escarlate

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Vermelho fúria. Recorrentemente associado à flamejante paixão, energia e forte excitação, para Shouto o vermelho nada mais era do que fúria, a ira em sua mais crua e verdadeira forma e o ódio por aquele que tinha lhe roubado a felicidade. Uma gélida camada de mágoa adquirida após uma clara e impiedosa cicatriz e um cruel rompimento de laços de confiança. Raiva por ainda colher os mesmos sentimentos negativos.

Vermelho sangue. Fluído este que nunca deixou de ser derramado, sendo fonte disso as feridas que não cicatrizavam e que não paravam de doer.

Vermelho fraternal. Referente a um passado sombrio, de um lar sem conforto ou carinho. Apenas uma recordação desagradável dos cabelos chamativos do homem que um dia refletiu se deveria chamar de pai.

Vermelho laminado. Claro e agoniante como a cicatriz em seu rosto, tão rósea quanto cameleiras em uma estufa. Sequelas que nunca paravam de machucar e condoer, tatuagens na alma que era incapaz de tirar.

Vermelho sentimental. Como os olhos de sua mãe em suas memórias de infância, ou como nas madrugadas sombrias banhadas em pesadelos e lágrimas incessantes. Lágrimas que há 15 anos nunca secaram.

Vermelho brasido. De uma individualidade que sempre rejeitou e se perguntava se podia queimar, pois sempre se sentia ardendo quando a usava, mesmo que sempre lhe fosse dito que aquilo era impossível.

Para Todoroki Shouto o vermelho era um leque de memórias amargas e ruins que o deixavam pra baixo sempre que lembrava, ou pelo menos sempre tinha sido, porque agora havia mais um... Um novo tipo de vermelho assomando em sua vida depois da chegada de Midoriya Izuku.

Vermelho apaixonante. Que fazia seu peito apertar e aquecer sempre que estava perto do esverdeado, o confundindo com sentimentos que nunca tinha experienciado até sua luta no festival, que deveria ter sido apenas mais uma vitória insignificante, mas por algum motivo não tinha sido. Que trouxe um novo significado a cada um de seus vermelhos e estranhamente o reconfortou como nunca antes.

Por mais inofensivo que fosse, Shouto odiava esse também. Odiava a forma como seu coração acelarava apenas com um sorriso do sardento, odiava como sua face esquentava quando estava próximo dele, odiava o sentimento ruim que o assolava quando seus colegas conseguiam animá-lo mais do que nunca seria capaz. Odiava, odiava, odiava, odiava!

Shouto odeia vermelho com todas as forças e nada pode mudar isso.