Nathan
Senti um cutucão insistente no meu braço. Resmunguei, mantendo os olhos fechados, ainda preso na teimosia do sono.
– Papai... – a voz doce e fininha da Brooke veio acompanhada de outro cutucão mais determinado.
Abri os olhos devagar, piscando contra a pouca luz do quarto. A silhueta miúda dela me observava, impaciente.
– Oi? – murmurei, ainda sem me mover.
– Quero choto. – disse com a maior naturalidade do mundo.
Suspirei fundo. Estiquei o braço até o celular na mesinha de cabeceira e encarei a tela acesa. Três e quarenta da madrugada. Fechei os olhos por um segundo. Tinha que ser filha da Kate mesmo.
– Amor, vai dormir, vai... – murmurei, virando o rosto pro travesseiro.
– Papai! – ela reclamou, agora com tapinhas leves no meu rosto.
– Tá, Brooke... – falei vencido, me sentando com esforço e puxando ela pro meu colo.
Fui com ela até a cozinha, arrastando os pés, desejando estar em qualquer lugar que não envolvesse luz forte e pedidos impossíveis. Sentei Brooke na pia enquanto abria os armários um por um. Nada. Nenhum pacote. Nem farelo.
– Acabou, pequena. Amanhã o papai compra, tá bom? Agora vamos dormir. – disse, estendendo os braços pra pegá-la de volta.
– Não! – ela cruzou os bracinhos, fazendo bico.
– Brooke, já tá tarde. Todo mundo tá dormindo e você aí fazendo arte... – falei, tentando manter a calma que já começava a me abandonar.
– Então quero batata frita. – disse como se estivesse pedindo a coisa mais simples do mundo.
Fechei os olhos por um instante, respirando fundo em busca de paciência. Meu Deus... essa menina era pior que a mãe quando estava grávida e com desejo.
– Eu não vou fritar batata uma hora dessas. – falei, firme, depois de um longo suspiro.
– Compra. – ela disse, mexendo distraidamente nos próprios dedinhos, como se soubesse que tava me desarmando.
– Amanhã, princesa. Amanhã o papai compra o mundo se você quiser, mas agora a gente precisa dormir. – falei, cansado.
– Por favor, papai... – ela pediu baixinho, num tom choroso que sabia usar como ninguém.
Soltei um riso fraco, rendido.
– Brooke, eu vou te matar... – murmurei com carinho enquanto a pegava no colo de novo, apoiando a cabecinha dela no meu ombro.
Levei Brooke até o quarto dela, vesti uma roupa quentinha nela — um pijaminha de flanela com estampa de unicórnios que ela adorava — e, depois, fui até o meu quarto, ainda com sono estampado no rosto.
– Fica quietinha aí um minuto, tá? – pedi enquanto procurava uma calça e um moletom pra vestir.
Ela assentiu com um sorrisinho travesso no rosto. Vesti a roupa às pressas, peguei a carteira, a chave do carro e voltei até ela, que já me esperava na porta, animada como se fosse meio-dia.
Peguei Brooke no colo e fomos direto para o carro. A coloquei no banco da frente mesmo — não era o certo, eu sabia, mas estava cansado demais pra pensar em regras agora — e prendi o cinto com cuidado. Entrei no carro e dei partida.
Não demorou até achar um McDonald's 24h aberto, graças a Deus.
Saí do carro, tirei Brooke e a coloquei no chão. Ela logo segurou minha mão com força, pulando animada enquanto caminhávamos até a entrada. Dentro, nos dirigimos ao balcão.

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Nas Mãos do Destino [Versão Atualizada]
Novela JuvenilDuas almas marcadas. Dois caminhos opostos. Um mesmo alvo. Kate Cooper, agente do FBI. Nathan Miller, traficante cruel. Ambos jovens. Ambos perigosos. Ambos com um passado que grita por vingança. Quando o destino cruza seus caminhos, o caos se insta...