Grito de mãe

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Ontem, eu gritei.
Gritei todo o meu descontrole.
A falta de controle sobre o mundo ao meu redor.
A falta de controle sobre ele.

Ontem, eu entendi.
Por trás do descontrole, havia medo.
Muito, muito medo.
Medo de perdê-lo, medo de vê-lo encarar a morte, medo de vê-lo se machucar.
E de tanto medo, eu o machuquei.
Mostrei o meu pior.
E chorei.
Aquele choro que dói na gente, quando o corpo contorce e retrai.

É difícil entender?
Não se brinca com tomadas, não se corre na frente dos carros, não se some da vista dos pais.
É difícil entender?
O perigo está sempre à espera de uma oportunidade.

Ele só tem cinco anos.
Pequeno demais para se machucar, se perder ou morrer.
Pequeno demais para entender.

Sabe aquela mãe que saiu do banheiro do shopping revoltada com a minha postura?
Anteontem, aquela mãe era eu.
Ontem, eu era a mãe sem compostura.

Quanta responsabilidade.
Quanta cobrança.
Quantos medos.
Mãe.

Ontem, eu gritei.
Hoje, eu choro.

E o beijo.
E o encho de cheiro.
E prometo ter mais paciência.
Prometo ficar mais atenta.
Prometo ceder o controle.

Vai ser feliz nesse mundo de Deus.
E, Deus! Vê se protege esse menino.
Faz Seu trabalho direito ou eu subo aí e Te ponho de castigo.

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⏰ Última atualização: Oct 01, 2020 ⏰

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