Então é assim o grande final do Menino-que-sobreviveu, morrer sozinho em uma banheira cheia de água gelada vendo seu sangue se misturar com a água. Patético. Deveria ter morrido naquela maldita floresta. Não deveria ter escutado aquele velho manipulador. Pelo menos morreria achando que possuía algo e ficaria junto de sua verdadeira família. Mais claro, ele precisa voltar. Afinal, havia pessoas contando com ele. Pessoas que deveriam ser sua família também. Como pude ser tão idiota... Bem, pelo menos agora ele sabia que ele não era nada além de uma arma para eles. Que quando quebrada, eles jogam fora. Agora estão sendo aniquilados por trouxas.
O garoto gargalha, sentindo seus pulmões queimarem. Mas não para de rir até sentir sua garganta doer e a fraqueza o dominar. De repente, ele chora de raiva de si mesmo por ser ingênuo, de dor pela perda daqueles que realmente o amavam e finalmente pela mágoa da traição. E então, ali estava ele, observando o líquido escarlate que escorria de seus pulsos, pingando suavemente na água, causando um barulho que podia ser baixo, mas se tornou alto pelo cômodo frio e escuro, onde o grande herói de guerra Harry Potter morreu.
Ao abrir meus olhos, me encontro na estação King's Cross como da última vez. Tudo branco e vazio. Então, estou morto ou morrendo? Seja o que for, não me importo. Não sinto nada, só quero paz. Meus joelhos ficam fracos e deixo-os cederem ao chão. Apenas vou esperar.
E assim foi, eu esperei por algo, mas nada aconteceu. Se me importo? Não pela primeira vez. Só o fato de estar ali já era bom. Sem nada, ninguém, apenas silêncio.
Bom, pelo menos até um som de passos ecoar pela estação. Mas Harry não fez questão de se levantar para olhar. Ele não ligava. Seja quem fosse, não ligava. Só queria continuar ali, em sua bolha, em seu silêncio, em sua caixa, sozinho
-É isso mesmo que deseja? - Uma voz feminina e calma cortou o silêncio. Ainda com a cabeça baixa, Harry viu um par de sapatilhas brancas.
Ele decidiu ignorar quem quer que fosse. Não importava. Não tinha vontade de descobrir.
-Sabe, muitos acham que morrer é a melhor saída... - A voz se fez presente novamente. - Posso lhe dar uma lista dizendo o porquê de cada um querer fugir... - A voz era gentil e doce, e fez Harry se sentir aquecido. - Alguns querem morrer por falta de esperança, outros porque têm medo de continuar vivendo... - Harry fechou os olhos com força, tentando ignorar essa voz. - Outros porque sentem que não precisam estar vivos, alguns apenas querem fugir deles mesmos e do vazio que ocupa seus corações e destrói suas almas... - Harry agora conseguia sentir uma respiração calma e um doce cheiro de flores do campo. - E muitos tentam fugir deles mesmos, de suas dores e fraquezas, de seus medos e problemas. É que uma grande maioria prefere morrer do que viver num mundo onde tudo parece escuro.
Harry sentiu lágrimas descerem por suas bochechas. O pobre garoto colocou suas mãos sobre o peito, que parecia doer tanto. Como é possível sentir dor mesmo já estando morto? O garoto mordeu os lábios, se contendo para que um soluço não saísse do fundo de sua garganta.
-Apenas deixe sair, criança. Ninguém estará te julgando aqui... - E como se tivesse apertado um botão, Harry chorou mais do que quando estava vivo. Chorou a morte de seus pais, chorou pelo seu padrinho, por Remo. Chorou o que não pôde quando estava com um peso de ser o escolhido nas costas. Ali, ele chorou o que não conseguiu em vida, o que não chorou para ninguém antes. Ali, naquele lugar tão familiar e ao mesmo tempo desconhecido, chorou enquanto sentia alguém que nem mesmo viu o rosto ainda lhe passar conforto.
Foram minutos até ele decidir abrir seus olhos e ver quem era a pessoa que o havia visto chorar como um bebê.
E foi então que Harry arregalou os olhos. À sua frente estava uma menina de onze anos que Harry lembrava ter visto nas memórias de seu professor de poções. Cabelos ruivos e lisos, pele clara, olhos verdes iguais aos seus, usando um vestido branco que lhe dava um ar angelical.
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Harry Potter : Em outro tempo
FanfictionHarry Potter tem uma nova aventura na sua segunda chance em outro tempo ele tera sua ultima aventura sera que lá finalmente ele tera o que ele sempre quis, sera que ele podera se sentir inteiro outra vez e ainda tera forças para conserta aquele que...