Emília
Alguns dias antes, meu pai – se é que eu podia chamar aquele monstro de pai, pois, após a morte da minha mãe, ele me estuprara e passara a fazer isso todas as noites e na hora em que desejava – havia me dado a um grupo de motoqueiros que eram piores do que ele. Desgraçado! Por causa dele, meus sonhos tinham morrido. Eu sonhava em ser uma estilista famosa, adorava desenhar. Aquele bêbado destruíra isso.
Todos naquele antro de MCs estupravam as meninas na frente de todo mundo. Até policiais frequentavam aquele clube e não faziam nada para prendê-los.
A garota que tinha sido trazida para aquele lugar, assim como eu, falou-me para dizer que era virgem, pois assim aqueles homens não me tocariam no início. Não entendi muito bem, mas parecia que, sendo intocada, eu teria mais valor. Isso me deu raiva, mas fiz o que ela me sugeriu.
Estávamos no salão do clube MC Scorpion, e eu torcia para que acreditassem que eu era pura, porque todos ali eram letais. Se eu fosse jogada no meio deles, não sobraria nada.
O local estava cheio, parecia que alguém chamado Scott estava chegando, e isso deixou Black, o presidente do clube de motoqueiros, muito furioso. E nós, que estávamos ao seu redor, pagávamos o preço.
Eu estava ajoelhada na frente de Black, obediente, mas não por vontade própria, claro! Porém, ou faria aquilo, ou teria que aceitar as consequências dos meus atos.
O cara chamado Scott entrou e veio até onde Black estava. Observei-o de perto. Cabelos escuros e olhos azuis. Parecia um lobo. Poder irradiava dele, que não parecia temer o lugar ou todos ali, os quais tinham a capacidade de matá-lo.
Black puxou meus cabelos, forçando-me a olhar para ele e não para o homem que me encarava, embora não com desejo, como eu via no rosto de muitos doentes ali, mas com raiva do chefe MC.
— Coloca logo essa maldita boca em mim, sua puta! Vamos ver o quão bem você sabe chupar um pau — sibilou Black.
Meu pai só buscava o que queria – sexo cru – e nada mais. Eu não sabia fazer o que aquele homem queria, bem como não desejava fazer aquilo, ainda mais com ele, nem ficar ali, à mercê daquele bando de animais, porque era isso que eles eram. A expressão certa era "demônios desalmados".
O cara parou em frente a Black com alguns dos seus homens ladeando-o como leões prontos para darem o bote.
— Seu serviço não foi confirmado — rosnou Black. Ele me empurrou, quase me fazendo cair no chão de cimento duro. Contudo, Scott impediu que eu quebrasse a cara.
— Isso porque eu não fiz.
— Você a quer? — Black gesticulou com ferocidade para mim, que estava ao lado do homem lindo, tentando cobrir minha nudez.
Scott me soltou, mas não saí do seu lado; talvez ele pudesse me tirar daquele lugar.
— Você sabe que não sou estuprador como vocês — grunhiu com punhos cerrados. — E você disse que os caras eram gente ruim, da pior espécie, e não trabalhadores, que se esforçam dia e noite para ganhar o próprio sustento. Pelo amor de Deus! Eles são inocentes e não têm nada a ver com vocês aqui.
— Eles não são inocentes, Scott, e o primo da mulher dele me deve uma nota preta. Se você não me pagar, sua família paga o preço! Devia pensar nisso antes de fazer besteira, porque você tem uma irmã linda de quem poderíamos usufruir muito aqui, não é, rapazes? — Black apontou para todos ao redor, mas não consegui olhar, apenas fiquei meio escondida atrás de Scott.
Estremeci, mas fiquei quieta, pois não queria morrer. Isso não podia acontecer. Esperava que aquele homem de olhos azuis me tirasse dali. Preferia ser dele a ser tocada por aqueles animais.
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Daemon, Série MC Fênix
RomanceSinopse Emília Snow é mãe solteira e guarda um passado de dor e sofrimento, um ao qual deseja esquecer. No entanto, nada acontece como gostaria. Após anos fugindo do homem que diz ser seu dono, ela tem que escolher entre continuar fugindo de quem a...