Eu me vi sozinha e perdida numa noite quente e agonizante da cidade onde estou morando, tudo parecia tão distante, se aventurar a essa hora definitivamente não foi a melhor ideia, pelo menos não preciso dar satisfações a ninguém. Percebi que estava sendo seguida, logo agora que finalmente tinha conseguido me orientar e relembrar o caminho de casa. Apressei o passo. A pessoa também. Comecei a correr. O som dos passos se misturava no silêncio pertubador. De repente um braço agarra meu pescoço, e sinto a pontinha de uma faca bem na minha jugular. Me debati para encarar a pessoa que estava prestes a me matar. Não consegui. Agora a faca começava a me penetrar. NÃO.
Acordei, sabia que deveria ter tomado um chá de camomila, eu criei muitas expectativas para o meu primeiro dia na universidade, não posso simplesmente estragar tudo com minha aparência de monstra das olheiras.
Fui direto pra o banho, minha roupa já estava separada desde o dia anterior, uma calça jeans com uma camisa social Dudalina azul e sapatilhas nude. Sim, eu tenho um lado patricinha. Peguei um iogurte, minha mochila e fui para o ponto de ônibus. Nada de mais, só eu sozinha feito uma baratinha tonta e imatura indo para o primeiro dia na faculdade. Encostei a cabeça na janela e comecei a refletir se Biologia era realmente o que eu queria... senti saudade dos meus pais... raiva por não ser a filha perfeita e ter que conviver com uma irmã médica... foda-se. Quase deixei o ponto passar (eu também sou um pouco cabeça de vento).
Puta merda! A cidade universitária era simplesmente ENORME, a grandeza era tanta que não cabia nos espaços dos meus olhos, fiquei admirando por um momento até que percebi que tinha que me apressar para chegar na aula no tempo certo, é eu realmente tava 10 minutos atrasada. Andei depressa, caramba que lugar grande, pelo menos era bem sinalizado, rapidamente identifiquei as coordenadas do meu campus. Dobrei uma esquina aqui, outra alí e...
POFF, caí no chão, rapidamente a mão pertencente ao corpo que esbarrou em mim veio oferecer ajuda.
- Aparentemente não sou a única atrasada aqui.
Então olhei para ele, era bonito. Não do tipo que eu ficaria, mas aquele homem que é o ''tipo'' genérico das garotas fúteis. Preciso confessar que tenho certo receio de homens bonitos, minha experiência foi com uns tão arrogantes que qualquer traço belo era anulado pelas ações narcisistas insuportáveis. Deixei escapar um ''que saco''. Não sei exatamente o porquê.
Ele não ficou calado:
- Bom humor agradável.
Merda. Outro pra minha lista de ''kens'' idiotas que se acham.
Ainda não expliquei como ele era. Não era alto, meio baixinho, 1.68, cabelo e barba bem desenhados, olhos castanho-esverdeados, não tinha o corpo bem definido, não era gordo nem magro, tinha nádegas grandes, se eu disser que não me chamaram atenção estaria mentindo.
Voltando pra o quesito primeiro dia na faculdade, encontrei minha sala, o professor já tinha começado, falava sobre seleção natural, o velhinho não implicou com o meu atraso, mas decerto não ficou muito feliz. Enfrentei mais algumas aulas, excelentes por sinal, senti algo que me fez perceber que eu fiz a escolha certa. Era o curso dos meus sonhos.
No intervalo sentei numa mesa individual porque não tinha a esperança de fazer amigos tão cedo, mas uma garota bem simpática pediu para puxar uma cadeira e sentar comigo, não neguei, afinal de contas eu estava me sentindo bem sozinha.
Ela se chamava Georgia, não calava a boca um minuto, talvez eu seja um pouco grossa, eu sei sobre definitivamente tudo da vida dela, ainda que ela fosse bem tagarela, gostei da sua personalidade, queria manter contatos sociais, ela tinha boa índole.
Quando o segundo horário terminou, Georgia e eu fomos juntas ao ponto de ônibus, descobri que morávamos no mesmo bairro, ela me ofereceu um café da manhã no final de semana em sua casa, eu retribui a oferta e chamei ela para almoçar na minha casa quando quisesse. Essas ajudas salvam a vida de muitos universitários, por mais que eu tivesse acabado de conhecê-la.
No ônibus:
- Me fala amiga, você achou algum menino da nossa sala bonito, porque sinceramente não ficaria com ninguém.
- Achei que você tivesse namorado Georgia.
- Eu tenho, mas isso não importa não fuja do assunto.
- Olha talvez a nossa sala não seja um oasis, mas eu tenho certeza que você vai encontrar uns carinhas bem bonitos por lá, esbarrei com um hoje.
- SÉRIO???? Como ele era? Como foi? Rolou clima? Me conta tudo!
- Calma garota, ele era mais ou menos assim (descrevi), foi ruim, não rolou clima, não cogito a possibilidade de olhar para a cara dele novamente, é só mais um playboy típico.
- Meu Deus! Será que é que eu tô pensando?
- Em quem você tá pensando?
- No professor Lionel minha querida. É simplesmente o professor mais gato da universidade. Dizem por aí que ele fica com algumas alunas esporadicamente, ele é simplesmente perfeito Luna, olha se é esse.
Ela me mostrou a foto de um perfil no instagram.
- É esse daí mesmo.
- MENINA VOCÊ VAI FICAR COM ESSE BAFO.
- Você tá falando como uma adolescente de 15 anos.
- Que empolgação contagiante.
-...
- Só tem um probleminha.
- Qual?
- Boatos que ele também fica com homens.
- Ele não era simplesmente perfeito?
- A opção sexual dele não exclui o sexo feminino. Então sim, continua perfeito.
- Vou descer Georgia, até amanhã!!!
- Tchau amigaaaaa.
- Tchauzinho.
Cheguei em casa. Tinha 48 ligações perdidas da minha mãe, não desejo pais superprotetores a ninguém. Mandei mensagem avisando que eu estava viva, almocei comida congelada, fiquei só de calcinha e fui estudar.
Eu adorava aquele Universo da Biologia, adorava tudo, desde zoologia até botânica. Estava satisfeita em aprender a minha paixão.
Meu rendimento tinha sido bom, resolvi passar no shopping e conhecer um pouco mais a cidade. Chamei a Georgia para ir comigo pelo direct. Tudo combinado.
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Florescer
Teen FictionPor causa de alguns acontecimentos na sua vida Luna se torna uma menina fechada e um pouco grosseira, mas ela ainda sente vontade de fazer novos amigos. Tem muito enredo por trás do seu primeiro dia na faculdade, que vocês acompanharão ao longo da h...