Pesadelo. Sonho agitado. Desagradável. Penoso. De acordo com minhas pesquisas, era o que eu acabará de ter se na verdade não fosse minha realidade. Estava na cama ainda, quando a mensagem do Jack chegou em meu celular "podemos nos encontrar?", pelo visto alguém não via hora de colocar seus planos em prática. Em um universo paralelo, onde pássaros cantam em harmonia só de nós observar, estaríamos juntos de mãos dadas.
O enrolei tanto para responder que muitas reticências apareceu nas minhas notificações, começar a manhã já pensando em como juntar o cara que voce gosta com sua melhor amiga, é uma merda das grandes. Para variar era minha folga, não tinha desculpa sequer para inventar e escapar dessa situação super constrangedora que eu me enfiei."Que tal um café por minha conta?"
Foi o que enviei a ele, respondeu com tanta urgência que me sentir importante com um gosto amargo em minha boca. Levantei finalmente, abrindo as cortinas e deixando que os raios de luz invadisse o cômodo, o céu limpo denunciava que hoje seria um clima favorável para todas as atividades ao ar livre. Porém, sem bicicletas, quem diria que na noite anterior acabaria apostando corrida, fora péssimo, meu cotovelo ralado que o diga.
Antes que eu pudesse soltar uma lufada de ar surpresa, quando Cami e Amy entraram em meu quarto, sem ao menos baterem na porta. Fiz uma careta, já escutando as reclamações de ambas.— Ontem era a nossa noite — reclama a loira, já sentada em minha cama abraçando minha almofada.
— Meu consolo é o seu cotovelo ralado — garante Amalie, com um sorriso presunçoso presente em seus lábios — espero que não esteja ardendo.
— A gente tem várias noites — digo olhando para Cami com um sorriso doce, volto minha atenção para a outra — sua preocupação com meu cotovelo é contagiante — minhas pronúncias carregadas de ironia.
— Quer um curativo? — seu tom de voz adocicado era assustador — sabe podia ter convidado a gente e não nos deixado esperando.
— Ainda por cima mandou uma mensagem repleta de incógnitas — olho para Brooks, revirando seus olhos ao dizer isto — você precisa melhorar nisso, não é boa com códigos.
— A única parte legível era "Jack", quando vai superar esse cara? — a pergunta de Amalie me pega de surpresa.
— Vocês já ultrapassaram o limite de palavras durante uma manhã — digo, querendo encerrar o assunto — vou tomar um banho rápido, não planejem meu assassinato.A única solução que vejo é deixar meu celular nas mãos delas, isso é como um pedido de desculpas e elas obterem todas respostas que estão procurando. O banho nem tão demorado, estava finalmente levando as questões ecológicas mais a sério, depois de uma conversa muita moralista com meu pai. Me enrolei na toalha, ao sair do banheiro, vendo que elas conversavam com um suposto alguém no facetime, coloco as mãos na cintura indignada que ele conseguiu tempo para dar atenção a elas e não a mim, que sou sua melhor amiga.
— Não fique de pau duro, a Jules acabou de sair do banho e só tá de toalha... se quiser ter a visão do paraíso — sua feição divertida, ela era o próprio capeta.
— Capaz de eu perder o sono — diz Peter, enquanto eu roubo o celular das mãos dela.Os minutos que tenho, consigo conversar o suficiente com ele para matar um pouco de minha saudade, deixando que Cami se encarregue do que irei usar porque na cabeça dela é um encontro. Minhas gargalhadas soam tão altas ao escutar a história do barco virando, além de não conseguir pegar nada, devolveu ao rio o que seu avô havia pescado depois de virar o barco. Como ele conseguiu esse feito? Ao se desesperar com uma abelha.
— Cortei lenha para me redimir — ele diz, jogado em uma cama com um semblante de cansado — acho que farei sucesso sem camisa.
— Cala boca, Sean — o respondo enquanto tento vestir minha calcinha sem deixar a toalha cair — quando volta?
— Daqui três semanas e vou ter que sair — diz ele, em um tom já de despedida, penteando seu cabelo bagunçado com os dedos.♡
Ele estava me esperando, dez minutos de atraso foram propositais admito. Amalie diz que eu poderia sair dessa situação, contando a verdade e podendo obter chances futuras. Sentei em sua frente, com um de meus melhores sorrisos e apoiei meus cotovelos na mesa, uma careta de dor escapou. Merda. Droga de bicicleta. Sorrir mais uma vez, ele parecia estar em outra dimensão.
— Então, o que quer saber? — o pergunto direta.
— Desculpa, lembrei de algo — ele diz, levantando sua mão e chamando a garçonete, senão me engano seu nome é Riley — Como foi o passeio? — perguntou curioso.
