Novo Conto de Cinderella

Epílogo

Cíntia

  Quando meu pai conheceu Ofélia, ele parecia feliz. Isso me deixou feliz, era a primeira vez que eu o via sorrir depois de minha mãe. Eles namoraram cerca de 8 meses, e logo decidiram se casar. Os preparativos não demoraram tanto, pois papai optou por um casamento simples e Ofélia parecia estar mais interessada que as coisas acontecessem o mais breve possível, do que com o resto. 

    Tudo estava mais que pronto, inclusive meu vestido. Observo os detalhes: uma peça delicada, num tom azul dália. Eu o amava, pois era um dos únicos vestidos da minha mãe, que não foram doados. Papai pediu para que eu usasse ele, pois queria sentir que ela estaria lá de alguma maneira. Acho que ele ainda sentia sua falta, mas não queria trazer a memória dela nessa nova fase. Como se fosse possível. 

   Três batidas interrompem meus pensamentos e vejo meu pai entrar meu quarto, com um semblante feliz. Eu estava gostando de vê-lo assim.

- Ansioso? - Pergunto, fingindo uma naturalidade que há segundos atrás não existia.

- Eu estou velho demais para ficar nervoso com o meu casamento? - Pergunta, bem-humorado.

   Dou uma leve risada e ficamos em silêncio por alguns minutos. Ele passa os olhos pelo meu vestido e para o olhar por alguns segundos em um ponto ao lado de minha cabeceira. Era uma foto nossa, com minha mãe. Foi na minha festa de 15 anos, uma festa a fantasia, e ela estava exatamente com o vestido que vou usar amanhã. Seu sorriso era tão lindo, e tão largo que seus olhos quase se fechavam por inteiro, quando ela sorria. 

- Será que ela está feliz? Com a minha escolha... - Ele pergunta, mais para si, do que para mim.

- Pai, você merece refazer a sua vida. O amor é gentil e bondoso, nunca egoísta. Por isso, tenho certeza que ela está feliz e torcendo por você, onde quer que ela esteja.

- Obrigada, querida. Não sabe quanto seu apoio é fundamental para mim. Será uma nova fase em nossas vidas e quero aproveitar o máximo possível ao seu lado -  Estava prestes a concordar, quando escuto a voz de minha madrasta. 

- Ao nosso lado. Todas nós aproveitaremos muito esse laço que oficializaremos amanhã. Estou certa, Cinti? - Entra no meu quarto, e entrelaça seu braço no do meu pai, a mim dispara um sorriso cordial. Eu retribuo e ignorando um sentimento estranho que surge dentro de mim, respondo:

 - Sim, madrasta.