Prólogo.

15.8K 894 89
                                    

Desculpe se houver algum erro.

Esmurro minha mesa três vezes antes de cair sentada sobre a cadeira. Sinto uma raiva tão grande dentro de mim, que minhas bochechas parecem pegar fogo, sem falar das veias de meu pescoço que pulsam descontroladamente, sinto que há qualquer momento, irei ter um infarto!

Três semanas!

Três malditas semanas sem dormir direito, focada apenas no trabalho e na apresentação, acho que nesse tempo devo ter perdido uns três quilos, ‒ glória a Deus! ‒ pois até comer eu havia parado. Literalmente estava focada apenas no meu programa, agora, tudo havia sido arruinado por conta do grande filho da puta chamado: Eric Gonçalves.

Como eu o odiava! Eu o odiava com todas as minhas forças!

Três batidas tímidas na porta de minha sala, interrompe meus xingamentos em voz alta.

— Luiza, posso entrar? — Rebeca abre a porta e coloca sua cabeça para dentro.

— Pode. — Resmungo.

Ela entra fechando a porta atrás de seu corpo, sua expressão é de preocupação, sabe a quão puta da vida eu estou.

— Luiza, eu sinto muito, Eric foi...

— Um filho da puta! Eu o odeio tanto! — Esbravejo com os olhos cheios de lágrimas.

Eu odiava chorar, e ainda mais na frente de alguém, mas naquele momento meu ódio era tanto que nem pensei.

— Realmente, Eric foi um filho da puta, sinto muito.

— Como ele pode jogar tão baixo?

— Eu não sei, Lu. Mas, infelizmente, depois da apresentação dele, acho que é quase certeza que quem vencerá a promoção será ele.

— É, eu também acho! Isso é tão injusto!

— Eu sei...

Escuto duas batidas fortes na porta, limpo minhas lágrimas e garganta.

— Entre. — Respondo.

Arrependo-me imediatamente, pois em poucos segundos surge a figura de Eric. O filho da puta entra totalmente confiante em minha sala carregando um ar debochado, assim que vê Rebeca parada em frente à minha mesa, pisca sedutoramente para ela e então, volta seus olhos verdes em minha direção.

— Beca, poderia me deixar a sós com a Luiza? — Pede com a voz rouca e grossa.

Juro por Deus, até o timbre de sua voz me dava náuseas.

— Lu... — Ela me olha procurando uma resposta.

Limito-me a fazer um sinal para que ela saísse, logo minha amiga obedece e me deixa a sós com o desgraçado.

— Sinto muito por sua apresentação ter sido arruinada. — Eric dá um sorrisinho de canto e joga os cabelos longos para trás.

— Sente muito? — Cuspo as palavras com ódio. — Você foi um grande cretino, Eric! Como pode jogar tão baixo?!

— Não joguei baixo, apenas fiz algo ousado. Caso não tenha pensado por este lado: se minha ideia tivesse dado errado, a esta hora, eu já estaria na rua!

— Ousado?! Ousado?! — Berro me levantando da cadeira e indo em sua direção. — Repete, pois acho que não ouvi direito! — Coloco o dedo indicador em seu peito, batendo nele algumas vezes com força. — Você descreve esta falta de caráter como: uma ideia ousada?!

— E não foi? Você teria coragem de fazer o que eu fiz? — Retruca.

— Nunca! Eu não sou tão baixa! Você se aproveitou por saber qual programa eu estava desenvolvendo, foi lá e, criou um vírus para o destruir! Além de ter feito uma versão parecida do meu programa!

— Eu dei os créditos a você na minha apresentação. Disse diante de todos que havia me inspirado no seu programa, já que achei sua ideia muito boa, porém a execução não foi tão boa assim... então, resolvi mostrar como era frágil o seu sistema de segurança e apresentei uma versão melhorada!

— Uau! Eu devo agradecer?! — Finjo espanto. — Você realmente é um grande cretino! — Berro.

— Olha, eu sei que levou isso pelo lado ofensivo, mas depois que você saiu batendo a porta da minha apresentação sem ver o final, falei para os diretores que você merecia tanto quanto eu ir para o Canadá, pois se não fosse por seu trabalho me inspirar, não teria feito nada daquilo!

Gargalho, mas é de ódio!

— Inacreditável! — Levo as mãos à cabeça.

— Eu te dei os créditos, o que mais você queria?

— O que mais?! Oh, me desculpe, Eric! Estou sendo injusta, não vejo o quão honesto e correto você está sendo!

— Luiza, está fazendo um show maior do que precisa. — Revira os olhos.

— É o quê?! — Sinto meu olho esquerdo até tremer de tanto ódio.

— Eu te fiz um favor! Seu programa era horrível e mal planejado, não aguentaria um mês na plataforma sem virar uma piada! — Bufa. — Não tenho culpa de ser mais habilidoso do que você.

Eu mato ele!

— Habilidoso?! Se fosse realmente habilidoso não precisaria roubar a minha ideia, teria a sua própria! Você é um convencido, isso sim! — Respiro o mais fundo que consigo. — Admito que meu programa era muito falho na segurança, mas eram detalhes que eu resolveria com o tempo, não precisava ser humilhada com um vírus que o detonou na frente de todos os diretores e uma versão 2.0 do meu próprio programa!

— Eu não fiz na intenção de te humilhar, e na verdade, você deveria me agradecer, pois o vírus que criei qualquer imbecil faria, imagine se o lançasse e alguém criasse esse vírus e o derrubasse em poucas horas? Aí sim, você seria completamente humilhada!

— Nossa, Eric, muito obrigada! Agora vejo que sua intenção foi me proteger, que cavalheiro! — Soou sarcástica. — Você realmente me salvou!

— Luiza, cresça! Você não está mais na faculdade, aqui é vida real, vida adulta, se não pode lidar com este tipo de situação, acho que não está madura o suficiente para a vida profissional!

— Eu crescer?! Quem deveria crescer é você! Se acha que roubar a ideia de alguém e ainda a expor na frente de todos é ser maduro, está vivendo errado, muito errado! E é você, quem não está preparado para a vida profissional, pois isso é falta de caráter! Agora saía da minha sala!

— Luiza a...

— Saía da minha sala, Eric! Agora! — Grito.

— Ok, como quiser! — Se vira saindo.

— Eu te odeio, Eric! — Resmungo me recostando à mesa.

Obrigada por me entenderem e por estarem comigo nessa!

Eu preciso te odiar.Onde histórias criam vida. Descubra agora