Chego em casa após a aula e vou correndo pro meu quarto.
— Filho tá tudo bem? – Perguntou minha mãe ao ver meus passos largos pulando 3 degraus por vez
— Está sim mãe não precisa se preocupar.Ao entrar no meu quarto tranco a porta e me jogo na cama, minha cabeça estava uma loucura e eu queria sentar e conversar com alguém, mas não podia confiar o que tinha acontecido a ninguém.
Foi quando olhei pra estante e vi um caderno artesanal que ganhei da minha mãe no meu aniversário, então pensei em escrever o que tinha acontecido, levantei, tirei ele da estante e fui pra minha mesa onde comecei a escrever.— Por onde eu começo? – Me questionei.
Não vou por querido diário, acho isso muito clichê e tão estranho. Já sei!
O dia é 11 de Março de 2019
Parecia uma segunda feira de aula normal, atividades curriculares, intervalo, conversas paralelas, roda de amigos, acho que foi na roda de amigos que algo mudou. Estávamos na arquibancada da quadra de esporte no meio do intervalo, era algo comum sentarmos e jogar conversa fora, falar de planos, dia a dia ou alguma besteira e coisas de adolescentes. Foi quando Matheus brincou com Lilian mechendo em seu cabelo e a mesma não gostava e como reação o empurrou, logo Matheus se desequilibrou caindo por cima de mim e em sua queda, seus lábios encostaram nos meus e nossos olhos se fixaram e meio que por 2 segundos o tempo ali parou, até que os meninos começaram a zuar nós dois e então nos levantamos tão rápido e desajeitados que parecia cena de comédia, as risadas junto com as piadas pelo selinho que Matheus deu em mim involuntariamente, fizeram Matheus meio que se irritar e limpar a boca em sua blusa, eu meio que envergonhado fiquei calado sentindo algo estranho pelo meu corpo, tentando entender o que estava acontecendo não tive nenhuma reação, foi quando o sinal tocou e retornamos para a sala de aula.
Em sala eu não prestava atenção no que o professor dizia, a cena do Matheus sobre mim se repetia em minha cabeça me deixando aéreo, eu mordia meus lábios levemente sentindo os dele, enquanto minha mente repetia toda a cena várias e várias vezes. Matheus estava na fileira ao lado, duas cadeiras atrás de mim e sempre que eu olhava pra trás ele estava me olhando, automaticamente eu ficava vermelho. Eu estava sentindo algo que não era tão surpresa pra mim, mas era diferente e era pelo meu primo. Sim Matheus é meu primo filho da irmã mais velha da minha mãe a Tia Carla.
No final da aula que durou séculos para acabar eu peguei minhas coisas e sai às pressas, quando eu já estava a três quadras da minha casa ouvi Matheus gritar meu nome, olhei para trás e ele estava vindo correndo em minha direção, perguntei se tinha acontecido algumas coisa e ele retrucou me perguntou se algo tinha acontecido pois eu não tinha esperado ele. Sempre voltamos juntos porque ele mora cinco casas depois da minha, eu meio que gaguejei e disse que não tinha acontecido nada só tinha esquecido. Então andamos as próximas três quadras meio que sem falar nada e eu nem olhei pra ele com medo de estar olhando para mim e novamente eu ficar vermelho. Chegando na minha casa Matheus passou a mão na minha cabeça bagunçado meu cabelo e disse até mais, eu meio que sorri e respondi até. Então estou aqui pensando no beijo que não foi lá um beijo, mas que meus lábios não param de sentir os dele. Seria mais fácil se ele não fosse meu primo, se minha tia não fosse preconceituosa, se ela e minha mãe não fosse tão próximas, se Matheus não fosse hetero e se eu fosse assumido. Me apaixonar pelo meu primo nessas condições é o mesmo que jogar uma bomba no meio da família. Eu preciso esquecer que isso aconteceu e seguir minha vida, pior que a noite minha Tia e Matheus vão vim jantar aqui em casa e eu tô pensando como reagir quando eu ver ele.
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O Diário
RomanceTodo sentimento que é escrito em um diário, caderno ou papel é um segredo que não temos coragem de revelar a ninguém a não ser pra nós mesmos.