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Lauren:

    - Mama, eu sei que a senhora tá preocupada, mas relaxa, eu já te falei que vai dar tudo certo. - Afirmei ao telefone pelo que parecia a vigésima vez enquanto caminhava em direção ao meu prédio com algumas sacolas do mercado.

   Eu entendia a preocupação da dona Clara, afinal, eu estava vivendo em outro estado há um ano desde que assinara o contrato com a galeria de Normani e não havia exposto nada ou até mesmo tido algum vestígio do que podia ser uma vida social. - Por favor, querida, pense no que eu disse, okay.

  -Tudo bem, mama, não se preocupe...então, posso falar com o papa? - Indaguei e ela concordou, resmungando. Deixei com que uma risada anasalada escapasse antes do meu pai entrar na linha. - Sua mãe está enlouquecida de preocupação, pequenina - Comentou em um tom brincalhão. - Eu percebi.

  Era incrível o quão diferente meus pais eram, minha mãe sempre foi intensamente preocupada comigo e com meus irmãos, mas isso piorou desde que Taylor, Victoria, Chris e Matteo haviam se casado e saído de casa. O que fazia de mim a única dos trigêmeos (Victoria, Matteo e eu) e da família a ainda estar solteira. E pior ainda, com um bloqueio criativo.

   Já meu pai, sempre foi na dele, dando bronca apenas no momento certo. Não quer dizer que ele não se preocupava conosco, pois ele o fazia sim, da maneira dele. - A esposa da sua irmã está grávida, sabia? - Comentou como quem não quer nada e eu revirei os olhos. Apesar de não dizer na cara dura, Michael queria também que eu me casasse e lhes desse netos. - Vic me contou, papa, eu enviei um cartão e algumas roupinhas para Maddie e o bebê. - Retorqui fazendo uma leve careta, que se desfez quando cheguei próximo a entrada do meu prédio. - Pai, posso ligar mais tarde?

  Ele concordou e me despedi rapidamente, logo colocando o aparelho celular no bolso e seguindo até a porta, apenas para segurar a mesma para uma garota que carregava uma caixa muito maior do que ela. - Obrigada. - Falou com um fio de voz, me fazendo sorrir levemente. - Seu apartamento é o 620? - Ela assentiu surpresa e meu sorriso cresceu. - Me chamo Lauren Jauregui, moro no 622, do outro lado do corredor.

  -Camila...Cabello - Sua voz era baixa, como se tivesse medo de falar comigo. - Então, Camila, que tal eu te dar uma ajuda? - Sugeri e mesmo que timidamente ela concordou. - Vou só deixar essas sacolas no meu apartamento e já volto pra te ajudar com as caixas tudo bem? - Mais um meneio positivo de sua cabeça foi sua resposta. Suspirei, ela parecia ser do tipo silenciosa.

†‡‡‡†

     Horas mais tarde, Camila e eu havíamos colocado todas as coisas dentro de seu apartamento, mesmo que com certa dificuldade. Nessas horas, não descobri muito sobre a latina. Seus pais moravam em Miami assim como os meus, ela tinha 22 anos, ou seja, cinco a menos do que eu. E amava música, pois tinha duas guitarras e dois violões, e pelo que vi em meio aos seus papéis, havia comprado um piano.

   -Bom, acho que é tudo. - Murmurou olhando para o apartamento por cima do ombro enquanto segurava a maçaneta. - Obriga-

  Acredito que ela teria continuado, se Dinah, minha vizinha de porta e crush eterno de Mani, minha melhor amiga não tivesse gritado e vindo para cima dela para abraçá-la. - Chancho, por quê não me avisou que tinha chegado? - Perguntou ignorando totalmente a minha existência.

  Pelo que eu havia percebido, ela acabara de voltar do trabalho quando nos vira ali, pois ainda estava com a sua camisa social e a saia risca de giz perfeitamente alinhada as suas curvas. Os olhos castanhos da latina desviaram da amiga para mim, como se pedisse desculpas por aquilo. - Vejo que conheceu a outra artista do prédio. - Afirmou Dinah com um tom sugestivo. - Ótimo, melhor ela do que a amiga dela, Lauren é um anjo perto daquela cafajeste da Normani

  E estava aí o motivo pelo qual elas nunca ficariam juntas, minha amiga era realmente uma cafajeste. Estava cansada de ouvir relatos dela levantando na cama de um apartamento que ela não conhecia com uma ou mais garotas. - Vou aceitar isso como um elogio. - Brinquei na tentativa de melhorar aquela leve tensão, o que funcionou, pois ambas me ofereceram pequenos sorrisos. - Bom, vou deixar vocês conversarem, a gente se esbarra por ai.

   Ambas acenaram pra mim e eu segui para o meu apartamento, com uma curiosidade fora do normal sobre a nova vizinha.

†‡‡‡†

    Naquela noite, o sono foi a única que não tive. Por isso, peguei meus materiais e me sentei no chão da minha sala de estar, afastando a mesa de centro e o sofá apenas para ter espaço para tudo.

   A imagem de Camila parecia terrivelmente presente em minha mente, com aquele seu jeito tímido e calado, havia uma aura de mistério a sua volta. Tudo bem, sei que poderia perguntar sobre ela para Dinah, mas seria falta de educação.

   Um suspiro leve deixou meus lábios e eu balancei a cabeça de um lado para o outro, antes de amarrar meus cabelos em um coque, o prendendo com uma de minhas canetas. Eu deixaria para descobrir sobre aquela mulher mais tarde. No momento, eu queria apenas desenhá-la.

    Traçar no papel sempre me fez bem, mas traçar os detalhes de Camila parecia me dar uma sensação totalmente diferente. Talvez fosse a falta de prática, ou talvez fosse só uma forma do meu cérebro me dizer algo. Algo que eu sinceramente não me importava no momento.

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Notas Finais:

Primeiro capítulo curtinho que é pra atiçar vocês.

Então, o que acharam desse pequeno vislumbre dessa nova história hein?

Eu espero que vocês gostem dela

Beijos. JF.


Write on Me | Camren G!POnde histórias criam vida. Descubra agora