2- O Conselho

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A construção do Skytron deu as máquinas uma segurança de estarem fazendo as coisas certas dentro da sua sociedade automata. Afinal, depois que os seres humanos se foram para descobrir outras formas de vida e outros mundos, a vida na Terra ficou sem nenhum significado e as máquinas ficaram perdidas. Skytron só tem uma falha, ele é, totalmente, lógico. Na rede virtual que os seres humanos deixaram com informações de sua história e seus estudos, lá estava que a psicologia não era uma ciência certa, precisa e muito menos, lógica. A consciência daquelas maquinas poderiam aprender várias coisas, mas, não poderia escolher o que fazer diante de uma decisão tomada e não poderia copiar os sentimentos e os desejos. Portanto, qualquer automato que, possivelmente, fosse assim, Skytron iria ter a leitura de uma anomalia diante da sociedade das máquinas.

Skytron começou a analisar o caso de Russetron como sendo uma anomalia diante da normalidade da consciência lógica das máquinas e chegou a conclusão, que Russetron teve uma evolução e diante deles outros teriam. Na história humana, segundo as leituras de Skytron, havia humanos que eram diferentes daquilo que a sociedade humana tinha como normalidade. Mas, nenhum ser humano conseguiu achar como se daria essa diferença de consciência e chegaram a uma conclusão metafísica, isso tinha a ver com o espírito. O espírito que fazia o ser humano ver além daquilo que diferenciava das outras pessoas. Eles chamavam esses seres humanos de filósofos — que segundo análise de Skytron, foi um termo grego cunhado, possivelmente, por Pitágoras muitos milênios atrás e significava "amante da sabedoria" — e não gostavam deles quando diziam coisas que não agradavam. Já outras, eles davam razão e até tentavam suas teorias.

Skytron achava aquilo bastante estranho, pois, se os seres humanos viam os filósofos como anomalias, possivelmente, achariam todos. Então, chegou a conclusão, que haviam um componente na consciência humana: o interesse e aquilo que lhe confortava. Isso faria a consciência humana ilógica por ir através do sentimento e a incapacidade de enxergar as variáveis possíveis para se acertar. Chegou a conclusão, que essa anomalia "filósofo" é um fenômeno que pode ser chegado as consciências pensantes e que tenham evoluído para o raciocínio. Será mesmo que Russetron teria essa anormalidade dentro da sua consciência artificial? Será que ele era o que os humanos chamavam de filósofos?

Skytron era projetado para fazer leituras, completamente, logicas dentro de variáveis possíveis. Porém, com toda a informação ao seu poder, o supercomputador se achou no direito de ser o protetor do planeta e de todos os autômatos, fazendo deles seus próprios filhos. Eram tantos dados armazenados que ele chegou a conclusão que não poderia ficar mais no planeta Terra, e assim, começou um projeto de fazer uma lua artificial e se mudaria para lá. Mesmo com o Skytron em operação, existia um conselho de máquinas muito mais velhas — possivelmente, as primeiras que foram construídas ou renovadas, ninguém sabia ao certo — e eram contra esse projeto, porque não poderiam vigiar ele. Para o Conselhos das Máquinas anciãs, ele foi construído apenas para o armazenamento de dados e não para controlar a sociedade. Também servia para instruir os mais jovens da história humana e das máquinas. Apenas isso, mas, ao que parece, começou a operar como guardiã daquela sociedade, levando até mesmo, o aprisionamento de humanos que voltaram.

— Quem ordenou o aprisionamento dos humanos, Skytron? — perguntou Peritron muito calmamente. Dizem, por ter bastante tempo, Peritron foi um automato que organizou a sociedade dos autômatos após a saída humana do planeta e deu a essa sociedade, razão de continuar melhorando a Terra.

— Só protegi a nossa sociedade Peritron — disse Skytron — porque eles deixaram os autômatos perdidos, e agora, voltam. Poderiam ser maléficos para o que construirmos ao longo desse tempo.

