Ao longe pude ver as faíscas crepitarem e o impestuoso a balançar, a espessa linha irradiava energia enquanto a tocava como um beijo suave mas tão intenso quanto o feroz furacão. O raio a enchia de energia e a possuía aos poucos enquanto ela sentia a energia pelas veias, seus músculos em um impulso, a fizeram correr, seus nervos lutavam em incansável esforço por espaço entre as membranas, seu coração a impulsionava com batimentos frenéticos e alarmantes que poderiam ser ouvidos a milhas de distância, seus pés descalços eram feridos sem piedade pelo campo espinhento que atravessou. Ao longe ouvia a voz que a motivava a seguir em frente.
"CORRA"
Era a única palavra proferida, tão retumbante quanto um rugido e tao estrondosa quanto um trovão.
"CORRA"
Seus ouvidos estavam preenchidos pelo zumbido agonizante da adrenalina. O fervor em suas mãos ao se balançaram em ritmo frenético a restaurava e lhe concedia forças, seus pulmões se livraram do ar como um sopro.
"CORRA"
Para logo depois recupera-lo aos poucos.
A força aplicada em suas costas pelas faíscas luminosas empenhavam a sua busca incansável pelo oculto, agregando as infinitas possibilidades do desconhecido.
Apenas mais uns passos ela repetia em sua mente. Suas roupas foram rasgadas pelos espinhos altos que se atreviam a lhe manusear cortes pela sedosa pele das coxas.
"CORRA"
Ela já podia ver o fim, onde a luz era tamanha que não reconhecer o caminho faria jus à ceguez.
"CORRA"
Ela se ergueu com os calcanhares feridos e sangrentos, seus longos dedos se espertigavam preguiçosamente enquanto seus bruscos batimentos a lembravam do pedido à espreita.
Com um último lampejo de dor ela conseguiu, tudo a sua volta fora substituído pela claridade ofuscante, fechou os olhos de súbito para abri-los em seguida e despertar em seu quarto.
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Voz
Poetryalgumas histórias ou textos que escrevo quando tenho gatilhos emocionais ou inspirações súbitas. prefiro mantê-las no anonimato enquanto significam tanto.