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            Valerie estava descendo as escadas do bloco B de sua faculdade e indo em direção ao restaurante da mesma, quando tudo aconteceu, as pessoas estavam enlouquecendo, ferindo a si mesmas... Algo muito grave estava acontecendo, Valerie não estava entendendo mais nada, tudo estava um completo caos. Estava um tumulto daqueles, corpos se esmagando para conseguirem passar pela porta para ir em direção ao lado de fora da faculdade, tudo isso enquanto várias pessoas tiravam suas próprias vidas... O que estava acontecendo? Valerie não sabia, mas com certeza coisa boa não era, o mundo enlouqueceu... Valerie queria apenas voltar ao que tudo era antes... Valerie era apenas uma universitária, cursando o último período de direito e em breve faria uma pós graduação em criminologia.

           Ela achou que tudo aquilo se acalmaria, mas aconteceu justamente o contrário. Gritos e muito, mas muito sangue, centenas de corpos estavam esparramados pelo chão do campus da universidade, isso sem falar das dezenas de corpos dentro do bloco em que ela estava. Ela só queria sair viva dali, o medo foi a consumindo, Valerie notou que seria praticamente impossível sair dali viva, todos que saíam, de alguma maneira, acabavam morrendo e da pior maneira que se poderia imaginar. Tudo estava a assustando e naquele momento ela nem sabia o que faria, só queria sair viva disso.

          Valerie então resolveu correr para cima de novo e foi se esconder no banheiro e tentar pensar em algo. Pois sabia que se fosse para fora, provavelmente acabaria morta, como todos os outros. Ela amava séries e até livros que se passavam num universo totalmente distópico, apocalíptico, mas aquilo não era como nos livros que ela lia ou séries que ela assistia, não tinham zumbis lentos, putrefatos , cheios de fome de carne humana, invés disso, os monstros eram invisíveis, as pessoas olhavam pro nada e de repente estavam mortas, estava tudo tão confuso, normalmente coisas como essas aconteciam de forma lenta e gradual, mas aquilo aconteceu de forma rápida e concentrada, corpos estavam espalhados aos montes no campus da faculdade e com certeza, fora dele, tudo estava do mesmo jeito ou até pior.

       Ela ficou trancada no banheiro por um bom tempo, tentando pensar em alguma possível solução mas isso era algo praticamente impossível, tudo estava um caos, ruindo, o universo estava cada vez pior. Ela precisava pensar em algo e logo, ou se não acabaria como todas aquelas pessoas que estavam lá fora, esparramadas no chão. Não havia mais nenhum sobrevivente, aparentemente, estavam todos mortos. Tudo aconteceu tão rápido... Ela não sabia mais o que fazer, provavelmente ficaria trancada naquele banheiro até alguém resgatá-la, se é que alguém viria. Tudo isso parecia ter saído de algum filme de suspense, mas aquilo estava acontecendo mesmo, o caos estava realmente acontecendo, tudo estava tão confuso. Até que Valerie se tocou do padrão, as pessoas só morriam se olhavam diretamente, para a coisa, seja lá o que ela seja, já que aparentemente ela era invisível.

       Então ela viu o lenço que estava em seu pescoço e decidiu usá-lo para tampar seus olhos e assim, não olharia diretamente para a coisa, mas sim, através da venda. Não era uma má ideia, porém ela não sabia se poderia funcionar, mas ou era testar e ter a possibilidade de dar certo e sair dali ou morrer esperando a ajuda chegar. Ela precisava tentar, o medo a consumia, mas de qualquer jeito ela precisava tentar. Ela nunca foi de fugir, sempre enfrentou tudo, sem medo algum e não seria agora que isso mudaria. 

O prédio todo estava num silêncio assustador, tudo estava tão calmo, calmo até demais, porém Valerie já poderia imaginar o que lhe aguardava, o cheiro da morte já emanava por todo o local e talvez, por todo o planeta. O lugar que costumava ser repleto de vida, de alegria, de risadas e mais risada agora estava totalmente morto, mórbido e tudo isso a assustava, o medo consumia o local e Valerie precisava se decidir logo. O tempo ia se passando e ela ainda estava decidindo se sairia do prédio ou não, se tentaria sobreviver ou não. Valerie estava no 3º andar do prédio e demoraria um pouco até chegar ao 1º andar, ainda mais vendada, ela precisava calcular o passo a passo. Qualquer erro poderia custar a sua vida.

Valerie então decidiu que sairia mesmo do prédio, sua casa ficava a algumas quadras da faculdade, no era um caminho longo, porém agora estava vendada, o que dificultaria um pouco tudo. Mas ou ela tentava chegar lá ou morria ali, trancada num dos banheiros do prédio. Ela abriu a porta do banheiro, já vendada, e começou a tentar se guiar pelas paredes e portas do prédio, demoraria um pouco mas ela chegaria lá, o passo a passo estava totalmente organizado na mente dela. Ela só precisaria seguir tudo direitinho, sair do prédio, virar a direita várias vezes até chegar em sua casa. Ela morava sozinha a alguns anos, estava com a chave de sua casa dentro da sua mochila que estava em suas costas. Ela só precisava fazer como planejado.

O medo dominava tudo, seu coração estava acelerado, o nervosismo tomava conta. Valerie estava descendo as escadas do prédio, degrau por degrau até que ela chegou no 1º andar, depois de vários minutos, tudo estava quieto, o cheiro de morte tomava conta do local, ela sentia seus tênis tocando em corpos caídos no chão. Estava tudo irreconhecível, o silêncio dominava tudo, juntamente com o cheiro putrefato de tudo. Valerie ficou pelo menos um dia e meio trancada no banheiro e agora estava de volta ao mundo exterior, tudo estava diferente. O mundo não era mais como antes, estava tudo tão quieto, um silêncio que chegava a ser ensurdecedor. Valerie sentia falta de contato com outras pessoas. Tudo o que ela queria era encontrar algum outro sobrevivente, se é que havia algum outro naquele monte de corpos esparramados pelo chão. Ela rezava para que um dia tudo isso acabasse mas era algo que naquele momento parecia impossível, ela não imaginava que o fim do mundo seria assim, ela pensava que seria de diferentes formas mas essa era a mais improvável. Valerie se sentia sozinha, vulnerável...

Finalmente ela encontrou a porta de vidro da entrada do prédio, mas assim que ela foi empurrar a porta para abrir, ela ouviu uma voz

 — Hey, você vai ir lá pra fora mesmo? Posso ir com você? Me chamo McKenna, moro a algumas quadras daqui. 

 —Então vamos, também moro a algumas quadras daqui e deve ter algum supermercado aberto para pegarmos mantimentos. —Disse Valerie.

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⏰ Última atualização: Jan 31, 2020 ⏰

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