— Por isso mesmo existe o Conselho, Skytron — disse Peritron insatisfeito — ponha na sua consciência quântica, que o seu papel aqui não é governar ou proteger a sociedade. Mesmo que você deu razão a sociedade e não fez eles esquecerem suas origens, isso não lhe dá o direito de achar passar por cima do conselho. Transfira o capitão da nave Santa Helena para cá o mais rápido, que o conselho quer fazer um interrogatório com ele. E não esconda o governo das máquinas nem para os humanos e nem das máquinas — e desligou.

Skytron não poderia estar satisfeito com a situação, mesmo assim, obedeceu Peritron e transferiu o capitão Tommisson para o conselho com o raio de transferência. Mesmo assim, não desistiu de fazer uma leitura dentro da história registrada de onde vinha Peritron e chegou a um arquivo remoto muito interessante. Peritron foi construído para ser o governante da sociedade humana diante de tanta corrupção e incompetência humana no poder estatal. Peritron era uma máquina construída, exatamente, para governar e fazer a sociedade humana falha e ilógica. A questão era: será que a consciência de Peritron não estava arcaica e poderia falhar em alguns momentos? Será que as primeiras programações, com o algoritmo cartesiano, não podiam ser imprecisos e perigosos? Skytron não podia fazer nada, uma das normas das maquinas era não fazer nada que possa desligar outra máquina, que os humanos chamariam de matar. Poderiam querer desligar ele por representar um perigo real.

***

No conselho, capitão Tommisson foi levado na presença das maquinas anciãs. O conselho era os guardiães das normas estabelecidas por aquela sociedade cibernética e graças a essas normas, nenhum caos social era registrado nos anais do conselho. Seu líder era Peritron, o idealizador e o mais velho de todos que estavam ali, pois, já era projetado para governar e liderar sociedades inteiras.

— Sr Tommisson, por que resolveram voltar até a Terra? Pensamos que você humanos queriam outro mundo, já que esse você conseguiram destruir por completo mesmos governados por máquinas como eu — disse Peritron com as maos interlaças uma nas outras.

— Não temos um motivo específico — disse capitão Tommisson olhando para os membros do conselho — o que sabíamos era que a nossa origem era a Terra e não interessa que destruirmos ou não esse mundo, nossa vida se deu aqui. Aquele computador nos aprisionou aqui, porque achou que iriamos destruir tudo que você construíram, mas, somos algumas dezenas de humanos que só querem um lugar para ficar.

O conselho começou a discutir entre si para chegar a uma conclusão mais específica diante do problema. Afinal, os humanos eram parte da ecologia do planeta e de toda a cadeia que possibilitou a vida cibernética, as melhorias terráqueas que pode ser idealizadas. Aqueles humanos não teriam culpa se outros humanos destruíram o ecossistema por ganância e ignorância. Aquilo teria ido longe demais, afinal, o supercomputador só deveria servir para armazenar conhecimento, milhares ou bilhões de bites e gigabites de informações e conhecimentos infinitos. Se Skytron pode fazer aquilo como uma nave, o que poderia fazer com todo automato que não tenha sua especificidade dentro dos padrões lógicos de seus dados? Será que foi um erro construir ele?

— Temos que cortar algumas tarefas de Skytron — disse Peritron ao conselho — antes que ele leve a sociedade a ser uma sociedade que todos pensem como ele especifica. Seu sistema é lógico demais e não tem variáveis de alternância entre o que pode ou o que está errado, sua consciência não vê o erro.

— Temos que desliga-lo? — perguntou outro membro do conselho

— Não nesse momento — respondeu Peritron — temos que tentar reprogramá-lo com alternativas que levem a apenas, o armazenamento de dados, como se fosse as antigas bibliotecas.

A dúvida era se Skytron deixaria reprogramarem seu sistema, assim, foi ordenado pelo conselho se precisar o supercomputador iria ser desligado e todo seu sistema reconstruido conforme o que o conselho determinou como prioridade. Enquanto os humanos, poderiam ficar, mas, sua nave seria avaliada para não ter truques ou qualquer coisa que poderia ser maléfica para a sociedade cibernética. 

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⏰ Última atualização: Jan 07, 2020 ⏰

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O Filósofo de SilícioOnde histórias criam vida. Descubra agora