𝓽𝔀𝓸

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pégaso está visível esta noite. acho que isso me faz cantar sobre as estrelas em algum momento que não percebi, embora não pare quando tomo consciência.

abatido, estendo os pés e os balanço beirando a janela, de modo paralelo e sonho acordado em pesadelo pela vinda do ladrão. há um bom tempo, decerto, mas minhas mãos trêmulas e coração covarde não ousam renunciar minha posição de bom menino docil para seu confronto.

minha tia está começando se queixar das rosas e das lavandas e nego firme com a cabeça. entretando, passado um bocado, titia ainda me reprime e diz para não mentir como minha mãe o fazia antes de morrer.

então eu canto e pégaso parece enorme.

parece mamãe.

meus pés descalços, ligeiramente, recebem o refresco da noite quando o mesmo rapaz pula o portão de ferro e se agacha às flores.

calo-me.

as mãos hábeis podam os caules com precisão e pressa e penso se ele está acostumado a roubar flores alheias por onde passa e meu estômago revira. não é justo. não é certo.

assim que o barulho de ferrugem me detêm dos pensamentos altos, escorrego pela trepadeira e sou anunciado pela dama da noite.

pégaso some do céu assim que viro à esquina que o ladrão dobrou.

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