Tudo Mudou Depois Dele

CAPÍTULO 11 - Será Um Mau Sinal?

   Na noite anterior eu e o Luccas ficamos a conversar um bocado sobre coisas aleatórias com a Andrea mas ela foi logo dormir e nos deixou sozinhos.

   Conversamos mais um pouco e o clima não ficou  tão estranho como antes, mas ainda assim estranho.

  Preparei a cama dele no quarto de hóspedes do andar de cima, mas de borla né porque no meio da madrugada ele invadiu o meu quarto dizendo que estava com "medo dos trovões". Sério?

  "Em, o barulho dos trovões está a incomodar-me e a deixar-me com um bocado de medo" ele disse entrando depois de bater insuportavelmente na porta me obrigando a levantar.

   "Tu só podes estar a brincar, Luccas. São três da manhã!" Disse meio sonolenta. 

    "Por favor, eu posso dormir naquele sofá" ele apontou para um sofá que tenho encostado em um canto do quarto.

   "Tudo bem, entra" eu disse sem paciência e fui aconchegar-me nas minhas mantas outra vez.

   "Boa noite, Em" ele disse eu lembro-me de ter sussurrado um "Boa noite, Luc".

   Não fiquei tão constrangida por ter usado um apelido com ele na hora porque estava com muito sono, mas agora, eu sei que estou e sem motivo ainda por cima.

   É muito estranho eu estar a observa-lo a dormir? Não sei, julguem-me mas enquanto eu continuo a observar este moreno cacheado maravilhoso.

   É melhor arrumar a minha cama e deixá-lo dormir. Quero mesmo saber como ele está, porque quando ele passou aqui de madrugada ele estava horrível. A voz dele denunciava o seu estado de saúde, ele espirrava demais.

  "Bom dia, Andrea. A Cris voltou?" Pergunto à mesma que estava a preparar o café no balcão da cozinha.

  "Bom dia, querida. Não, mas ela ligou hoje cedo a dizer que estava tudo bem e que voltaria mais tarde" ela sorri ao colocar a água quente no bule. "Disse que a noite foi incrível e que foi uma das melhores em toda a sua vida. E perguntou por si, também"

  "E tu? O que lhe disseste?"

  "Fique tranquila. Não contei nada sobre o seu segredo cacheado" ela pisca e eu coro de vergonha "Só do apagão e do tempo mesmo, mas ela disse que onde está o tempo estava normal, só um pouquinho de frio mas tudo normal."

   "Ele não é o meu segredo cacheado" sorrio e ignoro o resto.

   "Por falar nele, onde dormiu na noite passada? Eu passei do quarto dele e a porta estava aberta, mas não o vi. Dormiu consigo?" Ela pergunta desconfiada.

  "Não exatamente. Ele dormiu no meu sofá"

  "Hmm. E a saúde?"

  "Meio mal assim, fiquei muito preocupada quando ouvi a voz dele de madrugada, mas estava com muito sono"

   "Já separei uns remédios para quando ele acordar."

   "Obrigado, Andrea"  ouço um Luccas sonolento e gripado dizer. "Bom dia"

  "Bom dia, princesa. Como é que te sentes?" Pergunto com um sorriso.

   "Horrível. Mal dormi porque a noite inteira eu fiquei com muita dor de cabeça e o barulho da tempestade estava realmente a incomodar."

  "Lamento imenso. A gripe pode ser algo do demônio mas nada que não passe em uma semana."

  "É." Ele diz sentando-se no banco da ilha "Mandei uma mensagem para a minha mãe ontem usando a tua desculpa e ela nem fez muitas perguntas. Disse que o que mais importante é que eu estava seguro. Obrigado mais uma vez Emily. E a si também, Andrea."

  "Não tens de quê" sorrio "Então, como é que voltas?" Digo fazendo um gesto para ele se servir.

   "Com o motorista da minha mãe, mas vou ter de ir até à casa da minha tia pra ter uma desculpa do porquê de eu estar neste condomínio sendo que eu nunca mencionei o facto de ter um amigo aqui"

   "Já fizeste isto outras vezes, não foi?"

