Uma Fagulha de Poder

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LUNA TOGATA

Shigaraki me tocou. Seus cinco dedos tocavam meu pescoço, e o olhar - olhos escarlates vividos e sanguinários - mostrava espanto, mas acima de tudo, satisfação. Mesmo com os cinco dedos sob a minha pele, eu ainda estou aqui, inteira... viva. Por que seu toque não me afetou? Como é possível? Por que isso está acontecendo?

Os batimentos cessaram, minha respiração foi cortada sem meu consentimento e meu corpo, tão tenso, recusava-se a mover ou a revidar. Os sons, tão longínquos, abafados pelo meu medo e pelo sorriso, tão mortal e inexplicável de Tomura. Então, em um sibilo, ouvi: É você!

De repente, um grito - que muito provavelmente era de Bakugou - me tirou do transe. Depois, algo cortou o ar, uma longa faixa cor cinza prendeu o pulso da mão da que me tocava e puxou Tomura. Me afastei, tropeçando nos meus próprios pés e caí de bunda no chão. Olhando para o alto, meus olhos viram o professor Aizawa cair pelo buraco no teto, seguido por minha mãe, Tokoyami e Tamaki.

Dark Shadow atacava alguém que me parecia ser Chisuke e Tamaki lutava contra o resto da liga que acabara de se levantar, enquanto minha mãe vinha até mim. Ela se ajoelhou e começou a falar. A sua boca se mexia sem reproduzir nenhum tipo de som. Eu estava em choque.

-- Luna!- minha mãe gritou com uma expressão que nunca vi no seu rosto: medo.

Os olhos de minha mãe, tão azuis quanto os meus, estavam cheios d'água e uma tímida lágrima caiu por seu rosto. E ela me abraçou. Um abraço forte, reconfortante e principalmente, amoroso - como jamais a senti me abraçar -, e eu retribui. O rosto de minha mãe suavizou em alívio e o tremor nas mãos cessou.

-- Você está bem, Luna?- a voz de minha mãe estava - nitidamente, mas que ela tentava esconder de mim - embargada. -- Shigaraki te tocou?

Ela não viu que eu quase morri nas mãos de Tomura? Olhei ao redor, mas ninguém olhava para cá, com medo ou desesperado. Ninguém - além de mim e Shigaraki - viu o que tinha acabado de acontecer.

-- Não.- menti. Enquanto não entender o que aconteceu há alguns minutos atrás, ninguém pode saber sobre o que houve aqui.

O rosto de minha mãe se aliviou. Nós levantamos do chão e minha mãe me passou as informações atuais, porém minha mente estava longe. Perguntas sem respostas rodeavam minha mente. Porém, eu só tenho uma certeza: Eu sou imune ao toque de Tomura Shigaraki.

De repente, o som de uma risada fina e arrepiante corta o ar. Olho para onde vem o barulho e vejo Midoriya se aproximando de um corpo estirado no chão: Bakugou. Ele ergueu a mão direita, mas o esverdeado pisa sobre o peito do loiro.

-- Mãe, vou cuidar de Midoriya, mas preciso de cobertura. Pode fazer isso por mim?- perguntei. Minha mãe assentiu e partimos para a ação.

Erguendo as mãos, controlo uma corrente de ventos, e a lanço sob Midoriya. O esverdeado é jogado contra uma parede, para fora do meu campo de visão. Criando um distanciamento entre nós, corri até Bakugou.

Katsuki estava seriamente ferido. Vários hematomas cobriam seus braços, vários cortes e arranhões marcavam seu rosto e tinha uma costela quebrada. Ele lutava para manter os olhos abertos e os seus lábios tremiam, tentando dizer algo. Lentamente, coloquei a sua cabeça no meu colo e comecei a curá-lo, enquanto emitia um som para acalmá-lo e afagava uma das mãos sob a cabeleira loira, para relaxar a enorme tensão que se acumulava no corpo.

Antes render-se ao exaustão, sua boca se mexe e sussurra: perdão, Deku...

Carreguei o corpo de Bakugou e procurei por um local que fosse seguro, mas em uma guerra não existe lugar seguro. De repente, descendo pela abertura no teto, Uraraka e Tsuyu resurgiram. As meninas nocautearam as cópias que Twice havia criado e depois vieram ao meu encontro.

𝐇𝐄𝐑𝐎𝐄𝐒 𝐒𝐓𝐈𝐋𝐋 𝐂𝐑𝐘 • 𝐁𝐍𝐇𝐀Onde histórias criam vida. Descubra agora