Galway Girl - Parte 1.

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Ele me olhava com intensidade, como se tentasse descobrir algo que pudesse fazer sentido em toda aquela situação. Seus olhos verdes me encaravam. Aqueles malditos olhos verdes, que tanto me fascinam. Eu retribuia o seu olhar com a mesma intensidade, não queria que ele descobrisse o que se passava em minha mente.
Era um dia frio, tipico do inverno irlandês, desviei o olhar por um momento para tomar um gole do meu café, o calor me aqueceu por dentro.

- Você esta corada - ele riu baixinho e sorriu olhando para mim.

- Você sabe como o frio me castiga, isso é a única coisa que me esquenta, por isso estou vermelha.

- Tem outra forma de te esquentar - ele disse abrindo um sorriso malicioso, o que me fez corar, e não por causa do café.

- O que você quer de mim? - falei envergonhada tomando outro gole da bebida em minha caneca para tentar disfarçar a vermelhidão do meu rosto.

- Eu quero conversar, saber por que se afastou, foi tão repentino... sabe, eu sinto a sua falta... - sua mão segurou a minha por cima da mesa, eu estava um pouco chocada, não vou negar, nunca na minha vida pensei que isso estaria acontecendo. Ele realmente disse que sente a minha falta? Eu estou ficando louca? Escondi parte do meu rosto no cachecol que usava e com a pouca coragem que me restava olhei em seus olhos. Aqueles malditos olhos verdes. Ele ainda segurava a minha mão e me encarava como quem implorava por uma resposta.

- Você sente? - Eu sussurrei tentando descobrir algo nas entrelinhas do seu olhar, talvez isso fosse uma brincadeira inesperada, mas não foi essa a impressão que eu tive.

- Sinto, todos os dias, sei que não tinhamos algo sério, mas... eu gostaria de poder tentar outra vez, se você concordar, é claro. - Ele deu um leve aperto em minha mão, me trazendo lembranças, lembranças que são inoportunas neste momento.

- Você disse que nunca seria algo sério, que seria somente o que estava no contrato, por isso eu me afastei, eu quebrei uma das suas regras mais importantes - sussurrei desviando o olhar para a janela, a neve começava a cair, deixando a paisagem um tanto quanto triste, eu gosto da neve, não me leve a mal, mas como eu disse, eu sofro muito no inverno.

- Eu sei. - suas palavras me deixaram paralizada, ele sabia? Como? Eu não sou discreta o suficiente, não é? Como pude ser tão burra! Tão inocente! Eu me conheço, bem até demais no quesito "se apaixonar por quem não se deve". - Eu sei qual regra quebrou e eu quebrei a mesma. Por isso eu quero tentar outra vez, temos tanto em comum e nos conhecemos tão bem... - sua mão veio em direção ao meu rosto, que ainda estava parcialmente escondido atrás do cachecol. Ele o tirou com delicadeza, e acariciou as minhas bochechas coradas.
- Todo o seu sangue subiu para o seu rosto? - ele riu baixinho e eu sorri abaixando a cabeça tímida.

- Você sabe que sim - eu olhei para ele, olhei em seus olhos, queria saber se o que ele me disse era verdade, examinei cada detalhe do seu rosto e até mesmo eu pude perceber que era. Ele realmente quebrou a própria regra.

- Podemos ter outra chance, cabelos cor de rosa? - ri baixinho e desviei o olhar, ainda vermelha por conta da timidez.

- Podemos, é claro que podemos.

Contos por Hatake-AngelOnde histórias criam vida. Descubra agora