O dia tinha amanhecido lindamente, estava sol e a água do rio estava límpida. Estava tudo perfeito e em harmonia na natureza, o mesmo não se podia dizer da alma de Lisa. Todos os dias Lisa acordava com uma enorme dor no seu coração que não sabia de onde vinha. A jovem adulta já tinha recorrido a todos os médicos do país e todos lhe diziam que tudo não passava de um filme da sua cabeça. Então ela conformou-se com este diagnóstico de 20 médicos diferentes e deixou de procurar ajuda e de falar sobre a sua dor. Mas a realidade é que esta aumentava de dia para dia.
Lisa era uma jovem bonita, alta, magra e de famílias abastadas. No entanto, sempre foi uma rapariga muito reservada e solitária. Daí ninguém, ou quase ninguém, ter sabido do seu problema. Embora a rapariga não fosse muito social, tinha dois ou três amigos que estavam sempre bastante preocupados com ela e que tentavam fazer de tudo para a ver feliz e entusiasmada com alguma coisa. Mas com o passar do tempo até esses poucos amigos se foram afastando dela, pois assim que Lisa desistiu de procurar ajuda esta tornou-se uma pessoa fria, implicativa e o pior de tudo é que estava sempre a realçar os defeitos dos outros e a ofuscar as suas qualidades.
Logo, nem a beleza, nem a harmonia da natureza a deixaram mais feliz nesse dia. Lisa tomou banho e vestiu-se para ir trabalhar. E quando chegou ao escritório de advogados onde trabalhava todos lhe sorriam e a cumprimentavam, mas Lisa fazia de conta que não tinha visto ou então respondia secamente. A realidade é que já nem no trabalho se sinta realizada e ir trabalhar todos os dias já só aumentava a sua dor, e isso vinha a refletir-se nas tarefas que tinha a cumprir e ela tinha noção disso. Por isso quando o chefe a chamou ao seu gabinete Lisa não se sentiu surpreendida.
Assim que bateu à porta o reconhecido advogado ordenou-lhe que entrasse:
-Lisa, como está? Por favor sente-se! -disse o Doutor Francisco, meio em jeito de convite, meio em jeito de ordem.
Lisa sentou-se sem proferir uma única palavra. E o conceituado Doutor prosseguiu:
-Bem, eu não estarei aqui com rodeios. A realidade é que ultimamente o seu trabalho tem deixado muito a desejar, aliás tem me feito questionar porque a contratei em primeiro lugar. A Lisa sabe que aqui na empresa gostamos de saber sempre as dificuldades por que os nossos colaboradores passam e que os tentamos ajudar ao máximo, uma vez que somos todos uma grande família. Portanto, eu gostaria de saber se existe alguma coisa que a ande a perturbar e que justifique o seu desleixo para com as suas obrigações aqui no escritório. Não sei se já reparou, mas por aqui andamos todos bastante preocupados consigo. Todos a querem ajudar. -Francisco olha para a cara de Lisa enquanto fala e percebe que não irá conseguir fazer com que a jovem advogada fale. Por isso pega num folha e rabisca algo e entrega-o a Lisa.
Lisa olha para aquele pedaço de papel com um olhar intrigado e tenta decifrar o que nele está escrito e por isso leu-o em voz alta:
-"A vida pode ser assustadora e tirar-nos todas as nossas forças, mas se partilharmos as nossas preocupações e frustrações com alguém ela pode tornar-se muito mais simples. Nunca desista de tentar ser feliz! Todos o merecemos" -Lisa solta uma lágrima e agradece ao seu chefe por essas palavras sábias.
Mas, este apenas lhe passa um cartão e diz:
-Não me agradeça, pegue neste cartão e cuide-se. É de uma psicóloga minha conhecida que a ajudará bastante a compreender as suas frustrações e preocupações e a ultrapassá-las. Tire estas duas semanas de férias e trate da sua felicidade. Quando voltar o seu trabalho estará aqui à sua espera e a Lisa voltará a ser uma das minhas melhores advogadas, não duvide.
Após várias sessões com essa psicóloga Lisa percebeu que aquela dor, que segundo os vinte médicos não era nada, na realidade era o seu corpo a manifestar-se para que Lisa abranda-se o ritmo da sua vida e zela-se pela sua saúde mental.
A partir daí Lisa começou a fazer meditação e a partilhar todas as suas frustrações e preocupações com a sua psicóloga. Quando regressou ao escritório tudo estava na mesma, mas nesse dia Lisa conseguiu levar para o seu trabalho a harmonia e felicidade que há muito os seus colegas não viam nela. Todos estavam satisfeitos coma mudança de Lisa, mas o mais importante é que a jovem advogada se sentia outra vez realizada e feliz e sentia-se orgulhosa dos seus progressos.
Isto, pois, tinha aprendido que para sermos verdadeiramente felizes temos de saber valorizar-nos.
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Em busca da felicidade
Short Storyum pequeno livro com alguns contos sobre como e onde encontrar felicidade