Capítulo V

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Tudo ainda é muito confuso, mas percebo, com alguns lápsos, o que acontecera. Ainda estou estático diante das janelas que dão para  o campo sem saber que direção tomar. Olho, novamente, para a escrivaninha e concluo que aquele diário é a ponte para a minha nova vida. Releio suas páginas.

Agora ouço ruídos vindo de fora. Reaproximo-me da janela e, como uma miragem, eu a vejo descendo pelas colinas lentamente junto a outras pessoas que desconheço ou talvez não lembre. Meu coração bate descompassadamente; respiro com dificuldade, afinal, já não sou mais tão jovem assim. Mas para ela o tempo parece não ter passado, pois o seu semblante, embora entristecido, ainda guarda o frescor da juventude.

Fico observando-a aproximar-se mais e mais, então corro desesperadamente ao seu encontro. Os corredores do Chateau parecem ser muito mais longos do realmente são. Esbarro em alguns móveis, desço vários degraus... Quase sem respiração para a poucos passos da porta e um turbilhão de pensamentos e emoções me invadem.

Como serei recebido? Tanto tempo se passou e apesar do que o diário mostrava, a cena agora é outra. Quais seriam seus sentimentos hoje?

A maçaneta da porta se move bem diferente de mim, que permaneço sem nenhuma reação. Nesse exato momento a porta se abre e - "Deus do céu!" - grita um serviçal, de novo a dor na nuca e uma vertigem... Ele corre a socorrer-me. Desfaleço.

Abro  os olhos lentamente e o que encontro são interrogações e perplexidade. Os olhos dela fixos nos meus. Não precisamos dizer mais nada, simplesmente nos envolvemos demoradamente em um beijo e ficamos assim, absortos em nossas emoções.

Uma leve brisa percorre a belíssima sala.

O tempo era de novo nosso aliado, assim como todo aquele cenário. E não importa o que passou ou o que está por vir, apenas o momento basta para reiniciarmos a nossa história.

   

O CONDADO DE LANDONOnde histórias criam vida. Descubra agora