Verdades

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Kate

Acordei com uma sensação estranha. Algo pesava sobre mim... ou melhor, alguém.

Pisquei devagar e, assim que abri os olhos, dei de cara com o braço de Nathan atravessado sobre o meu peito. Ele estava completamente esparramado na cama, dormindo feito pedra. E entre nós dois, bem no meio, estava Brooke, deitada de lado, com o rostinho colado no travesseiro, dormindo profundamente.

Meu coração se aqueceu com a cena, mas logo o instinto de mãe entrou em ação. Nathan estava quase deitando em cima dela.

— Nathan... — chamei baixinho, para não acordar nossa filha.

— Hum...? — ele resmungou, sem nem se mover.

— Você tá em cima da Brooke. Vai acabar esmagando ela desse jeito.

Ele soltou um suspiro, virou pro lado oposto com dificuldade e voltou a se aninhar nos lençóis, como se nada tivesse acontecido.

— Tá melhor assim? — murmurou, com a voz embargada de sono.

— Melhor... — respondi baixinho, com um sorriso de canto. — Preguiçoso.

Levantei devagar para não acordar Brooke e fui até o banheiro. Liguei o chuveiro e deixei a água quente escorrer pelas costas, relaxando os músculos. Depois de um banho demorado, me enrolei na toalha e fui até o closet. Assim que entrei, franzi o cenho. Minhas roupas estavam ali, dobradas, como se já fizessem parte daquele lugar.

— Mas eu nem trouxe minhas coisas ainda... — murmurei sozinha, surpresa.

Peguei um short jeans de cintura alta e uma blusinha preta mais colada. Vesti tudo ali mesmo, prendi o cabelo num rabo de cavalo e coloquei um boné do Nathan só pra provocar. Calcei meu All Star branco e segui até o quarto para acordar Brooke.

Me abaixei ao lado dela e acariciei seu rostinho macio.

— Bonequinha...? — sussurrei com carinho. Ela nem se mexeu. — Pequena, tá na hora de acordar...

Dei leves tapinhas em seu braço. Brooke se esticou toda, bocejando baixinho, ainda com os olhos semicerrados.

— Mamãe...? — ela murmurou, com a voz mole.

— Bom dia, amor. Vamos se arrumar?

Ela assentiu com um movimento lento da cabeça, ainda sonolenta. Abriu os bracinhos e eu a peguei no colo, levando até seu quartinho. Enchi a banheira com água morna e dei um banho rápido, com todo cuidado do mundo. Brooke ria baixinho enquanto brincava com a espuma.

— A gente vai sair hoje? — perguntou, esfregando os olhos.

— Talvez. Se o papai sair da cama, né?

Ela riu, e eu ri junto.

Depois do banho, vesti nela um vestidinho branco com flores lilases. Penteei o cabelo dela e deixei solto, caindo nos ombros. Passei um pouco de perfume atrás das orelhas e a ajudei a calçar os sapatinhos.

— Agora, que tal você acordar o papai pra mim?

— Eu vou! — disse com os olhinhos brilhando.

Ela saiu correndo animada, e eu fui atrás, parando no batente da porta do quarto para observar. Brooke subiu na cama com dificuldade, se equilibrando, e olhou para o pai estatelado entre os travesseiros.

— Papai...? Tá vivo? — ela perguntou, me lançando um olhar preocupado.

— Tá sim, bonequinha — respondi, rindo baixinho. — Só dorme como uma pedra.

Nas Mãos do Destino [Em Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora