado com uma garrafa de cerveja na mão.

- Ela é linda né? A água. - Seu olhar atravessava o horizonte e seus braços estavam apoiados no corrimão de metal relaxados. - Até parece que tem vida.

- Sim, realmente linda.

- Já fez algum cruzeiro? - Ele se virou para mim revelando seus magnificos olhos castanhos. - Esse já deve ser meu milésimo.

Ele riu e deu um gole da garrafa.

- É o meu primeiro. - Admiti rindo baixo.

- Então temos que comemorar. - Ele ergueu a garrafa como um brinde com um tom brincalhão. O cara que mal sabia meu nome me puxou para o bar, pediu duas taças e mais uma cerveja. Ele encheu as duas, batemos uma na outra e bebemos. Fomos para uma mesa perto e sentamos um na frente do outro.

- Me conte sobre você.

Eu não era uma tipica adolescente que saia e flertava com garotos, mas achei que pudesse tentar dessa vez, ou apenas conhecer alguém legal interessante. Já tinha sido alertada sobre estranhos ainda mais com bebidas na mão, mas não achei que faria mal me apresentar para aquele lindo e sedutor garoto de cabelos longos.

- O básico é, me chamo Yvina tenho 19 anos e acabei de cursar o colégio e vou pra universidade de dança ano que vem. - Bati com a taça na mesa pondo o corpo pra trás. - Agora sua vez.

Ele se inclinou para começar a falar mas então uma musica começou a tocar vindo de fora, cada vez mais alta e o garoto simplesmente parou com os olhos travados pra lugar nenhum. Ele levantou e caminhou em direção pra fora. Olhei em volta e quase todos estavam fazendo o mesmo, e cada vez mais pessoas iam se levantando. Porque diabos todos estavam se jogando no mar? Caminhei em direção ao som me sentindo cada vez mais puxada por aquela melodia doce e agradável. Me senti tão bem que só tive vontade de chegar até ela. Era incontrolável, tão hipnotizante que era impossível não andar e de repente eu pulei como todos os outros.

Quando o gelado da água tocou minha pele me senti acordar. Todos gritavam pelas próprias vidas e eu não conseguia ficar na superfície já que não sabia nada sobre nado. Gritei por socorro, desesperada mas ainda com a enorme vontade de chegar a origem daquele som. O estado hipnótico voltou e deixei meu corpo ir para submerso sem conseguir pensar direito. Mais uma vez voltei ao desespero de estar sendo afogada agora completamente embaixo da água. O barco acima de mim despencava vazio, todos estavam ou mortos ou quase. Olhei em volta e do outro lado estavam três mulheres se aproximando de mim. Eu quis fugir mas não consegui, algo estava fazendo uma barreira me deixando naquele exato lugar.

Eu simplesmente parei e já não precisava mais de ar. As garotas se aproximaram cada uma com um vestido diferente. A mais nova tinha traços de quem vinha da Índia, com certeza, a que eu julguei ser a do meio tinha uma beleza exótica e chamativa e a ultima era a que estava a frente das outras e a primeira a falar comigo.

- Você deseja viver? - Ela perguntou com tanta naturalidade embaixo da agua como se fosse intima dela.

Fiz que sim com a cabeça rápido. Eu queria mais que tudo VIVER.

- O que vocês são? - Abri a boca e a água não incomodou quando eu falei. - O que está acontecendo?

- Somos sereias. - A líder respondeu. - Nos matamos pela Água em troca ela nos dá a vida.

- Você abdica de sua vida humana para servir a Água em troca? - A mulher do seu lado começou a falar. - Servira 100 anos a Ela, dando lhe vidas em troca de sua sobrevivência. Depois você poderá ser liberta.

Eu faria qualquer coisa para ser salva.

- Eu aceito.

Nada mais que voltar a vida passava na minha cabeça. Nem minha família, amigos nem nada. A indiana se esquivou como se dando espaço para alguém e um liquido escuro entrou em meu corpo e me sufocou mesmo não sendo uma sensação ruim. Ela segurou a mão e a apertou sorrindo fraco para mim. Certamente ela também tinha passado por isso. Quando o liquido acabou de entrar vários cristais de sais grudaram em meu corpo formando um vestido esplendido e depois disso, eu apaguei.

A Próxima SereiaWhere stories live. Discover now