— Cair da bicicleta, acredita? — conto para ele, pensando se os detalhes era preciso.
— Nossa... — sua falta de interesse era explícito — a Megan, ela gostou do passeio? Talvez eu devesse convidar ela pra andar comigo, um bom encontro, não acha?Realmente, ele não brincava em serviço. Seus interesses não se aplicava nos detalhes desastrosos de minha vida. Continuava com suas perguntas, e eu encarava os biscoitos amanteigados colocados a minha frente, enchendo minha boca deles para ter uma desculpa em me manter calada. Tomei aos poucos meu café sem açúcar, sentir o gosto do grão era essencial, precisava da cafeína.
— Antes de você chegar, ocorreu uma lembrança passada — ao dizer isto, ele atiçou minha curiosidade — parece que aquele beijo foi um delírio — por essa eu não esperava.
— Beijo? — o indago, levantando uma de minhas sobrancelhas.
— Sim, rolou um entre eu e ela... festa do Carter.Merda. Busquei em minhas lembranças, nem era necessário muito esforço porque aquela noite fora inesquecível. Ápice de meus doze anos. Megan trançou minhas madeixas, estava praticando alguns penteados novos e eu era sua cobaia. Tão entediadas na festa do nosso colega, não víamos a hora de Chloe nos buscar. A casa dele tinha um puta jardim, era invejável, as flores tão bem cuidadas. Nossa atenção fora desviada, para o menino tímido que se aproximava, carregando uma rosa, em nossa direção. Seu sorriso bobo, foi a primeira coisa que eu reparei, suas bochechas gordinhas também.
Se eu não me engano, suas mãos pareciam tremer, minha amiga ao meu lado segurava sua risada e eu a repreendia com meu olhar. Estávamos o esperando falar, o silêncio começou a irritar ambas. Seus olhos pousaram nela, sua face completamente avermelhada, estendeu seu braço entregou a flor para ela.— Toma — tão baixo, que custou um pouco para o ouvir.
Nada empolgada, Meg encarava a flor tão delicada em sua mão, ela as vezes tinha um temperamento difícil. Não a culpo, as coisas em casa na época se encontrava difíceis, as brigas frequentes de seus pais e o Toby morreu, a gente fez um enterro digno para ele.
— Vou lhe dar um beijo como recompensa — a encarando, eu poderia ver a diversão perversa em seus olhos, ela sabia dos sentimentos dele — terá que fechar os olhos.
Um pouco receoso, a obedeci, a garota me encarava, não entendi de princípio. Mas eu fiz, no lugar dela, nunca me arrependi disto. Megan gostava de observar, para depois talvez praticar experiências. Selar meus lábios aos dele, por exatamente 5 segundos, pareceu uma eternidade e as borboletas clichês que apareceram em meu estômago, marcaram aquela época. Com seus olhos fechados, o sorriso sem acreditar, minha amiga me puxou e sairmos correndo para dentro da casa, era hora do parabéns. Olhei para trás, já com os olhos abertos, ele acreditava que era ela e o sorriso ainda mais bobo em seus lábios aqueceu meu coração.
As lembranças se foram, meu nome sendo chamado repetidas vezes me trouxe de volta, são tantas lembranças. Sorrir mais uma vez, porém envergonhada agora, colocando uma mecha atrás de meu cabelo.— Eu nunca entendi porque depois daquilo ela continuou a me ignorar — seu tom de voz agora triste — ela não gostou?
— Na verdade ela nunca esqueceu — confesso, só que ela era eu — posso afirmar que foi o melhor beijo da vida dela.Escolhas. Temos total liberdade para fazer elas. Uma parte de nossas responsabilidades, ao escolher uma virá uma consequência boa ou ruim. Fiz uma agora mesmo. Continuei com uma mentira sem fundamento, o motivo eu desconheço, talvez ele parecia muito feliz por achar que tinha a beijado. O observando, via uma certa ingenuidade, isso me encantava de certa forma. Incrível como ele era completamente o oposto, na escola ele exala um ar de superioridade, um pouco ameaçador. Aqui em minha frente, demonstra uma parte doce e posso dizer que estou encantada. Seus olhos demonstram paixão, contudo eu não sou a garota dele e muito menos a que os lábios dele anseia, foi a primeira vez que sentir uma dor profunda atingir meu estômago. Esperava que fosse dor de barriga, mas acho que era meu coração partido em pedaços.
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SANDERS
Teen FictionJules Sanders. Olhando por fora, ela tem quase uma vida perfeita mas não se engane, a líder de torcida dos leões se envolveu em uma série de conflitos. Sua cabeça maluca, as trilhas criada para um fim benéfico a todos que fazem parte de seu ciclo, i...