20 DE AGOSTO DE 1977 - 00H48
- Vamos acorda logo! - Eliot bateu com a ponta do dedo na orelha de Jerry.
Jerry estava pensativo,com o taco de bilhar na mão direita e o olhar fixo num quadro do Jack Daniel's pendurado na parede do bar. Ao voltar seu olhar para o jogo, debruçou-se na mesa e mirou a bola que restava. Era uma tacada difícil, mas, para quem tinha pressa de sair, derrubá-la foi moleza.
- Pra mim a noite termina agora - disse enquanto a bola se dirigia ao buraco.
O animado som ambiente tocava "Kiss Me Quick" do Elvis Presley.
- Eu ainda vou ficar mais um pouco - Eliot falou.
Jerry fez um gesto negativo quando percebeu o olhar atento do amigo em uma mulher de cabelos castanhos e calça apertada sentada numa mesa próxima, bebendo um dry martini. Eliot tinha se casado havia quatro meses e seria pai em breve, mas nem isso o impedia de flertar com outras mulheres.
- Tá legal - Jerry murmurou e tomou outro gole de cerveja - Nos vemos na semana que vem?
- Ainda não sei, cara - a resposta veio em um tom incerto. - A Diana está querendo visitar os pais dela antes do nascimento do bebê. Provavelmente vou ter que pegar alguns dias de folga.
- Vá se acostumando.
Eliot riu
- Falando nisso, comprou o terno para o batizado?.
- Não aquele que comentei. O preço estava demais pra mim, Comprei outro, mais em conta - Jerry olhou através da janela. Nuvens carregadas pairavam no céu, molhando o asfalto numa garoa incessante. - Vou dar o fora antes que o tempo piore. Não faça nenhuma besteira!.
- Deixa comigo, cara. Boa noite.
A chuva passageira, que se mantinha fina até aquele momento, começou a aumentar enquanto Jerry chegava ao estacionamento. Ele precisou apressar o passo para não ficar ensopado, mas não foi rápido o bastante para chegar seco ao carro, um Renault Dauphine 1961 que havia herdado da mãe.
Alguns metros longe de seu veículo, se deparou com um homem barbado com capa de chuva que tragava um cigarro, tentando disfarçar, mas era perceptível que seu olhar estava atento. Jerry pós a chave na ignição e deu partida duas vezes para que o motor roncasse. Ele coçou a testa quando engatou marcha a ré e viu o mesmo homem embarcar depressa num Maverick azul, que disparou pela avenida, quase batendo em um carro estacionado.
Onze quadras pouco movimentadas separavam o bar de sua casa. Na última esquina, com as ruas quase desertas, o barulho compassado do limite de para-brisa embalou seu pensamento quando parou no sinal vermelho. Lembrou que precisava ir ao banco na manhã seguinte, além de dar um pulo na universidade para conversar com o supervisor a respeito do que tinha descoberto horas antes, naquela noite. O trovão que ouviu segundos depois o alertou de que a luz verde tinha acendido, então acelerou para encontrar à direita. Assustou-se. Teve que frear quando uma ambulância lhe cortou entrando na rua. Estava curiosa para saber o que tinha acontecido na vizinhança.
Ficou surpreso ao se aproximar e ver três viaturas da polícia e uma ambulância parados na frente da sua garagem. Além do Maverick azul estacionado do outro lado da rua.
Avançou devagar e estacionou atrás de uma das viaturas. Antes que desligasse os faróis e saísse do seu carro,dois polícias se aproximaram.
- Sr. Laplace?
- Sim, sou eu - Jerry respondeu um tanto desconfiado. - Aconteceu alguma coisa?
- Pode sair do carro, por favor?
Achou estranho pois todos estavam o encarando.
- O que está acontecendo? - indagou virando o pescoço para enxergar a porta onde dois paramédicos empurravam uma maca com um corpo coberto em direção a ambulância.
- É o que esperamos que responda - Um dos policiais pegou as algemas enquanto o mesmo estava revistando.
- Ele está limpo - o policial que o revistava anunciou.
Jerry suspirou, mas o breve momento de alívio terminou quando um dos policiais apontou sua lanterna para o banco de trás do Renault Dauphine, onde havia uma pistola de 9mm enrolada num pano ensanguentado.
- Jerry Laplace - o seguraram pelo braço e o algemaram - Você está preso pelo assassinato do professor Joseph Currie. Tudo o que disser poderá ser usado contra você...
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The First Contact
ActionEm uma noite de 1977,o estudante de astrofísica Jerry Laplace vê sua vida virar do avesso quando,no observatório da Universidade de Ohio, recebe o sinal Wow!,que finalmente pode comprovar a existência de vida extraterrestre.