Parados em frente do palácio real, estavam duas figuras contrastantes. Um egípcio franzino de pele escura e um grego encorpado de pele branca.
O guarda se aproximou dos dois. Ele era um homem alto e muito musculoso, usava uma couraça e lança na mão.
- Quem são vocês?
Como Edimeus ainda não falava egípcio muito bem, deixou o amigo conversar.
Khenet deu um passo à frente. O guarda o olhou com uma das sobrancelhas erguida. O rapaz era magro, usava apenas um klaft, chant, cinto e sandálias de couro.
- Eu sou um dos tabeliões de Saís. E ele é um soldado grego sob a égide do Estado.
- O que querem?
- Queremos uma audiência com alguém hospedado no palácio.
- Quem é esta pessoa?
- Ele se chama Pitágoras, erudito grego que veio estudar esoterismo em Saís.
- Esperem, vou anunciar seu pedido a ele.
Alguns minutos se passaram e um homem apareceu na entrada do palácio. Ele usava um chiton verde que chegava às coxas, indumentária típica da Grécia.
- Podem entrar. - Pitágoras disse.
O trio se encaminhou para um pequeno escritório reservado ao ilustre visitante grego. Os três se sentaram nas cadeiras e Pitágoras os observou com evidente curiosidade.
Pitágoras parecia mais velho do que realmente era com aquela barba preta, mas com toda certeza não tinha mais de quarenta anos.
- Isso é curioso. Acabo de chegar em Saís e por isso não achei que iria receber visitas de ninguém.
- Bem - disse Edimeus em grego - Buscamos falar com o senhor por causa da localização da tumba de Sheran.
Pitágoras ficou espantado.
- Ora! Pelo que sei a deusa Neit reprova os soberbos.
Khenet corou, envergonhado. Edimeus tomou a frente.
- Se estais se referindo ao tesouro, não acreditamos que ele exista. Nosso intuito é apenas aprender o conhecimento que se guarda lá.
O filósofo alisou a barba preta, ponderando a frase do mercenário.
- Muito bem. Só vou ajudar vocês porque eu mesmo não acredito nessa lenda. O pior que pode acontecer com vocês é encontrarem uma gruta cheia de terra e vasos quebrados.
Khenet sorriu em concordância.
Pitágoras levantou-se e puxou um pergaminho do meio de muito outros que estava na prateleira.
- Estou aqui apenas por três dias. - disse ele enquanto voltava - Depois meus aposentos serão o Templo de Neit. Vou fazer um estudo profundo sobre os mistérios de Ísis e Osíris.
Edimeus estendeu a mão e pegou o pergaminho de Pitágoras.
- Muito obrigado, mestre. E que o senhor alcance a divina sabedoria.
- Obrigado.
Os dois jovens se levantaram, e quando estavam prestes a se retirarem, Pitágoras chamou.

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Aquele que Jamais Repousa
Historical FictionUm conto de suspense ambientado no Antigo Egito, que mistura fantasia e realidade de uma maneira impressionante.