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Pedro decidira aproveitar o dia livre para adiantar seus afazeres. Assim, corrigiu algumas tarefas avaliativas que passara para seus alunos durante a última semana.
Após terminar a pilha de provas e planejar as aulas da próxima semana, o homem notou que já eram mais de 15h00.
Tomou um banho para refrescar seu corpo e mente. Desde o dia anterior, ele tinha sua mente ocupada por aquela imagem: Sammy ajoelhado em seus pés, chupando-o, implorando por mais...
Porém ele sabia que aquilo não passava de uma fantasia perversa, e, que, na realidade, eles haviam se despedido da forma menos afetuosa quanto possível. O professor não era o tipo de pessoa carinhosa, mas mesmo assim estranhou a frieza de Samuel.
Apesar disso, aquele era seu aluno, e ele havia colocado uma barreira na relação de ambos. Aquilo não poderia atrapalhar sua linha de raciocínio.
Então, apesar da imensa tentação em pegar o telefone e ligar para Sam, o homem saiu do banho colocando outro plano em mente: visitar seus pais. Aquilo com certeza o ocupar pelo resto da tarde.
Seus pais sempre foram bastante afetuosos, orgulhando-se de cada passo do primogênito. Amor era o que não faltava a ele. Quem sabe aquele desejo pelo aluno não seria só carência disfarçada?
Após vestir-se com roupas casuais, o homem pegou as chaves do carro e deu partida. Saindo de sua garagem, Pedro ligou o rádio e aumentou o volume.
Ele foi absorvido pela música a tal ponto que, quando viu, já havia chegado na casa dos pais. Desceu do carro e caminhou até a porta da frente.
"Não, espera," pensou ele, parando, "tem algo errado."
Então, voltou até o carro e tentou abrir a porta. Estava trancada. Com isso, o homem destravou o carro, abrindo a porta e fechando-a novamente em seguida. Só por precaução, tentou abrir pela segunda vez. Não foi.
"Ufa. A porta tá fechada.", pensou ele, virando-se novamente em direção da casa.
Na entrada, uma mulher que não passava muito dos quarenta anos o observava.
–Pê, de novo com essa mania? – ela perguntou, referindo-se à sua última ação.
–Mãe, como soube que eu cheguei?
–Eu estava aqui, regando minhas plantas, e escutei o "bip" do seu carro na hora que ele destravou. Quando escutei alguém abrindo e fechando a porta sem parar, soube que era você.
Pedro a encarou por alguns segundos. Achava engraçado o fato de sua mãe conhecer suas manias tão bem. Então, ele sorriu docemente e a abraçou.
-Eu estava com saudades, filho! Desde que você começou a dar aula, parou de vir me ver todo dia! - ela disse, passando a mão no cabelo do filho e fazendo um topetinho. - Seu pai também está com saudades...
-Lígia? Com quem está falando? - uma voz grave veio de dentro da casa.
-É nosso filhinho, amor! - respondeu ela - Vem, Pê, eu fiz bolo. Vamos comer alguma coisa e conversar! Estou tão feliz que você veio assim, de surpresa...
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Just a Fantasy
RomanceInspirado no mangá "A Man of Virtue", de Jeongsughan Namja. "Samuel se via sem roupa sentado em cima da mesa do professor, estava sozinho na sala... talvez nem tão sozinho assim. Uma figura que não conseguiu identificar se esgueirou por entre sua...