... em um semáforo qualquer...

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©Essa história foi escrita por Kaline Bogard sem fins lucrativos, feito de fã para fãs. Cópia parcial ou total, assim como o uso do enredo, está terminantemente proibido. Plágio é crime.

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O despertador do celular rompeu o silêncio quase sacro do quarto imerso em penumbra. Pego de surpresa, como em todas as manhãs, Itaya Shogo resmungou, esticou o braço e desativou o som instrumental, virando-se para o canto e voltando a cochilar.

Estava preso naquela semi-inconsciencia de quem não estava acordado, embora não totalmente adormecido, quando a porta do quarto se abriu e uma voz mal-humorada se fez ouvir:

— Ei, seu inútil, levanta! Vai se atrasar.

— Não enche o saco — devolveu puxando o lençol e cobrindo a cabeça.

— Treino de basquete...

As três palavrinhas tiveram um efeito mais efetivo do que qualquer despertador do mundo. No mesmo instante Shogo sentou-se na cama, acordando por completo com um ótimo humor. Espreguiçou-se todo, sem sequer lançar um olhar ao garoto parado a porta, observando-o com repreensão na face séria. Kazuya tinha doze anos e era irmão caçula de Shogo.

Depois dessa breve e silenciosa censura, Kazuya saiu do quarto e deixou o outro sozinho para que se ajeitasse.

Cantarolando, Shogo afastou o lençol e se levantou. Fez uns dois exercícios rapidamente, para ativar a adrenalina no sangue e afastar qualquer resquício de sono. Então trocou o pijama com estampas da Jigglypuff pelo uniforme da escola e foi para o banheiro terminar de se ajeitar.

Todas as manhãs precisava chegar mais cedo para treinar com o time de basquete. Os jogos intercolegiais estavam chegando e a responsabilidade dos titulares era grande. Se reuniam antes das aulas começarem e depois do período escolar, praticando para melhorar as jogadas.

Finalmente desceu as escadas e parou alguns segundos na frente do altar da estante que exibia a foto da mãe. A bela mulher falecera pouco depois de Kazuya nascer, mal se lembrava dela, pois na época Shogo tinha apenas quatro anos. Porém alimentava o amor pela genitora e nutria grande carinho por aquela mulher de olhos cálidos e sorriso generoso.

Orou brevemente, pedindo um dia agradável e foi para a cozinha, guiado pelo cheiro apetitoso.

— Bom dia, pirralho! — cumprimentou o irmão caçula.

— Bom dia — Kazuya respondeu terminando de fechar a última marmita. Havia três delas: uma para o próprio Kazuya, uma para Shogo (que era um desastre na cozinha) e a terceira para uma coleguinha de classe que morava com os tios e passava apertado porque eles a maltratavam.

Ao contrário do primogênito, Kazuya se virava bem cozinhando e com tarefas domésticas, era praticamente o responsável por cuidar da casa já que o pai dos garotos viajava muito a trabalho e ambos viviam mais sozinhos do que com a presença do adulto.

— Itadakimasu! — Shogo agradeceu e pegou a tchawan cheia de arroz, pondo-se a comer junto com o omelete e fatias de salmão grelhado.

— Itadakimasu — Kazuya respondeu.

Comeram em um silêncio confortável. Apesar da diferença de personalidades se davam bem, mesmo Kazuya tendo a língua afiada e Shogo sendo meio bobão.

Ao sair para a escola ambos caminharam juntos por uma pequena parte do caminho, já que estudavam em lugares diferentes. A certo ponto se despediram, e foi o momento em que Shogo ficava junto a outra pessoa de personalidade ainda mais diferente da sua...

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Ueki Ryou despertou dois segundos antes de o celular soar o alarme. Aguardou atento a musiquinha tocar pelo quarto e desabilitou a função.

De basquete e beijos roubadosOnde histórias criam vida. Descubra agora