Mamãe Vai... Casar?

PRÓLOGO - ENFIM PAZ

     Ouço o despertador do meu celular tocar pela quinta vez sem a menor paciência. No inferno definitivamente deve ter despertador, mesmo que ninguém durma. Esse tipo de coisa com certeza é obra do cão e deve fazer parte do castigo eterno lado a lado com esse calor que não dá trégua nem de madrugada.

      Com um urro, entendo a mão até o chão onde eu sempre deixo aparelho celular e faço no automático o movimento que imagino ser o que desliga a porcaria do despertador, mas não adianta. Faço novamente várias vezes com preguiça de levantar a cabeça do meu travesseiro delicioso, nada adianta. Puta que pariu! Eu faço essa merda toda manhã por que logo hoje que estou de TPM essa coisa não para?

      Em um acesso de raiva pego o aparelho e lanço-o na parede a minha frente. Ouço o barulho do objeto quebrando, porém o som do despertador não cessa. Só pode ser brincadeira de manhã cedo. Já dei PT em outros celulares com bem menos, como esse ainda funciona?

   Sentindo como se fosse torturada com choques, me rendo, retiro a venda para acabar logo com isso e ir cuidar na vida, mas antes que eu levante Belly entra aparentemente preocupada.

— Mãe! Que barulho foi esse?

— Da um jeito nesse som antes que eu surte e queime a casa. — brado — Chama um padre, um exorcista, a Nasa qualquer coisa, mas desliga isso.

— Calma.

     Ela pega um aparelho de cima da penteadeira no centro do meu guarda roupa e desliga.

    Observo sem palavras. O quê? De onde saiu isso?

— Desde quando tenho dois celulares?

— Esse é meu coloquei aqui para quando despertasse Malu não acordar.

     Tomará Deus que eu ainda esteja dormindo. Tomará que isso realmente não esteja acontecendo.

— Deixa eu ver se entendi, acabei de quebrar meu celular pra desliga o alarme e era o seu o tempo todo? Não pensou em me avisar?

     Deus nem me dá paciência porque não vai adiantar, me prende com teu santo manto porque solta eu sou capaz de matar essa menina. Respiro fundo contando até vinte mentalmente para me lembrar que já gastei meu réu primário há muito tempo.

— Já estava dormindo quando tive a ideia, além disso eu não lembrava que tinha colocado tanta soneca e nem sabia que quebraria o aparelho. — Ela acha que é filha de quem? Nem Mahatma Gandhi suportaria alarme a cada cinco minutos — Desculpa, ok?

— Desculpa o caralho, me deve um iPhone.

— Mãe seu celular não era um iPhone. — diz rindo enquanto procura algo no meu guarda roupa. Ninguém mais respeita a privacidade alheia?

— Sua dívida é comigo cobro ela como eu quiser. — respondo — Agora da o fora do meu quarto e das minhas roupas. Você sua demais, não quero pegar seja lá o que for.

— Só quero uma legging, Max e eu pretendemos correr antes das seis.

— Como assim?

— Sabe fazer exercícios juntos é bom para o casamento e...

— Não me importo com isso. Você me acordou antes das seis da manhã para nada? Vaza daqui agora.

— Olha Malu para mim? — pergunta ainda bagunçando minhas roupas.

     Será que estou falando mandarim?

— Não! — pego meu edredom e me embrulho nele — eu quero dormir.