quando você sabe quem você é.

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N/A: essa drabble, ou conto, ou o que poderia vir a ser um conto se contasse com mais mais palavras, veio em minha mente durante uma madrugada enquanto eu ouvia 'Lights Up', de Harry Styles.

isso é sobre se reconhecer, sobre se conhecer e acima de tudo se aceitar.
espero que como um reflexo, você possa de encontrar pelo menos minimamente nessas palavras.

boa leitura.


Sorriu.

Era a primeira vez em muito tempo que fazia uma coisa tão simplória quanto se olhar no espelho. A sensação de olhar e se sentir bem foi como se supernovas explodissem dentro de si.

Havia passado um longo tempo que olhar no espelho causava desconforto, e até mesmo dor.

Que não reconhecia a pessoa que o objeto grande na parede mostrava.

Hoje, no entanto, era diferente.

Pela primeira vez pelo que pareceu na vida reconheceu. Aquele ser que olhava de volta no espelho, o reflexo, era a si.

Olhos vividos, brilhando em coragem quase insana, a vontade de viver e gritar para o mundo que agora se conhecia.

Que agora sabia quem era que habitava aquele corpo que um dia pareceu tão estranho.

Havia passado tanto tempo se sentindo desconfortável dentro da própria pele, era como se não conhecesse aquele corpo.

Era um incômodo que nunca passava, que por vezes sufocava seu ser e que às vezes causava falta de ar.

Uma sensação constante de não ser quem era de verdade, e então não saber quem era.

No entanto, se via agora. O reflexo mostrava.

As curvas.

Os olhos.

Os ombros.

As mãos.

A barriga.

As pernas.

Parecia certo.

O que via não era a imagem turva que não reconhecia e que os outros viam, e sim a imagem nítida de si.

E embora seu quarto todo estivesse bagunçado, com papéis espalhados, roupas jogadas e o barulho da tv da sala em atrito com a música que tocava no celular, sentiu como se tudo estivesse em perfeita ordem.

A verdade nua e crua, era o que via, fazendo uma risada escapar pelos lábios enquanto passava as mãos pela pele dos ombros, amando-se.

Ali estava uma pessoa que não era nada daquilo que os outros diziam, que a mãe chamava e que os estranhos enxergavam.

Ali, estava a pessoa verdadeira que havia se encontrado no caos do mundo, que havia acendido as luzes e saído da escuridão.

Que havia se descoberto.

E ali pela primeira vez na vida se sentindo leve prometeu, não para os outros, mas para si, que nunca mais voltaria atrás.

Que o único caminho possível era para frente, seguir adiante.

Nunca mais voltaria atrás.

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