   "Mais do que imaginas" ele pisca o olho tomando a sua xícara de café.

   "Deu pra perceber" rimos.

...

  "Como o Richard só ligou o gerador às nove, então atrasou um pouco o processo de secagem. Mas aqui tens a tua roupa novinha em folha" a Andrea dá um sorriso doce ao Luccas e ele agradece educadamente.

 
   "Eu sei agora que tu queres que eu more aqui, mas infelizmente não vai acontecer" ele sorri calçando os sapatos.

   "Eu não via hora de te ires embora, isso sim" reviro os olhos.

   "Assim magoas" ele diz fingindo estar ofendido com a mão no peito e nós rimos. "Mas a sério, obrigado por ontem" ele levanta-se se colocando à minha frente "E por hoje também, mesmo eu sendo um bocado teimoso"

   "Um bocado?" Levanto a sobrancelha.

   "Muito" ele revira os olhos como eu costumo fazer. Parece que está a ficar mal habituado e nem sequer reparou. "Mas obrigado ainda assim" ele me dá um abraço e eu coro levemente com a situação.
Sim, eu coro demais com estas situações ainda. Não estou habituada a este tipo de aproximação/contacto com um rapaz, é praticamente impossível não ficar tímida ou sem jeito perto dele e das atitudes aparentemente normais, mas que me marcam bastante...

    "Hmm...ficas para almoçar?" Pergunto me desfazendo do abraço.
 
   "É melhor ir à casa da minha tia primeiro. Mas talvez quem sabe eu acabe por almoçar por lá"

   "Tudo bem." digo meio triste mas sem deixar transparecer. É, eu queria mesmo que ele ficasse.

   "Hey, vais ver-me daqui a seis dias. Ficamos três dias juntos, não achas que já me roubaste o suficiente?" Ele diz convencido.

   "Como queiras" digo sem saber o que dizer.

    "Não vai mesmo ficar para almoçar?" A Andrea pergunta.

    "Obrigado, Andrea. Mas acho que já abusei demais" ele diz e sorri constrangido.
   A sério, Luccas Paul constrangido é a coisa mais fofa do mundo.

    "Tem data marcada para voltar?"

    "Se a sua menina aqui me convidar, sim"

    "Vai sonhando"  digo com uma risada.

  ....

    O Luccas foi-se embora há uma hora e mandou-me uma mensagem a avisar a tia ficou tão feliz pela visita que o prendeu em casa e está a mimá-lo como nunca.

Mensagens💬

  Luccas : Desculpa, o almoço fica para a próxima
Quem sabe se não será com os meus sogros :-) ... (vulgo, os teus pais)

   Emily : Melhora as cantadas, porque essa foi péssima ;-) hahaha

   Luccas : Desmancha prazeres :-\

  
   "Oh, Andrea. Já arrumaste o quarto de hóspedes?"

   "Sim, as suas roupas estão no cesto. Coloco para lavar mais tarde. São horas de arrumar a casa"

   "Okay" digo e espero ela sair da cozinha e corro até ao meu quarto. Tropecei umas três vezes e quase bati com a cara no chão, mas tudo certo.

   Vou até à minha casa de banho e as roupas que o Luccas usou estão no topo do cesto, claro. Dobro-as com cuidado e guardo na minha pequena mala.

   Eu tenho uma mala em que guardo todas as coisas que me marcaram de alguma forma, feliz principalmente. Ela tem todas as coisas que eu mais estimo, me fazendo lembrar das pessoas e momentos mais importantes da minha vida.

   Eu sei que pode parecer meio brega, mas é uma coisa para daqui a uns anos, eu lembrar-me de quem eu era e...reviver esses momentos quem sabe.

   E sim, pode parecer meio apressado colocar aqui estas roupas sem as lavar, mas eu não posso parar de mentir para mim mesma.

  Eu gosto do Luccas. Mas será que é um mau sinal?...